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Estado de Minas

Chuvas contínuas exigem alerta 24 horas em áreas de risco de BH

Precipitações acima da média em novembro e entrada de dezembro com o mesmo perfil preocupam população que vive em pontos com possibilidade de inundação e deslizamentos


postado em 04/12/2018 06:00 / atualizado em 04/12/2018 08:01

Córrego Ferrugem, na Vila São Paulo, comunidade entre BH e Contagem, é um dos locais que deixam a população em alerta por causa do risco de inundação(foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A PRESS)
Córrego Ferrugem, na Vila São Paulo, comunidade entre BH e Contagem, é um dos locais que deixam a população em alerta por causa do risco de inundação (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A PRESS)

A chuva que superou a média histórica esperada para novembro em Belo Horizonte entrou em dezembro, período em que historicamente mais chove na cidade, da mesma forma que terminou o mês anterior na capital mineira. Contínuas e com momentos de maior intensidade, as precipitações não deram trégua nos três primeiros dias do último mês do ano e fizeram a Defesa Civil emitir, pela manhã, um alerta, que vale até as 8h de hoje, para um volume que pode chegar a 50 milímetros.

À tarde, o órgão também chamou a atenção para o risco de deslizamentos, quedas de muro, escorregamentos e erosões nos próximos dias. A situação obriga moradores, especialmente os que habitam 1.165 edificações erguidas em pontos de alto risco em vilas e favelas da cidade, a permanecerem vigilantes o tempo todo, principalmente pelo risco geológico que a chuva constante traz. Na Vila São Paulo, comunidade que fica nos limites entre BH e Contagem, na região metropolitana, às margens do Córrego Ferrugem e do Ribeirão Arrudas, há risco tanto de inundações quanto de deslizamentos de terra. Um vazamento recente no local potencializa o problema e por isso a preocupação da população é ainda maior.


Dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) apontam que a chuva de novembro superou os 239,8 milímetros esperados para o mês em BH, com base na média entre 1981 e 2010, chegando a 254,7 milímetros. Esse resultado coloca novembro de 2018 em quarto lugar nesta década em relação à quantidade de chuva, perdendo para o mesmo período em 2011, 2012 e 2016 (veja quadro). A meteorologista Anete Fernandes, do Inmet, explica que o mês foi marcado por um canal de umidade mais constante vindo da Amazônia, associado a sistemas frontais vindos do oceano. “Essa situação gerou mais de uma vez a ocorrência de dias seguidos de chuva”, diz a meteorologista. A expectativa para hoje é de céu nublado na capital mineira, porém sem a ocorrência de chuvas constantes e mais pancadas isoladas, evoluindo para tempo aberto amanhã. “O deslocamento do canal de umidade da Amazônia para a Região Centro-Sul da Bahia vai influenciar mais a faixa Norte de Minas Gerais em relação às chuvas”, acrescenta a meteorologista. Porém, o próximo fim de semana deve ser marcado por novas chuvas, graças a uma nova configuração da atmosfera.


Esse perfil observado em novembro se manteve nos três primeiros dias dezembro, com tempo fechado e chuva contínua, alternando com momentos de precipitação mais intensa. Os dados do Inmet mostram que a média de chuva é de 358,9 milímetros para o último mês do ano, mês da estação das águas em que mais chove. Situação que redobra o alerta da Prefeitura de BH principalmente por conta das 1.165 edificações construídas em áreas de alto risco geológico na cidade. Segundo a diretora de Áreas de Risco da Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte (Urbel), Isabel Volponi, enquanto o foco do órgão durante a seca é mais voltado para as obras de prevenção nesses pontos de maior risco, durante as chuvas o trabalho se concentra em vistorias na cidade.


“As chuvas contínuas afetam o nível de saturação do solo e ele perde a estabilidade natural. Nesse período, intensificamos a sensibilização das pessoas, para que fiquem atentas a rachaduras, inclinação da vegetação, entre outros sinais. Fazemos vistorias, mas não temos condição de monitorar todas as áreas, por isso apostamos em um monitoramento compartilhado. O morador recebe a instrução e tem que observar se tem algum sinal, para solicitar nova vistoria, se for o caso”, diz a diretora.

