
As chamas que atingiram a área de preservação ambiental começaram nas imediações do Bairro Sion e se alastraram até o Bairro Belvedere, ambos na Região Centro-Sul de Belo Horizonte. O incêndio começou por volta das 19h e os militares do Corpo de Bombeiros tiveram dificuldades no acesso às chamas, devido ao inclinamento da Serra do Curral. Cerca de 20 militares trabalharam para conter o fogo. “Diferente do combate a um incêndio em área urbana, os bombeiros trabalham de forma manual para eliminar grandes proporções atingidas. Além do mais, são ocorrências que mobilizam um número maior de homens e que podem demandar horas de trabalho para que as chamas sejam controladas”, apontou Tenente Pedro Aihara. Na manhã de ontem, a equipe continuava no local para trabalhar nos rescaldos e um helicóptero sobrevoou a área afetada.
A APA Sul funciona como um caminho para ligar os dois parques e muitos animais passam pelo corredor para se locomover entre a Serra do Curral e o Parque do Rola-Moça. Esse tipo de incêndio, além de ter consequências ambientais, como o aumento de gases responsáveis pelo efeito estufa e a degradação do solo, pode causar problemas de saúde ao ser humano. A fauna é também fortemente prejudicada, lembra o Anderson Passos, comandante do Batalhão de Emergências Ambientais do Corpo de Bombeiros. “Na APA Sul, por exemplo, animais silvestres como o lobo-guará, a jaguatirica e pássaros precisam migrar do seu local habitual para buscar alimento. Em decorrência do fogo, muitos deles acabam por não encontrar alimento e morrem de fome. Outros bichos, como as cobras, ainda podem ser mortos pelo fogo. O estrago pode demorar anos para ser superado”, disse o major Anderson.
Os bombeiros lembram que os incêndios na vegetação aumentam muito durante a estiagem e que ocorrem como consequência de pontas de cigarro atiradas na beira das estradas, de queima de lixo e de fogueiras mal apagadas. Os incêndios criminosos, provocados intencionalmente, são as principais causas. “99,0% dos incêndios são causados pela ação do homem. Tudo indica que o da madrugada de segunda-feira também foi provocado por vandalismo ou por descuido”, afirma o major Anderson Passos. “Com os ventos fortes, um pequeno pedaço de papel pode provocar um estrago muito grande”, completa.

PREVENÇÃO Neste ano, para prevenir ou tentar diminuir a área queimada, o Corpo de Bombeiros mudou a estratégia no Parque Nacional da Serra do Rola-Moça. “Além dos seis bombeiros militares que habitualmente ali trabalham, foram acrescidos 30 profissionais nos fins de semana e feriados”, informou o major Passos. Os militares andaram pelas áreas com maior concentração de pessoas e explicaram a necessidade de manter a vigilância, alertando para os riscos do fogo e também sobre o potencial de destruição de pequenos focos. Segundo os bombeiros, em junho houve redução de 48% em relação à média histórica de incêndios naquele mês.
