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Estado de Minas

Detentos se casam dentro da prisão em Montes Claros

A cerimônia foi celebrada pelo pastor evangélico Arley Junior em uma tenda montada no interior do presídio


postado em 23/11/2018 19:15 / atualizado em 24/11/2018 11:56

Ver galeria . 11 Fotos Luiz Ribeiro
(foto: Luiz Ribeiro )

 
O Presídio Regional de Montes Claros, no Norte de Minas, teve um momento de emoção na tarde desta sexta-feira, em um clima incomum no ambiente prisional. Cinco detentos casaram no religioso dentro da prisão. O matrimônio teve todo ritual da celebração na igreja com a entrada das noivas vestidas de branco, com véu e grinalda, com direito a música. 

Acompanhada pelos familiares dos detentos e das suas companheiras, a cerimônia  foi celebrada pelo pastor evangélico Arley Junior Latetá Batista em uma tenda montada no interior do presídio. O casamento foi organizado pela Secretaria de Estado de Administração Prisional (Seap) com o apoio da pastoral Carcerária e Conselho da Comunidade na Execução Penal da Comarca de Montes Claros.

De acordo com Mônica Esteves Pereira e Moreira, diretora de Atendimento e Ressocialização do Presídio Regional de Montes Claros, os cinco detentos participantes da celebração passaram por um processo de seleção, que levou em conta o  bom comportamento e a própria vontade deles em se casarem no religioso. Todos os cinco – que cumprem pena por homicídio, assalto à mão armada, latrocínio e tráfico de drogas –  já são casados no civil.

Foi tudo “como manda o figurino”, disse o pastor Arley  Júnior, que celebrou os cinco casamentos individualmente, com os noivos fazendo o juramento de amor, respeito e fidelidade. Não faltaram as damas de honra e a troca de aliança. Os casais tiveram direito também ao tradicional bolo e a sessão de fotos. Ao final da celebração, foi servido um lanche. 
Os cinco detentos passaram por um processo de seleção, que levou em conta o bom comportamento e a vontade de cada um em se casar(foto: Luiz Ribeiro)
Os cinco detentos passaram por um processo de seleção, que levou em conta o bom comportamento e a vontade de cada um em se casar (foto: Luiz Ribeiro)

O pastor lembrou que “não é fácil” para as mulheres visitarem seus companheiros na prisão.  “Esse casamento mostra que é possível ser feliz mesmo em um ambiente com privação de liberdade”, afirmou Dison Marques, presidente do Conselho da Comunidade na Execução Penal da Comarca de Montes Claros. “Que o cárcere seja um momento de reflexão para vocês. O cárcere não é só sofrimento”, disse Mônica Esteves.

Tiago Reis de Oliveira, de 32 anos, um dos noivos, disse que espera que a iniciativa contribua para mudar o pensamento das pessoas a respeito da população prisional. “Esse tipo de coisa é boa para que as pessoas não pensem apenas que os presos são a escória da sociedade. Estamos apenas pagando pelos nossos erros. Queremos que, quando a gente sair daqui, a sociedade nos abrace e nos dê uma oportunidade de emprego”, afirmou Tiago, acrescentando que tem profissão – pedreiro. 

Condenado a oito anos e 11 meses de prisão por assalto à mão armada, ele já cumpriu um ano e cinco meses de pena e disse que pretende se regenerar. Rosângela Soares Santos Oliveira, de 36, mulher de Tiago, disse o matrimônio na cadeia foi um fato marcante na vida dela. “Esse casamento mostrou que mesmo dentro da prisão é possível realizar um sonho”, afirmou. A mulher disse que já tem 15 anos de união estável com Tiago e são casados no civil há 11 anos. O casal tem quatro filhos e, há quatro meses, nasceu sua primeira neta. 

Outro noivo do “casamento entre muros” foi Edvaldo da Silva, de 33, que oficializou a união com Ana Claudia, de 25. “Vimos que, embora presos, não estamos sozinhos. Lá fora existem pessoas que se preocupam com a gente”, declarou Edvaldo, condenado a 39 anos de homicídio e duas tentativas de homicídio. Ele disse que vai se regenerar. 
 
“Com o casamento no religioso, a gente ganha mais amor”, disse Widson Fabiano Pereira Dantas, de 31, que está preso há um ano e um mês por assalto a banco e ainda não foi julgado. “Para mim, esse casamento aqui foi um fato histórico”, afirmou Alessandra, de 27, a companheira de Widson. O casal está junto há um ano e seis meses e o casamento no presídio contou com a presença do pequeno Pietro, de nove meses, fruto do relacionamento entre eles.
 
"Me senti emocionado. Foi uma coisa que a gente esperava que acontecesse aqui dentro" , declarou Anderson Dias Rodrigues , de 28, que também casou no cárcere. Ele disse que foi condenado a 37 anos de reclusão por homicídio qualificado com a previsão de 18 anos em regime fechado. Mas acha que vai reduzir para 12 anos de regime fechado devido à remissão de pena por trabalhar na prisão limpeza e Campina. Anderson casou no religioso com Silvia Alves, que não quis dar entrevista. "Fico com vergonha", alegou a noiva.
 
Outro protagonista do casamento coletivo foi Ilson Pereira Queiroz, de 27. "Achei muito bom", resumiu Ibson, condenado a 23 anos por latrocínio  e que está preso há seis anos.  "Pretendo dar uma virada minha vida", afirmou Ibson. Ele oficializou o "sim" no religioso para Elizandra Helena Silva, de 27, com quem já mantinha um relacionamento há 11 anos. 

Pelas normas do sistema prisional, as mulheres têm direito a fazer visitas sociais aos champanheiroa na prisão uma vez por semana. Após cadastramento, elas podem fazer "visita íntima" uma vez por mês.


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