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Estado de Minas

Grupo viaja 154 Km para doar sangue a conterrânea em Belo Horizonte

Vinte moradores de Ressaquinha vêm para Belo Horizonte para fazer doação para mulher internada no Hospital Felício Rocho após transplantes de rins e pâncreas


postado em 31/10/2018 06:00 / atualizado em 31/10/2018 08:22

Grupo, organizado na tarde de segunda-feira, contou com amigos de Flávia Aparecida Araújo e voluntários que não conheciam a paciente. Responsável pela articulação dos doadores foi a administradora Ana Carolina Ananias (esq)(foto: Paulo Filgueiras/EM/DA Press)
Grupo, organizado na tarde de segunda-feira, contou com amigos de Flávia Aparecida Araújo e voluntários que não conheciam a paciente. Responsável pela articulação dos doadores foi a administradora Ana Carolina Ananias (esq) (foto: Paulo Filgueiras/EM/DA Press)


Eles saíram cedo de casa para levar solidariedade, e à tarde mostravam com satisfação na pele do braço o “carimbo da vida”, cientes do dever cumprido e prontos para a próxima missão. Caravana formada por 20 pessoas de Ressaquinha, na Região Central de Minas Gerais, a 154 quilômetros de Belo Horizonte, passou ontem o dia na capital para doar sangue em nome da conterrânea Flávia Aparecida de Assis Araújo, de 38 anos, internada há 10 dias no Hospital Felício Rocho, no Bairro Barro Preto, Região Centro-Sul da capital. Casada com o analista de sistemas Carlos Henrique Coimbra Possa e residente em BH, Flávia fez um transplante de rins e pâncreas. “O de pâncreas não deu certo, houve complicações. Só num dia, ela precisou de sete bolsas de sangue”, informou o primo de Flávia, professor Amin Feres.

O grupo foi organizado na tarde de segunda-feira pela amiga de Flávia, a administradora Ana Carolina Ananias, natural de Ressaquinha e moradora de Barbacena, distante 19 quilômetros e na mesma região do estado. “Temos um grupo de doares de sangue pelo Whatsapp e sempre fazemos as mobilizações. Ontem (segunda-feira), ao saber que Flávia estava precisando com urgência, entrei em contato com algumas pessoas também de outro grupo – algumas nem conhecem a Flávia. Só sei que, em cinco horas, conseguimos juntar a turma”, contou. Além da rede social, a organizadora foi arregimentando mais gente pelo caminho, a exemplo de Eduardo Felipe Honório de Paiva, de 22. “Estava com um amigo, e, como ele não pôde vir a BH, aceitei o convite”, contou o jovem, que atualmente está desempregado.

Doador há mais de quatro décadas, o carioca filho de uma mãe mineira, José Maria de Castro Soares, de 65, fez questão de vir no ônibus fornecido pela Prefeitura de Ressaquinha, via Secretaria Municipal de Saúde. “É muito importante esse ato voluntário. Comecei a doar sangue quando trabalhava numa grande empresa e não parei mais. Vou continuar até o dia que permitirem”, disse o aposentado, casado, pai de dois filhos e avô sete vezes. Para José Maria, o fundamental está tem gostar de fazer, de agir espontaneamente. “Nunca precisei de doadores de sangue, mas fico feliz em ajudar.” 

Flávia Aparecida passou por transplantes de rins e pâncreas(foto: Arquivo pessoal)
Flávia Aparecida passou por transplantes de rins e pâncreas (foto: Arquivo pessoal)
CARIMBO Enquanto aguardava o retorno à terra natal, o grupo de doares esperava com paciência no Vita Hemoterapia, na Rua Juiz de Fora. Diante do prédio, bateu papo e tirou fotos. A manicure Ana Paula Aparecida Avelino, de 40, casada e mãe de dois filhos, definiu o esparadrapo circular que trazia sobre a veia do braço: “Este aqui é o carimbo da vida”. Integrante do grupo de doadores Sangue Bom, coordenado por Ana Carolina, a manicure se mostrou feliz com a viagem. “Já tive oportunidade de ajudar a salvar muitas vidas. Somente este ano, acho que já ajudei 16 pessoas”, disse, acrescentando que o doador se sente “leve e pleno”. Ao final, garantiu: “Se Deus quiser, meus filhos vão seguir o exemplo.”

Médico-veterinário, Matheus Eugênio Sabará Possa, de 27, primo do marido de Flávia, estava ontem na sua segunda vez de doador solidário. Na opinião dele, o ato tem grande significado para a sociedade. “Acho que muita gente fica reclamando de tudo, criticando, enquanto deveria valorizar mais a vida e participar de ações deste tipo.” Ao lado, o servente de pedreiro Adalto Liriano de Almeida, de 36, solteiro, também ressaltou a necessidade do ato voluntário para cooperar com amigos ou desconhecidos. “Aprendi com meus pais a ser solidário”, resumiu. Já a dona de casa Maria das Graças Copertino da Silva, de 50, com três filhos e uma neta, só lamenta que em determinados locais haja tanta burocracia na hora de doar. “Aqui foi tudo perfeito”, elogiou.

Na despedida, Ana Carolina disse ser fundamental fazer um agradecimento “ao povo de Ressaquinha, que é acolhedor e dono de um grande coração”. Ela contou um pouco da sua história: “Em janeiro do ano passado, recebi a doação de uma córnea. Em dezembro, doei meu cabelo, no Hospital Mario Pena, para fazer perucas para pacientes com câncer”. Na tela do celular, mostrou uma foto mais antiga, com os fios louros até a cintura.


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