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Estado de Minas

Lama acaba com reduto de canoagem no Rio Paraopeba, em Brumadinho

Praticantes do esporte se aventuravam em trecho próximo ao Córrego do Feijão que oferecia corredeiras com pedras e curvas. Rompimento da barragem da Vale alterou condições de navegação


postado em 06/02/2019 15:53 / atualizado em 06/02/2019 16:25

Ver galeria . 7 Fotos Caiaques e aventura 200 metros abaixo de onde o Córrego do Feijão deságua no Rio ParaopebaRodrigo Rezende de Angelis/Arquivo Pessoal
Caiaques e aventura 200 metros abaixo de onde o Córrego do Feijão deságua no Rio Paraopeba (foto: Rodrigo Rezende de Angelis/Arquivo Pessoal )

Tomado pela lama de minério de ferro, restos de construção e de natureza morta, o trecho o Rio Paraopeba que recebe as águas do Córrego do Feijão era reduto de praticantes da canoagem. A combinação das pedras com curvas sinuosas ofereciam condições favoráveis para iniciantes, que se aventuravam com caiaques nas corredeiras sepultadas pelos rejeitos da barragem da Vale em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte.

Quem frequentou o local e se divertiu naquelas águas se revolta com o impacto provocado pela mineradora. “Lá era o final do trecho de cerca de dois quilômetros de boas corredeiras para a canoagem, onde nos divertíamos pra caramba. Agora, é o início do trecho morto do rio, o Rio da Tristeza”, diz o caiaqueiro Rodrigo Rezende de Angelis, de 40, profissional de comunicação em meio ambiente.

Ele aprendeu a navegar no Paraopeba, nos anos 2000, e a paixão pela canoagem acabou direcionando sua carreira para a causa ambiental, o que aumenta sua indignação ao ver o curso d'água contaminado pelo rejeito. “A gente sabe que o rio acabou. O minério pavimentou o curso do rio. Aquelas pedras, por onde a gente da canoagem passava e também onde os peixes reproduziam, não existem mais”, lamenta.

Praticantes da canoagem procuravam trechos próximos à foz do Córrego do Feijão até a altura da estrada Alberto Flores, que continua interditada para a retirada da lama, dividindo o município de Brumadinho.

Agora avermelhadas, as águas amarronzadas do Paraopeba exigiam cuidado, mas ofereciam condições para a prática de esportes aquáticos. “A gente sempre tomava um vermífugo para se precaver. O Paraopeba era viável, agora, deixou de ser completamente”, afirma.

Em sua última navegação pelo Paraopeba, o ambientalista Rafael Bernardes, de 59, adepto da canoagem, fez um mutirão para recolher lixo e plantar árvores.

“Toda vida teve minério no Paraopeba e o rio sempre foi muito maltratado. Jogavam gado morto na nascente. Agora, infelizmente, é que não vai prestar mesmo. E acabou com a captação de água no Paraopeba. É um absurdo mesmo”, diz Bernardes.

 

Qualidade da água

O monitoramento da Qualidade das Águas Superficiais de Minas Gerais, do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), do terceiro trimestre de 2018, apontou que foi encontrado no Rio Paraopeba o Índice de Qualidade da Água (IQA) “muito ruim”. “Essa condição é favorecida principalmente pelo lançamento de grandes quantidades de esgotos domésticos e efluentes industriais lançados nos corpos de água”, explica o relatório.


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