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Estado de Minas

Trio é detido e arma é apreendida em comunidade terapêutica na Grande BH

Caso ocorreu em São Joaquim de Bicas. Policiais faziam rastreamento quando receberam denúncia de um interno


postado em 01/10/2018 10:44 / atualizado em 01/10/2018 12:30

A Polícia Civil investiga denúncias de maus-tratos contra os internos de uma comunidade terapêutica em São Joaquim de Bicas, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. A Polícia Militar (PM) soube do caso ao abordar uma das pessoas que vive no local e receberam relatos de tiros, agressões físicas e verbais, entre outros. Dentro do imóvel foi apreendida uma arma. Três pessoas foram detidas, entre elas o diretor, que é pastor evangélico. 

De acordo com a Polícia Militar, policiais da cidade que realizavam patrulhamento na tarde de domingo abordaram um homem na rua. Durante busca pessoal, eles não encontraram nada ilícito. No entanto, ele contou que fazia tratamento em uma clínica no Bairro Primavera, saiu de lá para fumar um cigarro e estava com medo de voltar porque quem sai sem autorização sofre agressões físicas e psicológicas. 

O homem disse à polícia que o pastor usava um revólver 38 cromado para intimidar os internos e que já presenciou o responsável pela comunidade atirar várias vezes nas dependências do imóvel, sendo que um dos disparos atingiu a parede internada recepção. 

Diante da denúncia, os policiais foram até a clínica e explicaram a denúncia aos funcionários. Já na entrada, eles notaram a perfuração na parede. A perícia chegou a ser acionada, mas não compareceu ao local. O gerente, que tem 36 anos, autorizou a entrada da PM. O pastor, que tem 43, também estava lá e se recusou a abrir um dos quartos onde a arma estaria escondida. 

Conforme a PM, os militares conversaram separadamente com internos da unidade, que relataram ameaças constantes e pediram para não ser identificados no boletim de ocorrência por meio de represálias. Entre as denúncias colhidas está a de um interno que disse ter sido amarrado com uma corrente pelo gerente e puxado “como se fosse um cachorro”. No sábado, ele contou ter sido agredido com chutes pelo gerente e um outro homem. 

Outro contou que foi forçado trabalhar na capina por três dias seguidos, sem direito a beber água, enquanto o pastor e outros internos debochavam dele, humilhavam e faziam vídeos. Internos também falaram do diretor os ameaçando com a arma de fogo, sobre um tiro que quase acertou a cabeça de um deles e um paciente que sofre de problemas psicológicos e faz uso de medicação controlada relatou ter sido ameaçado e levado duas coronhadas. 

Além disso, segundo a polícia, os internos contaram que vivem em condições pouco higiênicas, dormindo no chão e comendo por vezes sopa ou apenas retalhos de carne, enquanto as doações de refrigerantes, carne e outros alimentos eram consumidas pelos funcionários. Os internos também disseram que contribuem financeiramente e que o pastor fica com as carteiras de identidade e cartões bancários dos internos, que não recebiam nenhum dinheiro. O primeiro denunciante disse que eles eram levados ao banco no dia do pagamento e tinham que repassar o salário aos responsáveis. Eles também relataram à polícia que também há idosos, deficientes físicos e pessoas em sofrimento mental internadas na comunidade. 

Ainda de acordo com a PM, os militares conseguiram entrar no quarto que havia sido citado em uma das denúncias e encontraram um revólver da marca Taurus com numeração raspada e duas munições. O pastor, o gerente e uma mulher foram conduzidos à Delegacia de Plantão de Betim, conforme a PM. Os policiais também acionaram as famílias dos internos e a prefeitura para conseguir um assistente social para acompanhá-los. 

A assessoria de imprensa da prefeitura de São Joaquim de Bicas informou que entrou em contato com a clínica na manhã desta segunda-feira e foi informada por uma assistente social e o vice-presidente está assumindo a direção e a equipe técnica vai dar continuidade aos trabalhos normalmente. “Como a clínica é privada, o município não tem o controle sobre o número de internos bem como a transferência dos mesmos para outras instituições. O local possui alvará sanitário expedido pelo Estado”, informou a assessoria. 

A Polícia Civil informou que o pastor teve prisão ratificada pelo artigo 16 da Lei 10.829 de 2003, que trata do porte ilegal de arma de fogo. Não coube fiança e ele foi encaminhado ao sistema prisional, onde já se encontra à disposição da Justiça. A polícia confirmou a apreensão de dois cartuchos intactos e um deflagrado de calibre 38, além do revólver de mesmo calibre. Os outros dois detidos foram ouvidos e liberados.  As investigações vão prosseguir com a delegacia de área de São Joaquim de Bicas. 


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