PREOCUPAÇÃO Com chuvas constantes, cresce a preocupação de moradores que vivem em áreas de risco, seja para alagamentos ou deslizamentos de terra. No caso da Vila São Paulo, comunidade que fica nos limites de Contagem e BH às margens do Córrego Ferrugem e do Ribeirão Arrudas, na beira da Avenida Tereza Cristina, há ambos os riscos, o que tira o sono da população local. “Na época das águas a gente não dorme quando chove. Não dá para descuidar. O alerta é o tempo todo, a noite inteira e o dia inteiro”, diz a dona de casa Márcia Gonçalves Gomes da Costa, de 50 anos, que é uma das integrantes do Núcleo de Alerta de Chuva (NAC) criado pela Subsecretaria de Proteção e Defesa Civil de BH.


Recentemente, a preocupação dos moradores é ainda maior por conta de um vazamento que não se resolve, no cruzamento das avenidas Tereza Cristina com a Presidente Castelo Branco, no acesso ao Bairro das Indústrias, na Região do Barreiro. “A água chega a subir um metro e meio de altura, é uma situação que potencializa demais os riscos de inundação com a chuva. A Copasa já veio umas cinco vezes, mas não houve solução até hoje”, diz ela. Ontem, mesmo com o nível do Arrudas longe de alcançar o limite da calha, o vazamento provocava um pequeno alagamento, com carros jogando água enquanto passavam na via.


Sobre o problema, a Copasa afirma que está prevista uma obra para ser executada hoje, mas para se ter uma solução definitiva, precisaria que não chovesse nos próximos dias, o que está fora das previsões meteorológicas. “A Copasa informa que a recolocação do tampão do poço de visita na Avenida Tereza Cristina com Avenida Presidente Castelo Branco, no Bairro Vila São Paulo, em Contagem, está programada para ser executada nesta terça-feira (hoje). É importante destacar que, para que o problema seja solucionado de forma definitiva, são necessários alguns dias sem chuva”, informou por meio de nota.

Vazamento contribuiu para alagar a Tereza Cristina mesmo em um momento que a chuva tinha dado uma rápida trégua(foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A PRESS)
Vazamento contribuiu para alagar a Tereza Cristina mesmo em um momento que a chuva tinha dado uma rápida trégua (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A PRESS)

Interior de Minas também sofre

 

Belo Horizonte não é a única cidade mineira com ocorrências em virtude da chuva. Cidades do interior do estado também tiveram problemas com deslizamentos, alagamentos e desabamentos. No Triângulo Mineiro, casas foram interditadas por causa de quedas de muros. O mesmo ocorreu em Santa Luzia, na Grande BH, depois que um barranco cedeu. Na BR-267 em Campestre, no Sul do estado, a rodovia foi parcialmente fechada depois de um escorregamento de terra. Ninguém ficou ferido.


Em Uberlândia, muros de casas desabaram próximo a uma obra do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). No local, houve um deslizamento de terra, o que provocou os danos nas residências. Ninguém ficou ferido. De acordo com o órgão, equipes deslocaram ao local junto com a Defesa Civil do município para verificar a situação e “definir a melhor solução para o problema”. A reportagem entrou em contato com a Prefeitura de Uberlândia para saber mais detalhes sobre o caso, mas até o fechamento desta edição não houve retorno. No fim de semana, a chuva provocou diversos pontos de alagamentos.


Situação semelhante foi registrada em Uberaba, cidade vizinha. Devido a chuva, uma residência localizada na Rua das Macieiras desabou. A Defesa Civil da cidade foi até o local para avaliar a situação do imóvel, que acabou interditado. Nenhum morador ficou ferido. No domingo, os militares fizeram o salvamento de um cachorro que caiu em uma vala, que se abriu devido ao afundamento de um poste às margens da Rua Milton Stefani.

Casa que desabou em Uberaba foi interditada(foto: Corpo de Bombeiros/Divulgação)
Casa que desabou em Uberaba foi interditada (foto: Corpo de Bombeiros/Divulgação)


No Sul de Minas, a queda de barreira interditou parcialmente a BR-267, no Km 472.  Um deslizamento despejou lama e pedras na pista em direção a Machado. Nenhum veículo foi atingido. Motoristas que passavam pelo trecho acionaram a polícia por volta da 1h30 para informar sobre o incidente. Equipes da Polícia Militar Rodoviária (PMRv) de Poços de Caldas e do Departamento de Edificações e Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DEER-MG) foram empenhadas para resolver a situação.

GRANDE BH Um barranco cedeu no fim da madrugada de ontem em Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. De acordo com o Corpo de Bombeiros, o fato aconteceu às 5h39 e ficou constatado que houve um deslizamento de terra na Rua Três, Bairro Castanheiras. Os bombeiros informaram que ninguém ficou ferido, já que os moradores haviam deixado a residência.

 


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