
Coordenador do Centro de Pesquisa em Segurança Pública da PUC Minas, Luis Flávio Sapori avalia que as ações de vigilância e repressão por parte da Polícia Militar e Guarda Municipal que contribuíram para a redução dos roubos em geral não tiveram efeito sobre os ataques a veículos. “Essas ações não afetam o roubo de carros, que depende de repressão mais qualificada, com investigação para identificar e desarticular as quadrilhas especializadas em roubo e receptação de veículos e peças automotivas”, afirma o especialista.
Sapori ressalta que a modalidade envolve um grande mercado paralelo, com dinâmica própria e articulada. Ele cobra medidas específicas contra esse tipo de delito, de alto risco para as vítimas. “A chance de a pessoa ser morta durante assalto em que o veículo é levado é grande porque ela pode reagir ou adotar outro comportamento que leve o criminoso a atirar”, disse.
MEDO Moradores que tiveram o carro roubado relatam traumas por conta das ações violentas e também cobram medidas para combater o crime. É o caso do administrador Fábio Drumond, de 47 anos, que há dois meses correu risco ao ser interceptado por ladrões no Bairro Belvedere, Região Centro-Sul de BH. Com dois carros roubados no mesmo bairro, bandidos fizeram uma espécie de barricada, impedindo a passagem de Fábio na esquina da Avenida Luiz Paulo Franco com a Rua Jornalista Djalma Andrade. Um jovem saiu de um dos veículos já com uma arma em punho mirando sua cabeça.
“Durou segundos. Quando vi o revólver, levantei a mão, abaixei a cabeça e pedi calma. Falei para levar o que quisesse”, relata Fábio. “Tenho um filho de um ano e a cadeirinha estava dentro do carro. Na hora só pensei em como seria se ele estivesse lá e eu tivesse que fazer outros movimentos para tirá-lo do carro”, acrescentou o administrador, que dirigia o carro da mulher, Bruna Nogueira Gontijo Drumond, de 34. “Pensei que poderia ter acontecido comigo”, completou ela.

Em nota, a Polícia Civil informou que considera positiva a redução nos casos de roubos e furtos de veículos em BH e disse que trabalha constantemente para o combate a esse tipo de crime. Uma das ações é a ronda territorial, realizada onde os roubos ocorrem com mais frequência, informou o texto, sem detalhar quais são essas áreas ou como o trabalho funciona. A corporação disse ainda que seu principal trabalho atualmente é a regulamentação e efetivação das regras relacionadas à Lei do Desmonte, que defende ser uma medida para redução considerável de furtos e roubos de veículos.
