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Estado de Minas MACACOS

Moradores retirados de casas por risco em barragem são convocados a deixar hotel; MP barra saída

Moradores de Macacos que foram levados para hotéis da capital receberam ordem para voltarem para casa e outros para mudarem de estabelecimento. A evacuação ocorreu no último dia 16 à noite


postado em 01/03/2019 18:26 / atualizado em 01/03/2019 18:36

Veja no mapa a região da barragem e comunidades próximas (foto: Arte/Soraia Piva)
Veja no mapa a região da barragem e comunidades próximas (foto: Arte/Soraia Piva)
Moradores de Macacos, em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, que foram levados para hotéis da capital depois da evacuação preventiva no distrito receberam ordem, nesta sexta-feira, para voltarem para casa e outros para mudarem de estabelecimento. A convocação foi feita de última hora e gerou transtorno e desconfiança a muitas famílias temerosos do retorno, uma vez que a área continua com risco de alerta 2. Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) foi acionado e impediu a retirada das pessoas.

A evacuação ocorreu no último dia 16 à noite. Anteontem, as coordenadorias de Defesa Civil de Minas Gerais e da cidade de Nova Lima autorizaram as pessoas que moram fora das Zonas de Autossalvamento (ZAS) a retornar para suas casas. A medida deveria abranger nove famílias e 24 pessoas que moram no Condomínio Solar da Lagoa, em Nova Lima. O local é considerado pelas coordenadorias como área fora de risco.

A decisão tomada pela Vale inclui pessoas dessa zona e também gente que está com imóveis interditados. Já quem mora em áreas interditadas foram transferidas de hotéis na Região Centro-Sul para um estabelecimento na Pampulha. Os atingidos de Macacos denunciam terem sido avisados sobre o check-out nesta sexta, pouco tempo antes do horário máximo de saída do hotel, às 12h. Houve hotéis onde os abrigados foram surpreendidos com saída ainda na noite de quinta-feira.

Ao todo, 71 pessoas foram evacuadas, sendo que 43 ficaram abrigadas em hotéis e 28 em casas de parentes. De acordo com o órgão, a área onde estão as residências das pessoas autorizadas não seria afetada pelos rejeitos em caso de rompimento de qualquer uma das duas barragens. O laudo é de responsabilidade da Vale, proprietária das duas barragens.

Questionada pelo Estado de Minas sobre o motivo pela evacuação dessas pessoas, a Defesa Civil informou na quarta-feira que, no momento em que as sirenes de emergência das barragens tocam, não há como saber quais áreas seriam afetadas pela lama liberada. Após um estudo mais detalhado, segundo o órgão, verificou-se quais regiões seriam consideradas de autossalvamento – área que seria destruída em caso de rompimento.

Num hotel na Rua Antônio de Albuquerque, na Savassi, os moradores de Macacos acordaram sem luz e sem internet. Na cozinha, foram informados de que não poderiam mais receber as refeições. Houve quartos em que o frigobar foi esvaziado. O músico Leonardo Luiz Avelar, de 37 anos, está com a mulher, a dona de casa Camila Marques Trindade de Oliveira, de 31, e os filhos Isaac, de 10, e Natan, de 7. Nem água eles tiveram para passar o dia. Leonardo questiona a decisão. A casa dele foi vistoriada, no último dia 21, pela Defesa Civil e pela Vale, e recebeu uma placa de interdição. O acesso ao imóvel também está bloqueado. A única possibilidade é uma via com pare e siga que funciona até as 20h.

A carta com autorização de retorno foi entregue às 11h30, para o check-out às 12h. Ele chamou a Polícia Militar nesta sexta para registrar boletim de ocorrência e se recusou a deixar o hotel. Ele também ligou para o Ministério Público para fazer denúncia. “Como posso voltar? O rio passa a 100 metros de minha casa e da varanda eu vejo a barragem. A linha da zona de perigo passa no meu terreno. No dia que meu imóvel foi interditado, o representante da Defesa Civil me disse que, se fosse ele, não voltaria mais”, contou.

A Vale ainda não informou sobre os motivos da transferência, sobre quantos moradores do distrito foram para outros hotéis e quantos voltaram para suas casas. Por meio de sua assessoria, o MPMG informou, sem dar mais detalhes, que em reunião com a empresa ficou definido que as pessoas ficarão onde estão.


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