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Estado de Minas

Violência no centro de BH teve queda menor em relação ao resto da cidade

Além de ter uma redução menor, outros crimes estão em em ascensão no centro da capital. Para a PM, desordem do espaço urbano dificulta controle da criminalidade


postado em 02/07/2017 06:00 / atualizado em 02/07/2017 08:41

Na região de Belo Horizonte onde a vida tem o ritmo mais acelerado da cidade, os vidros dos carros permanecem fechados, o olhar é atento, e as bolsas seguras na parte da frente do corpo, num sinal claro de medo. É que, apesar da vigilância de 40 câmeras do Olho Vivo e agentes de segurança, andar pelas ruas do Hipercentro exige mais do que atenção com o trânsito e com o vaivém das mais de um milhão de pessoas que passam diariamente pelo local.

Ao contrário da realidade apresentada pela Polícia Militar sobre toda a cidade, que registrou redução de 14,35 nas taxas de criminalidade violenta, entre janeiro e 25 de junho, o Centro da capital permanece como um desafio para a administração pública. Teve queda muito menor, de 3,28%, nessa categoria, que inclui sete delitos – homicídio tentado e consumado; estupro tentado e consumado, roubo, extorsão mediante sequestro e cárcere privado, além de sequestros e cárcere privado.

E pior, ainda há crimes em ascensão: os furtos, por exemplo, que na média da cidade subiram 0,4%, registram aumento de 17%, entre janeiro e maio, no coração de BH, passando de 729 ocorrências para 853, no período.

A desordem do espaço urbano é apontada pelo comandante de Policiamento Militar da Capital, coronel Winston Coelho Costa, como elemento complicador para controle da criminalidade. “Estamos tendo uma dificuldade maior de vencer (a criminalidade) no Centro. No número de roubos, por exemplo, delito que incomoda fortemente a população, a redução na cidade foi de 14%, enquanto na Região Central ficou em torno de 2%. Isso tem ocorrido por causa da intensa presença de camelôs e muitos grupos de moradores de rua, com criminosos infiltrados, na região”, afirma.

No caso dos homicídios, por exemplo, enquanto a média de redução em BH foi de 10%, no Centro o número se manteve no período. “Esse tipo de crime no Centro está muito relacionado a conflitos de moradores de rua, até mesmo por uma disputa de espaço ou por causa do uso de drogas e álcool. E tem coamo principal característica a utilização de arma branca, diferentemente de outras regiões, em que a arma de fogo é mais comum”, afirma Winston Costa. Segundo ele, as mortes são registradas principalmente próximo à Rua Guaicurus e aos shoppings populares.

Sobre a alteração social e urbana no Centro, o comandante detalha de que forma esse processo interfere na segurança da área, que tem como limites Praça da Estação; o entorno da rodoviária; a Praça Raul Soares; e o cruzamento da Afonso Pena, com Rua Guajajaras. “Com o espaço público desordenado, tumultuado, e menos acessos livres nas calçadas e arredores de vias públicas, as pessoas têm mais chances de se tornarem vítimas de bandidos que encontram ambiente favorável para agir”, afirma o coronel.

Ele disse ainda que a redução da visibilidade no ambiente urbano dificulta, inclusive, o trabalho da polícia. O comandante ressalta que problemas de iluminação e a grande circulação pessoas e bens, outrora apontados como atrativos para bandidos, já não são mais a única razão para a dificuldade de enfrentar o crime no Centro. “A situação em que o Hipercentro se encontra tem gerado uma dificuldade ainda maior para a questão da segurança”, afirma.

SEMPRE ALERTA

Para quem frequenta a região, o desafio está a cada esquina. E para cruzar áreas como a Avenida Santos Dumont, o entorno dos shoppings populares e do terminal rodoviário, entre outras zonas quentes do ponto de vista da criminalidade, é necessário cumprir um verdadeiro check-list de cuidados.

“Só ando agarrada à minha bolsa e às sacolas, porque a sensação de insegurança é muito grande. Vejo as pessoas sendo assaltadas, por isso estou sempre alerta”, conta a comerciante Regina Nascimento, de 38 anos, que mora em Igarapé e vem ao a BH toda sexta-feira fazer compras.

Há um ano trabalhando em um escritório na Avenida Santos Dumont, a estagiária Letícia Camargos, de 20, relata as dificuldades de transitar pelo local. “Sempre tem muito camelô, morador de rua e pessoas que se aproveitam dessa confusão toda para puxar as bolsas, celulares e sacolas. Ando com muito medo”, diz.

Ela afirma ainda que a situação piorou após o início da crise econômica no país e cobra “mais efetividade da administração municipal para retirar o comércio irregular da rua e garantir abrigamento para a população de rua e da PM para melhorar a segurança.”

O técnico de informática Anderson Donizete, de 37, vai na mesma linha. “Nunca é seguro. Nem durante o dia, nem à noite, nem em horário de pico, nem de carro, nem a pé...  Há falta de policiamento, de organização do espaço público e da presença do Estado para fazer cumprir a lei”, afirma.

PROVIDÊNCIAS

De acordo com o coronel Winston, a PM tem intensificado as ações para barrar o aumento da criminalidade. Dentre as medidas, está o empenho de mais policiais à 6ª Companhia, responsável pela área, bem como adoção de outras estratégias: policiamento a pé, reforço nas abordagens a pessoas suspeitas em quadrantes predeterminados para cada grupo de militares, além do trabalho em conjunto com outras instituições contra o comércio irregular e no combate ao crime.

Segundo o coronel, o programa das bases comunitárias, previsto para agosto, deverá contribuir para melhorar a segurança. “A implantação dessas viaturas vai garantir mais efetivo e presença policial mais próxima das pessoas”. Ele lembra ainda que a participação das pessoas é fundamental para coibir o crime.

“A população deve cobrar de quem é de direito, porque o Estado tem o dever de organizar o espaço público. Além disso, devem adotar medidas de autoproteção até que consigamos um ambiente melhor no Centro, a partir das nossas ações”, afirma o coronel.

A Prefeitura de Belo Horizonte, por sua vez, pôs em andamento um programa que ataca um dos fatores apontados como facilitadores da violência: a presença indiscriminada de camelôs. Com ele, pretende retirar os ambulantes ilegais das ruas e realocá-los.


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