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Estado de Minas

Professor da UFMG morto a facadas dentro de ônibus é velado em BH

Antônio Leite Alves Radicchi foi assassinado na manhã de segunda-feira em um coletivo da linha 9805. Um homem foi preso


postado em 14/11/2017 10:02 / atualizado em 14/11/2017 12:28

(foto: Emmanuel Pinheiro/EM/D.A Press - 24/10/2008)
(foto: Emmanuel Pinheiro/EM/D.A Press - 24/10/2008)
É grande a movimentação de pessoas na manhã desta terça-feira na Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), na área hospitalar, Região Centro-Sul de Belo Horizonte. O corpo do professor  Antônio Leite Alves Radicchi, de 63 anos, é velado no salão nobre da faculdade, onde parentes e amigos prestam as últimas homenagens.

As bandeiras do Brasil, de Minas Gerais, da UFMG e da Faculdade de Medicina estão erguidas a meio mastro, em razão do falecimento do professor do Departamento de Medicina Preventiva e Social da faculdade. Segundo a polícia, Antônio foi assassinado com 10 facadas dentro de um ônibus da linha 9805 (Renascença/Santa Efigênia) quando se dirigia ao trabalho na manhã de ontem.

Uma médica de 60 anos, ex aluna de Antônio, disse que ele era uma pessoa muito querida e tinha o costume de manter contato com muitos de seus alunos. “Vou guardar o companheirismo e os princípios da ação social. Ele era uma pessoa boníssima, um grande companheiro”, afirma a mulher, que preferiu não se identificar. O enterro será no Cemitério do Bonfim.

 

Amigo pessoal e colega de trabalho do professor, o coordenador do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas, Marcus Vinícius Polignano classificou a morte de Antônio Leite como "uma brutalidade".

 

"Um colega exemplar, companheiro de luta, um professor nota 10. Enfim, um homem da paz, não merecia isso, não fez nada para isso. É mais uma vítima dessa violência insana e brutal nossa. É uma perda inexplicável, inaceitável," lamentou Marcus Vinícius. Antônio Leite foi um dos fundadores do Projeto Manuelzão, que hoje é coordenado por Marcus Vinícius.

Bandeiras foram erguidas a meio mastro na Faculdade de Medicina da UFMG por conta da morte do professor. Corpo é velado no salão nobre da instituição e será enterrado às 17h no Cemitério do Bonfim(foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A PRESS)
Bandeiras foram erguidas a meio mastro na Faculdade de Medicina da UFMG por conta da morte do professor. Corpo é velado no salão nobre da instituição e será enterrado às 17h no Cemitério do Bonfim (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A PRESS)

Entenda o  caso


O professor entrou no ônibus da linha 9805 por volta das 8h de ontem, no ponto da Praça Muqui, próximo ao número 111, como costumava fazer diariamente, no Bairro Renascença, na Região Nordeste de BH. Nove pontos depois, na Rua Tamboril, já no Concórdia, Alexandre Siqueira de Freitas, de 26, embarcou junto com a mulher. Testemunhas contaram que Alexandre começou a discutir com Antônio logo ao entrar no coletivo. Minutos depois, o suspeito ordenou ao motorista que parasse o veículo, pois o médico desceria. Nesse momento, segundo o boletim de ocorrência, Alexandre puxou a mochila da vítima, que teria reagido. Diante disso, Alexandre sacou uma faca e golpeou o professor aproximadamente 10 vezes.

A confusão chamou a atenção de moradores e comerciantes da Rua Juazeiro, no Bairro São Cristóvão, onde o veículo parou. “Tinha acabado de abrir a loja. No ponto de ônibus estavam três pessoas. Quando olhei pela janela, vi o criminoso fazendo o movimento de dar as facadas. O professor ainda estava sentado no banco quando foi atingido”, disse uma testemunha que conversou com o Estado de Minas e pediu anonimato.

Em conversa com os policiais, Alexandre contou uma versão que não convenceu a família da vítima nem as testemunhas do crime. Ele alegou que o professor e outros cinco homens o agrediram em um bar na Rua Jacuí na noite de domingo. Parentes afirmam que Antônio não frequentava bares nem tinha saído na noite anterior ao crime. Já pessoas que presenciaram a cena dizem que o agressor queria roubar o celular e a mochila do passageiro. Na casa de Alexandre foram encontradas a jaqueta e o boné usados por ele na hora do crime, com marcas de sangue.

Colegas lamentam

Amigos e familiares são unânimes: Antônio não espelhava e não tinha qualquer ressonância com a violência, mal-estar ou indisposição com o outro. Homem pacato, trabalhou a vida toda em prol da saúde pública. Há 20 anos, ao lado de dois amigos e colegas de profissão, fundou o Projeto Manuelzão, um dos ícones na busca pela revitalização dos rios. Além da família, a medicina era a grande paixão. A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), sua segunda casa. Abolia o carro. Preferia ir trabalhar de ônibus. Dizia serem os automóveis antiecológicos e queimadores de muito combustível.

Por meio do Facebook, o Projeto Manuelzão divulgou uma nota lamentando a morte de Antônio Radicchi. “Uma perda irreparável para sua família, para o Projeto Manuelzão e toda a sociedade. O professor era um defensor do meio ambiente, um cidadão exemplar e foi vítima desta guerra civil e social que vivemos diariamente. Para nós do Projeto Manuelzão fica a saudade e para sempre sua amizade e companheirismo. Que Deus conforte sua família e que ele descanse em paz”, diz o texto.



Na mesma página, o coordenador do Manuelzão, Marcus Vinícius Polignano, divulgou uma mensagem em homenagem ao amigo e colega. “Um homem do bem, um homem da paz. Um educador, um protagonista da saúde coletiva neste país, um professor titular da Faculdade de Medicina da UFMG, um dos fundadores do Projeto Manuelzão UFMG”, disse o ambientalista. “Quero declarar a minha dor, o meu pesar, mas também a minha profunda admiração a Antônio Leite Radicchi. Que a insanidade do mundo não nos tire o que nos resta de sanidade emocional”, finalizou.

Por meio de nota, o Departamento de Medicina Preventiva e Social da Faculdade de Medicina da UFMG lamentou o falecimento do professor. Antônio deixa mulher, quatro filhos, uma neta, e uma legião de admiradores e saudade. (Com informações de João Henrique do Vale e Junia Oliveira)


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