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Estado de Minas

Contrato de R$ 24 milhões em vigilância não barra furto de cabos no Move

Bandidos desafiam vigias e levam pelo menos 11 mil metros de cabos do sistema de ônibus, causando prejuízos de mais de R$ 118 mil, paralisação de módulos e lentidão no transporte


postado em 13/07/2018 06:00 / atualizado em 13/07/2018 07:23

A estação de transferência Aparecida é uma das quatro na Avenida Antônio Carlos que operam apenas com um dos módulos (foto: Paulo Filgueiras/EM/DA Press)
A estação de transferência Aparecida é uma das quatro na Avenida Antônio Carlos que operam apenas com um dos módulos (foto: Paulo Filgueiras/EM/DA Press)


O prejuízo para Belo Horizonte com o furto de cabos de cobre não para. Além da inutilização de semáforos da cidade, deixando cruzamentos no escuro e aumentando o risco de acidentes, a situação já prejudica o funcionamento das estações de transferência de passageiros do Move e também dos radares que fiscalizam o excesso de velocidade em BH. Mas o que chama a atenção é que, no caso do Move, o investimento em um contrato de R$ 24 milhões de maio deste ano até dezembro de 2019 para contratação de 202 vigias nas 37 estações de responsabilidade da BHTrans não tem servido para impor uma barreira aos bandidos. Eles já furtaram 11 mil metros de cabos e deram prejuízo estimado em mais de R$ 118 mil contando apenas os terminais do transporte rápido por ônibus (BRT, da sigla em inglês).

A quantia considera o que já foi gasto para corrigir problemas em 21 estações e o que ainda é necessário para restabelecer todo o sistema elétrico afetado, já que seis estações permanecem funcionando parcialmente. A BHTrans sustenta que o problema é de segurança pública e os vigias trabalham desarmados, sendo orientados a chamar a Polícia Militar ou a Guarda Municipal em caso de alguma situação suspeita flagrada. Na próxima semana, haverá uma reunião para tratar sobre esse assunto, envolvendo a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) – BHTrans, Fiscalização, Segurança – Polícia Militar (PM) e Polícia Civil.

Na prática, segundo a BHTrans, o furto de cabos dos terminais usados pelos passageiros de BH para embarcar e desembarcar em corredores como Antônio Carlos, Cristiano Machado e Pedro I tem inutilizado metade das instalações. Os criminosos tiram cabos da parte externa de um dos dois módulos das estações. Com isso, inviabilizam toda a parte elétrica desses espaços, como sistemas de iluminação, portas automáticas, circuito de câmeras e os monitores informativos. Sem esses recursos, o módulo não pode ser usado, e o embarque precisa ser transferido para o módulo adjacente.

Com muitas linhas parando no mesmo terminal, a BHTrans já registra impactos sobre a circulação do Move. “A operação parcial não deixa de atender ao usuário do transporte. No entanto, poderá ocorrer redução pontual da velocidade operacional do sistema Move considerando a sobrecarga de veículos para acessar a mesma plataforma de embarque e desembarque”, informa a empresa em nota.

O embarque na Odilon Behrens foi dificultado pelos furtos de cabos. 'Já tem mais de uma semana que está um caos', conta Elizabeth Almeida (foto: Túlio Santos/EM/DA Press)
O embarque na Odilon Behrens foi dificultado pelos furtos de cabos. 'Já tem mais de uma semana que está um caos', conta Elizabeth Almeida (foto: Túlio Santos/EM/DA Press)

(foto: Túlio Santos/EM/DA Press)
(foto: Túlio Santos/EM/DA Press)


Atualmente, seis estações de transferência operam apenas com um dos dois módulos. Na Avenida Antônio Carlos são quatro: Odilon Behrens, Hospital Belo Horizonte, Aparecida e Colégio Militar. Já na Cristiano Machado há problemas nos terminais Feira dos Produtores e Minas Shopping. A cuidadora de idosos Elizabeth Almeida, de 50 anos, pega ônibus todos os dias na Estação Odilon Behrens. Ela contou que a população sofre com o impacto, já que das três estações, apenas duas estão em funcionamento. “Já tem mais de uma semana que está um caos. Está muito difícil pegar ônibus para ir embora para casa. O ônibus até para, mas a estação está tão cheia que fica difícil embarcar”, comentou. De acordo com ela, a segurança é falha: “É difícil ver policial militar ou guarda. Ou seja, fica fácil para furtarem os cabos durante a madrugada”, concluiu.

