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Estado de Minas

Vida resiste à poluição do Rio das Velhas, entre Nova Lima e Rio Acima

Pescadores encontrados ali por perto também relataram que a pescaria ainda é possível em alguns pontos


postado em 02/06/2017 06:00 / atualizado em 02/06/2017 07:57

Remadores identificaram dourado saltando em trecho em que o rio já é muito castigado(foto: Túlio Santos/EM/DA Press)
Remadores identificaram dourado saltando em trecho em que o rio já é muito castigado (foto: Túlio Santos/EM/DA Press)

Nova Lima, Raposos e Rio Acima – O ponto onde o Alto Rio das Velhas mais recebe cargas de sedimentos provenientes de empreendimentos imobiliários, bota-foras clandestinos e aterros ilegais dá amostra de que a natureza ainda resiste. Ontem, quinto dia da expedição “Rio das Velhas, te quero vivo”, expedicionários que navegavam em seus caiaques entre Nova Lima e Rio Acima testemunharam o salto de um dourado de aproximadamente cinco quilos, considerado raríssimo naquela altura, sobretudo com esse porte.

“Pulou bem na frente do meu caiaque. Foi impressionante, um peixe daquele tamanho já dentro da Grande BH, depois de a gente ter passado por tantos lugares onde se despeja entulho diretamente no rio”, disse o piscicultor e integrante do Projeto Manuelzão, de revitalização do Rio das Velhas, Erick Sangiorgi. De acordo com ele, pescadores encontrados ali por perto também relataram que a pescaria ainda é possível em alguns pontos. “Disseram que também têm pegado boas curimbas. Isso significa que ainda é possível ter um rio saudável, basta ter vontade e partir para a preservação. Temos que acabar com as barreiras químicas do encontro com os ribeirões do Arrudas e do Onça, que inibem a circulação dos peixes territoriais”, disse Sangiorgi.

O de ontem foi o trecho em que os expedicionários que descem em quatro caiaques encontraram mais despejos de entulho – que é carreado para o leito do Rio das Velhas –, desmoronamentos de encostas desprotegidas pela mata ciliar e outros tipos de agressões que aos poucos assoreiam o rio, tornando-o mais raso. “A qualidade do rio está melhor do que a vimos na expedição de 2003, mas temos impactos que continuam ocorrendo. Neste trecho aqui, a falta de planejamento urbano traz aterramentos para expansão das habitações, principalmente as de menor poder aquisitivo. E são essas as primeiras a serem atingidas pelas enchentes”, alerta o coordenador geral do Subcomitê de Bacia Hidrográfica Nascentes, Ronald Guerra, o “Roninho”.

Ronald também alerta que a falta de chuvas pelo quinto ano consecutivo agrava ainda mais o assoreamento. Cada trecho que a expedição percorre vai integrar um dossiê do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas, afirma o presidente da entidade, Marcus Vinicius Polignano. “O pior local até agora é um empreendimento em Nova lima, onde a construtora simplesmente devastou a mata da Área de Proteção Permanente (APP), a floresta de mata ciliar que protegia as margens do rio das enxurradas e da deposição direta e descontrolada de sedimentos”, disse Polignano.
Margens sofrem com agressões à mata ciliar em áreas de preservação permanente(foto: Túlio Santos/EM/DA Press)
Margens sofrem com agressões à mata ciliar em áreas de preservação permanente (foto: Túlio Santos/EM/DA Press)

No caso, segundo o CHB-Velhas, a mata deveria ter 100 metros a partir de cada margem, mas essa faixa não chega à metade. A equipe do EM tentou contato com responsáveis pelo empreendimento, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição. “Outro lugar que nos preocupa, por ser uma fonte de contaminação para o Rio das Velhas é o velho Aterro do Galo, que foi fechado, mas que ainda pode continuar a ter resíduos sendo lançados barranco abaixo”, disse o presidente do CBH-Velhas.

O assoreamento e a falta de chuvas já preocupam a Copasa, que mantém a captação de Bela Fama, que já foi responsável pelo abastecimento de 60% da Grande BH, mas que atualmente, sofre para chegar a 40%, segundo o assessor da diretoria metropolitana da concessionária, Rogério Sepulveda. “A quantidade de água disponível está muito reduzida e acabou de passar a época das chuvas. Ou seja, vamos passar pela seca só com a água dos aquíferos, em um ambiente em que o uso da água é o mesmo e temos impactos como assoreamento, devastação das margens entre outros”, alerta.


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