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Estado de Minas

Ambulante 'salvo' de fiscalização por compradores desabafa: 'Reconheceram minha batalha'

Vendedor que virou celebridade na internet depois que população comprou toda a mercadoria que seria apreendida se surpreendeu com solidariedade


postado em 22/03/2018 19:40 / atualizado em 22/03/2018 20:52

“Senti que ainda existem pessoas que se preocupam com o próximo.” A frase é do vendedor ambulante Leonardo Ferreira Santos, de 53 anos, ao referir ao episódio do qual foi protagonista, registrado em um vídeo que viralizou nas redes sociais, com 3,3 milhões de acesso até a noite desta quinta-feira. Leonardo vendia salgados e suco na Praça Doutor Carlos, a principal de Montes Claros, no Norte de Minas, na tarde de quarta-feira, quando foi abordado por um fiscal da prefeitura, que queria apreender os produtos e seu carrinho. Pessoas que estavam local se solidarizaram com a situação e compraram tudo o que estava à venda, para impedir o prejuízo do ambulante, que se emocionou e começou chorar. A cena foi filmada por um pedestre, que divulgou o vídeo na internet.

Leonardo conta que, como está desempregado, saiu de casa na tarde quarta-feira na tentativa de vender salgados e suco com um carrinho, na principal praça da cidade. Ele tinha a esperança de juntar dinheiro para comprar um botijão de gás. Sem renda fixa, ele disse que trabalha como ambulante na tentativa de pagar o aluguel, de R$ 350 por mês.

Segundo relato do vendedor, um fiscal da Secretaria Municipal de Serviços Urbanos chegou e afirmou que o ambulante estava atuando irregularmente no meio da praça, em desobediência ao Código de Posturas do município. Diante da situação, o servidor informou que apreenderia o carrinho e os produtos. No mesmo instante começou um bate-boca entre Leonardo e o fiscal, e a Polícia Militar foi chamada. Pessoas que passavam pelo local se aproximaram.

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%u201CFiquei emocionado e comecei a chorar, porque eu estava precisando de dinheiro para pagar o gás. Foi um gesto nobre de eles pegarem o dinheirinho deles", diz Leonardo (foto: Luiz Ribeiro/EM/DA Press)
O ambulante conta que, quando percebeu que não conseguiria impedir a apreensão, começou a distribuir o suco de graça para quem passava. “Aí, pessoas começaram a falar: 'Você não vai distribuir de graça, não. Você está trabalhando, não está roubando'. O pessoal começou a me dar dinheiro, a pagar pelo suco”, relata Leonardo. “Fiquei emocionado e comecei a chorar, porque eu estava precisando de dinheiro para pagar o gás. Foi um gesto nobre de eles pegarem o dinheirinho deles.... Teve gente que me deu até R$ 10, e nem dei troco, porque não tinha mesmo”, acrescenta, informando que três rapazes ainda impediram que o carrinho fosse apreendido pela fiscalização.

O ambulante confessa que, além de ter se emocionado, se sentiu privilegiado por contar com a solidariedade de gente que ele nem conhecia. “Eu me sinto um privilegiado pelo fato de as pessoas acreditarem em meu trabalho – na qualidade dos produtos que eu vendo – e de as pessoas serem mais humanas e humildes com os outros”, afirmou.



Casado e sem filhos, Leonardo informa que já viveu em São Paulo e há quatro anos e meio mora em Montes Claros. Desempregado, recorreu à venda ambulante de salgados e sucos para se manter. Ele considera que recebeu um reconhecimento de sua batalha pela sobrevivência. “As pessoas se sensibilizaram e reconheceram a minha luta, o meu trabalho. Eu não fui ali para brincar. Quando você sai de casa, sai para defender o pão de cada dia. Então, me senti honrado, não por causa dos governantes, mas por causa do povo.” Leonardo aproveitou ainda para dar um recado: “Peço que os governantes olhem para os pequenos, para os microempreendedores. Os ricos estão lá em cima por causa dos pobres. Nós que somos a diferença”.

Além da surpresa pela atitude espontânea de ajuda, o ambulante afirma que não esperava que o fato ganhasse tamanha repercussão, e que ficou surpreso ao virar uma “celebridade” da internet. “Eu nem sonhava com um trem desses. Na verdade, queria mesmo era vender meu salgado e meu suco”, assegurou Leonardo Ferreira.

A Prefeitura de Montes Claros foi procurada pelo Estado de Minas para se manifestar sobre o episódio, mas até o fechamento desta reportagem não havia se manifestado.


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