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Estado de Minas

Polícia procura empresário que fez refém e agrediu pelo menos seis ex-namoradas

Luciano Fonseca está foragido. Ex-companheiras o acusam de agressões físicas e psicológicas, cárcere privado e, em alguns casos, estupro. Contra ele tem de 36 boletins de ocorrência


postado em 21/06/2017 20:40 / atualizado em 22/06/2017 08:19

Luciano Fonseca está foragido(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A.Press/Reprodução PCMG)
Luciano Fonseca está foragido (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A.Press/Reprodução PCMG)

Um empresário do ramo de dedetização está sendo procurado pela polícia depois de seis mulheres terem apresentado denúncias contra ele por agressão e cárcere privado na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam). De acordo com a delegada Ana Paula Balbino, a prisão preventiva do homem, identificado como Luciano Souza Fonseca, de 41 anos, foi decretada nesta quarta-feira depois de constatada a violência contra as vítimas, com as quais ele mantinha relacionamentos amorosos.

Uma das mulheres, uma secretária de 33 anos, contou que ficou em cárcere privado na casa dela por quase quatro dias, entre 12 e 15, na semana passada, quando foi agredida física e psicologicamente pelo empresário, além de obrigada a manter relações sexuais com ele. No dia 18, domingo, ainda com marcas das agressões no rosto e braço, ela fez um desabafo nas redes sociais. Em 5 e 6 de maio, ela tinha passado por situação semelhante na casa dele, mas não o denunciou.

A delegada Ana Paula disse que somente com a secretária são três casos de vítimas de Luciano Fonseca. “Recebi duas denúncias de mulheres agredidas no fim de semana em que ele aparece como autor. Depois de ouvi-las e levantar a ficha dele, constatei que havia mais três vítimas do mesmo homem, que prestaram queixas aqui na Deam. São 36 boletins de ocorrência contra ele, a maioria por agressões a mulheres. Solicitei à Justiça a prisão preventiva e a ordem foi concedida, mas ele fugiu”, explicou a delegada.

Segundo a policial, o modo de agir do empresário é semelhante no caso das seis vítimas. “Ele busca uma aproximação, muitas vezes pela rede social, e inicialmente corteja as mulheres, com bom papo e até enviando flores. Ganha a confiança delas, passa a frequentar suas casas e as leva para sua residência. Sem motivos, depois de alguns meses agride fisicamente e moralmente sua companheira e a mantém em cárcere privado, expondo-a a todo tipo de abuso”, assinalou a delegada.

Uma profissional autônoma, de 35, iniciou o relacionamento com ele em abril do ano passado. “Estava num bar com amigos e ele se aproximou, monstrando-se uma pessoa agradável. Demos início a um relacionamento, que seguia tranquilo até que em julho fui agredida em minha casa. Ele se desculpou, mas em agosto a situação se repetiu, com socos no rosto e costas. Fiquei refém dele em meu imóvel, sendo agredida física e moralmente a noite toda. O denunciei e ele passou a fazer ameaças. Sou autônoma e tive que parar por três meses até me recuperar”, contou.

Outra das vítimas é uma técnica de enfermagem, de 35. Ela iniciou o relacionamento com Luciano em outubro de 2016, até que em 19 de março último passou por situação semelhante à da profissional autônoma. “Sem motivos, num sábado, ele me agrediu verbalmente, com palavras chulas e com ofensas morais. No dia seguinte, se desculpou e, apaixonada, acreditei nele e fui a um churrasco na casa dele pela manhã. Pouco tempo depois, ele iniciou uma discussão, pois queria a senha do meu telefone. A partir de então tiveram início as agressões, com tapas, puxões de cabelo, empurrões, xingamentos, intimidações e diversas relações sexuais forçadas. Pensei que ia morrer e fui tentando acalmá-lo, conversando com ele. Quando me deixou ir, prestei queixa, pois quero vê-lo preso”, afirmou.

A técnica de enfermagem disse que, nos seis meses de relacionamento, não viu traços de problemas psicológicos no empresário, que segundo ela, em tom de brincadeira usava palavras que a degradavam, mas não a agredia fisicamente. Porém, no ataque de fúria em que a fez refém, demonstrou insanidade. “Entre um momento e outro, ele cuidava dos meus ferimentos e me obrigava a tomar medicamentos para a dor. Pegou um pano de chão com gelo, o colocou sobre as lesões e disse: 'Papai te ama. Isso é coisa da sua imaginação'”.
Delegada, ao receber duas denúncias, pediu prisão preventiva(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A.Press)
Delegada, ao receber duas denúncias, pediu prisão preventiva (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A.Press)

Um traço que as três mulheres dizem ter percebido no período não conturbado do relacionamento é que Luciano procurou afastá-las do círculo de amizade delas. Ele chegou a se relacionar com a família das vítimas. Mas se monstrava extremamente possessivo e não gostava que elas recebessem ligações telefônicas. Na maioria das agressões, ele iniciou uma discussão por causa de chamadas telefônicas que suas companheiras receberam e partiu então para as agressões.

Para a delegada Ana Paulo Balbino, a cada nova vítima, percebe-se cada vez mais o descontrole do empresário, em relação à agressividade. “É urgente que ele esteja preso, pois ameaçou suas ex-companheiras. Ele em liberdade, pode acabar cometendo crime de feminicídio”, alertou. Além de indiciá-lo por agressão e cárcere privado, a delegada analisa que outros delitos ele cometeu, como o estupro, já que o empresário manteve relações sexuais com as vítimas em momento de intimidação, em que eram reféns.

A policial investiga suspeitas de que outras mulheres tenham sido alvo de Luciano, bem como crime de extorsão contra algumas das vítimas. No começo da noite desta quarta-feira, depois da divulgação do caso, Ana Paula foi procurada por uma mulher, que seria a sétima vítima do agressor. Ele vai ser indiciado com base na Lei Maria da Penha, que prevê punições rigorosas para crimes de gênero.


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