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Estado de Minas

Restauração da Igreja São José, no Centro de BH, está quase no fim

Após oito anos, conclusão da obra depende apenas da pintura de uma parede externa. Reforma foi custeada por doações de devotos, totalizando R$ 7 milhões


postado em 15/09/2018 06:00 / atualizado em 15/09/2018 08:27

As paredes externas da São José retomaram as características do projeto original, elaborado por Edgard Nascentes Coelho, em maio de 1901(foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
As paredes externas da São José retomaram as características do projeto original, elaborado por Edgard Nascentes Coelho, em maio de 1901 (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)

Mais um mês, no máximo, e a obra de restauração da Igreja São José, no Centro de Belo Horizonte, finalmente estará concluída. Já se passaram oito anos desde o início da implantação do projeto, que consumiu R$ 7 milhões provenientes de contribuições dos fiéis, dízimos, barraquinhas, festas e outras atividades da campanha São José é 10. “Estamos satisfeitos e muito orgulhosos da nossa comunidade. Felizmente, só falta uma parede para terminar a pintura externa. Dentro do templo, ficou tudo pronto”, disse, ontem, diante dos últimos andaimes montados, o vigário paroquial padre Flávio Campos. Ele lembrou que ficam faltando intervenções na área de acessibilidade e mais ações de prevenção e combate a incêndio. “Por isso precisamos levar a campanha adiante por um tempo, embora não saibamos ainda a data de reinauguração”, diz o padre.


Nesse prazo de um mês, há outras obras a caminho que permitirão descobertas na fachada do templo construído no começo do século passado. É o caso de um vitral do lado da Rua Tamoios, fechado por uma parede deste 1972. Para ele voltar a ser visto, será demolido um anexo, chamado de vestiário, entre o prédio da igreja e o salão paroquial. “Essa demolição fazia parte do plano diretor”, destaca o vigário, explicando que todas as obras têm aprovação do Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural do Município de Belo Horizonte.

As intervenções da fase final se concentram no fundo da igreja, considerada por especialistas a mais bonita da capital – essa parte posterior sofreu modificações na década de 1940 e agora retoma sua originalidade. Em 2018, conta padre Flávio, foram alvo de restauro as duas sacristias; a fiação elétrica, já toda embutida; o telhado do passadiço, que sofreu um alteamento para tornar visível a moldura da porta da sacristia; o telhado entre o jardim e o fundo do templo, retirado para dar mais visibilidade à igreja; e as portas do salão paroquial, cujas coberturas foram igualmente suprimidas.

O restauro da última parede, nos fundos do templo, já começou(foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
O restauro da última parede, nos fundos do templo, já começou (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)

NOVO TEMPO Caminhando pelo interior da igreja, que recebe a visita diária de cerca de 2 mil pessoas, e depois pela construção posterior é que se entende melhor o trabalho realizado, desde o início, pela Oficina de Restauro, tendo à frente a restauradora Maria Regina Reis Ramos, do Grupo Oficina de Restauro. De 2014 até agora, foram executados os serviços que devolveram à fachada as cores originais: vermelho, laranja, amarelo e mostarda, conforme o projeto elaborado por Edgard Nascentes Coelho, em maio de 1901, quando a capital ainda se chamava Cidade de Minas.

Padre Flávio explica que a primeira fase de restauro da Igreja São José se refere ao interior do templo (entre 2010 e 2013), enquanto a segunda, em 2014, contemplou a recuperação da fachada e torres. Nesse ano, foi também recuperada a capela interna, chamada de Oratório. Em 2016, foi a vez das torres e da lateral direita, voltada para a Rua dos Tamoios, e em 2017 a esquerda, para a Rua Tupis. Em 2018, restauro dos fundos da construção.

Sobre os andaimes, a equipe de restauro fazia, ontem, a limpeza da última parede, que receberá as demãos de tinta preparada na própria oficina montada na igreja. “O material é feito à base de óleo de linhaça, terebentina e pigmentos”, diz o padre ao acompanhar o serviço.

ARTE E BELEZA Depois de percorrer a área externa, é hora de a equipe do EM rever o interior da igreja, que ostenta as pinturas parietais – feitas diretamente nas paredes e teto, sobre o reboco, moda em BH no início do século 20 –, que consumiram dois anos de trabalho, entre 1911 e 1912. Considerado o maior conjunto desse tipo de ornamentos em igrejas da capital, o interior do templo reúne uma variação de motivos religiosos e alguns pagãos: há figuras de 28 santos – de um lado os homens e do outro as mulheres –; o patrono no alto do arco-cruzeiro, com a inscrição “Rogai por nós”; os evangelistas; painéis mostrando José do Egito, que nada tem a ver com o pai adotivo de Jesus, sendo vendido pelos irmãos e depois em sua volta triunfal; Nossa Senhora ao lado dos apóstolos; e até os símbolos do zodíaco, que, para os religiosos, representam constelações. A decoração pictórica de São José foi feita pelo alemão Guilherme Schumacher, entre 1911 e 1912.

Capela do Oratório

O Estado de Minas documenta a obra de restauro da Igreja São José desde o início, em 2010. Em dezembro de 2014, foi reinaugurada a Capela do Oratório, pertencente ao convento da Paróquia São José, no Centro, que teve escondidas em suas paredes, durante décadas, muitas pinturas parietais. Construído antes mesmo da Igreja São José, à qual está ligada, o singelo espaço da congregação dos redentoristas foi alvo de descobertas, como a lâmpada do Santíssimo Sacramento, que ficou esquecida no porão da igreja e recebeu um banho de níquel. Quem visitou o local pôde ver um trecho do canto Te Deum –“Portanto, Te pedimos, socorre os Teus servos que redimiste com sangue precioso” – e uma tela colada na parede retratando Jerusalém, obra do italiano Carlos Oswald.


CONSTRUÇÃO DA FÉ


>> 1902 – Em abril, ocorre o lançamento da pedra fundamental

>> 1904 – Templo é liberado para celebrações

>> 1907 – Término da obra interna da igreja

>> 1910 – Conclusão das torres e da pintura do batistério

>> 1911 –
Instalação do relógio e sino

>> 1911/1912 –
É feita a pintura interna da igreja

>> 1928 – Fachada e laterais perdem a cor original e ganham a cor bege

>> 2010 a 2013 –
Restauração do interior do templo, com início no coro

>> 2014 – Projeto de recuperação da fachada entra em execução

>> 2014 – Em dezembro, é reinaugurado o Oratório, capela interna da igreja

>> 2015 – Recuperação das torres da igreja

>> 2016 a 2018 – pintura externa


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