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Estado de Minas

Homem que matou na contramão da Raja Gabaglia diz que não se lembra de nada

Crime ocorreu em 2008. Questionado pela juíza, Gustavo Bittencourt disse só recordar do momento da batida. Família espera condenação


postado em 16/02/2017 10:15 / atualizado em 16/02/2017 12:20

Gustavo Henrique Oliveira Bittencourt (dir), ao lado de Bruno Nunes de Castro (esq), filho da vítima(foto: Edésio Ferreira/EM/DA Press)
Gustavo Henrique Oliveira Bittencourt (dir), ao lado de Bruno Nunes de Castro (esq), filho da vítima (foto: Edésio Ferreira/EM/DA Press)
Começou, às 9h desta quinta-feira, no 2º Tribunal do Júri de Belo Horizonte, o julgamento do administrador de empresas Gustavo Henrique Oliveira Bittencourt, 31 anos, que provocou um acidente que terminou na morte do empresário Fernando Félix Paganelli, de 59, na Avenida Raja Gabaglia, Região Centro-Sul da capital. Sentado no banco dos réus, ele disse não se lembrar de detalhes do acidente.

A sessão é presidida pela juíza Maria Isabel Fleck, em substituição ao juíz titular, Gluaco Soares, que está de licença por conta da morte da mãe. Na abertura do júri, ela leu a denúncia, que dá conta de que Gustavo estava em um motel na BR-356, aparentemente na presença de mulheres, onde alugaram duas suítes. Na saída, ele passou pelo Bairro Buritis, Oeste de BH, antes de entrar na Raja Gabaglia pela contramão e atingindo o carro de Fernando Paganelli na altura da alça de acesso à BR-356, no Bairro Belvedere.

No início do interrogatório, a juíza ressaltou que Gustavo Bittencourt permaneceu calado durante toda a tramitação do processo, e que hoje seria a primeira vez que falaria. A magistrada fez perguntas de cunho pessoal e sobre o acidente. O estudante revelou não se lembrar de nada, apenas do momento da batida.


Ele disse que um amigo dele dormia no veículo e também não tem muitas recordações. Gustavo também revelou que se mudou para Divinópolis, no Centro-Oeste de Minas, após o acidente, e que tem um filho recém nascido. O réu disse ainda que passa até hoje por tratamento psicológico depois da batida e também falou que naquele dia estava indo para casa, no Bairro de Lourdes, Centro-Sul da capital. Porém, ele não explicou porque estava subindo a Raja Gabáglia e não descendo, caminho natural para o Bairro de Lourdes. 

O réu se recusou a responder as perguntas feitas pelo promotor Francisco Santiago, que representa o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG). Entre as questões, Santiago perguntou o que Gustavo fez com os R$ 300 que sacou quando estava no motel, se ele prestou socorro a Fernando Paganelli e se ele procurou saber a situação da viúva do empresário, Ana Cristina Tavares Nunes Paganelli de Castro, que teve um AVC meses depois do acidente.

Defesa e acusação arrolaram oito pessoas como testemunhas, que foram dispensadas com o consentimento das partes. O conselho de sentença é composto por cinco mulheres e dois homens.

O acidente foi na madrugada de 1º de fevereiro de 2008. O carro de Gustavo estava na contramão e bateu de frente com o carro da vítima, que estava a caminho do trabalho. De acordo com a denúncia do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), depois da batida o estudante fugiu do local e foi encontrada uma lata de cerveja amassada dentro do seu carro. Gustavo foi preso no mesmo dia e se recusou a fornecer material para exame de teor alcoólico. Ele foi solto dois meses depois, graças a uma liminar do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que suspendeu a prisão preventiva.

EXPECTATIVA A família de Paganelli espera que Bittencourt seja condenado. “Foi um ato inconsequente, uma junção de fatores. Não foi um acidente de trânsito, isso foi um crime, por ter subido na contramão embriagado, em alta velocidade, não ter prestado socorro”, diz um dos filhos da vítima, Bruno Nunes de Castro. “Isso acarretou na nossa família diversas perdas diárias, porque minha mãe logo depois teve um AVC. Eu com 15 anos, meu irmão com 13, a gente praticamente teve que inverter os papéis, viramos mãe e pai dela”, disse o rapaz.

Os dois adolescentes cuidaram da mãe, que ficou dois anos internada.  “Tudo que a gente passa diariamente, nenhuma pena no mundo vai reverter essa situação, mas é uma forma de demonstrar um alívio pra gente e mostrar que os atos são puníveis”, diz o rapaz. “Tudo que eu queria era não estar aqui, vivendo esse momento, te dando essa entrevista, eu só queria meu pai”, lamenta Bruno.

Antes da sessão, o promotor Francisco Santiago disse que acredita na condenação do acusado. “Venho com a expectativa não da condenação, mas de fazer um trabalho bem feito, de convencer os jurados de que esse crime - que será um marco em Belo Horizonte -, de que quem sai dirigindo um veículo, com alta velocidade, na contramão de direção, após ingerir bebida alcoólica, tem que ser penalizado”, analisa o promotor. “Não é tão simples você fazer o que fez, matar um pai de família, destruir uma família, porque a viúva seis meses depois teve um AVC, proveniente certamente da morte do marido. A gente tem que provar que esse jovem é merecedor de uma condenação”, enfatiza.


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