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Estado de Minas

Vaga de suspeito de fraude na UFMG não será usada para efeito de cota racial

Vinícius Loures saiu do curso de medicina. Universidade explica que, nesses casos, a vaga é considerada remanescente. Outra estudante envolvida na controvérsia precisou de apoio psicopedagógico


postado em 28/09/2017 06:00 / atualizado em 28/09/2017 07:55

A denúncia sobre fraude no sistema de cotas raciais na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) tira da sala de aula um futuro médico, quase no fim do período letivo, e também adia a oportunidade para outro estudante interessado em seguir a profissão. O aluno do segundo período Vinícius Loures de Oliveira, residente em Belo Horizonte, confirmou ontem ao Estado de Minas ter cancelado a matrícula na Faculdade de Medicina da instituição, considerada a maior universidade pública do estado. Vinícius, que fez breve comunicado em contato por mensagem de texto, é um dos estudantes envolvidos na polêmica sobre suposta candidatura irregular ao sistema de cotas raciais na Federal.

Na noite de terça-feira, o EM tentou ouvi-lo sobre a questão, por telefone. O universitário afirmou apenas que os dias têm sido difíceis desde que a controvérsia começou, e se limitou a dizer: “Fui orientado a não falar mais sobre o assunto”. O estudante foi um dos apontados em reportagem do jornal Folha de S. Paulo como um dos alunos brancos matriculados indevidamente no curso de medicina da UFMG pelo sistema de cotas. As fraudes envolveriam calouros com características físicas que não se encaixam no perfil da política afirmativa. Mas a polêmica em torno de inscritos no programa não é recente.

Em abril de 2016, o EM mostrou na reportagem “Movimentos negros denunciam fraude nas cotas raciais da UFMG”, que os mecanismos da universidade permitiam barrar fraudes somente em relação à condição de estudantes terem cursado escolas públicas e declarado baixa renda. Não havia, segundo a universidade, como controlar as cotas raciais. Após a reportagem, a instituição deu início a sindicância para averiguar as denúncias, cujo resultado deve ser divulgado este ano.

Até o fim da tarde de ontem, a UFMG não confirmava o cancelamento da matrícula do estudante de medicina. De acordo com a instituição, em casos como esse, se o universitário sai do curso a vaga no próximo semestre é considerada remanescente, ou ociosa por motivo como abandono. A vaga, então, é destinada pela universidade a transferência, reopção de curso ou obtenção de novo título. Assim, não haverá nova chamada para o curso de medicina e o posto não será usado para efeito de cota com perfil étnico, diante da proximidade com o fim do semestre e da existência de um período legal para convocar estudantes.

ABALO Outra estudante que se viu envolvida na controvérsia, Rhuanna Laurent Silva Ribeiro, de 19 anos, abalada emocionalmente com a situação, precisou de atendimento no Núcleo de Apoio Psicopedagógico aos Estudantes da Faculdade de Medicina. “Ela ainda não conseguiu reiniciar as aulas. Estamos fazendo um grande esforço para que não desista da faculdade”, disse o pai da universitária, Gilberto José da Silva. A aluna, que se autodeclarou parda, reiterou a condição em entrevista ao EM: “Eu me autodeclarei parda, pois é o que sou. Descendo de negros e índios. Esta é a minha etnia, o meu contexto familiar. Nunca me autodeclarei negra”.

Diante da polêmica, o EM mostrou em sua edição de ontem que o governo federal revisa o sistema de cotas raciais, na tentativa de impedir fraudes na política de ingresso nas universidades públicas. Na terça-feira, ao anunciar que haverá cobrança de mais rigor para verificar a condição de alunos que se autodeclararem negros, pardos ou indígenas no processo seletivo, o secretário especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Juvenal Araújo, atribuiu à UFMG a responsabilidade por supostas irregularidades no acesso de alunos a vagas reservadas no curso de medicina da instituição, por não ter criado comissão que avalie aspectos físicos dos candidatos a cotas raciais.


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