O grande problema é que isso ocorre em lugares que são fiscalizados por vigilantes contratados pela BHTrans em um edital que custa à Prefeitura de Belo Horizonte R$ 1,2 milhão por mês. O atual contrato começou a valer em 1º de maio e vai até dezembro de 2019. São 202 vigias espalhados nas 37 estações do Move municipal, divididos de acordo com a demanda. Em dia de jogos no Mineirão, por exemplo, podem ser alocados mais vigias em determinadas estações.

O gasto total vai superar R$ 24 milhões em 31 de dezembro, data em que o contrato chegará ao fim. A BHTrans explica que o furto ocorre na parte externa e inferior da carcaça da estação. Quando o furto ocorre em uma estação, normalmente, cerca de 630 metros de cabos são levados. A empresa que gerencia o transporte e o trânsito na capital mineira já contabiliza furtos de 11 mil metros de cabos flexíveis do tipo bitola de 25 milímetros quadrados. Um morador do Bairro São Cristóvão, na Região Noroeste de Belo Horizonte, Wanderlei Santos, de 85, conta que os furtos são comuns nas estações da Antônio Carlos. “O problema é o comprador. A polícia tem que coibir quem compra esses cabos roubados. Quem fica prejudicado é a população” 

MONITORAMENTO
Por meio de nota, a Guarda Municipal informou que “PBH se preocupa com essa situação, já tem realizado planejamentos para coibir os furtos de cabos nas estações. Tanto para coibir o furto quanto para conseguir fazer as apreensões no momento da tentativa e, também, atuar na venda e recepção desses produtos.” Por isso, na próxima semana haverá uma reunião para tratar sobre este assunto, envolvendo a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) – BHTrans, Fiscalização, Segurança – Polícia Militar (PM) e Polícia Civil.

A Guarda Municipal afirmou também que tem equipes motorizadas para patrulhas preventivas em todas as estações do Move e conta com o apoio das câmeras de monitoramento do Centro Integrado de Operações (COP-BH). “Na Avenida Antônio Carlos, essas patrulhas recebem o reforço de equipes da Operação Viagem Segura. No primeiro semestre de 2018, foram registradas 46 ocorrências, e 16 pessoas foram presas por furtos de cabos de energia. Nas cabines do Move da Avenida Presidente Antônio Carlos (Mineirão e Liberdade) foram registradas duas ocorrências, em maio e em junho de 2018”, completou por meio de nota.

Crime na madrugada

Segundo o tenente Wesley Souza, do 1º Batalhão da Polícia Militar, o roubo de fios também ocorre na Região Central de Belo Horizonte. Entretanto, não é comum esse tipo de furto nas estações do Move dessa região. “O perfil de quem rouba é o cidadão em situação de rua e, sempre, no período da madrugada. Eles aproveitam o pouco fluxo de pessoas nas ruas para entrar em bueiros e escalar semáforos. Posteriormente, vendem para lojas”, afirmou.

De acordo com o militar, a PM não está autorizada a fornecer números de prisões e apreensões, em função do período eleitoral. “Mas posso pontuar que, só no 1º Batalhão, já prendemos cinco indivíduos, com 55 ocorrências. Um deles foi preso 13 vezes. Outro já foi detido duas vezes em oito horas”, disse.

Por isso, é importante que a população acione a PM em casos suspeitos. “Ao perceber alguém em um poste com carrinhos de supermercado de lado, já pode considerar uma atitude suspeita. Vale prestar atenção em movimentação próxima a bueiros”, afirmou.

Vale lembrar que o furto de fios é crime e o responsável pode ser enquadrado no artigo 155 do Código Penal – subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel. A pena pode chegar a quatro anos de reclusão e multa. Quem compra fios roubados pode responder pelo artigo 180 – adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, com pena de a quatro anos de reclusão e multa.

 

Semáforos desligados


A ação dos ladrões de cabos que alimentam semáforos em cruzamentos de Belo Horizonte também não para. Conforme o Estado de Minas mostrou no mês passado, de janeiro até 22 de junho já havia 289 registros de furtos do cabeamento, média de 1,5 por dia, situação que tem obrigado a BHTrans a gerir o tráfego da cidade em uma média de cinco a oito pontos por dia sem semáforos, o que deixa a segurança vulnerável. A BHTrans informou que tem buscado “substituir o cobre por materiais com menor atratividade, como o plástico, nos focos dos semáforos para pedestres”.  Este ano, a cidade já teve que bancar a substituição de nada menos que 64 mil metros de cabos. 


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