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Estado de Minas

PBH abre guerra contra o carrapato transmissor da febre maculosa no Parque Ecológico

Prefeitura fecha áreas do parque onde foram encontrados transmissores da doença que matou criança em BH. Medo faz visitação à unidade despencar


postado em 14/09/2016 06:00 / atualizado em 14/09/2016 10:54

Além de aplicar carrapaticida no Parque Ecológico da Pampulha, também estão sendo feitas capinas e irrigação para evitar infestação pelos transmissores da febre maculosa(foto: Alexandre Guzanshe/EM/DA Press)
Além de aplicar carrapaticida no Parque Ecológico da Pampulha, também estão sendo feitas capinas e irrigação para evitar infestação pelos transmissores da febre maculosa (foto: Alexandre Guzanshe/EM/DA Press)
Depois de confirmada a morte de um menino de 10 anos por febre maculosa em Belo Horizonte, um cerco ao carrapato-estrela, transmissor da doença, está sendo montado no Parque Ecológico Francisco José Lins do Rêgo Santos, na Pampulha, onde a criança esteve no fim de agosto e pode ter sido contaminada. Ontem, a prefeitura informou já ter começado a adotar medidas restritivas na área verde, além de reforçar serviços que auxiliam no combate ao parasita, como capina e irrigação. A direção do parque ampliou o isolamento entre o espaço aberto à visitação e a área de preservação ambiental existente dentro da unidade, onde há maior concentração de carrapatos. Com isso, fica fechado o acesso ao chamado Parquinho 2, além do Memorial Japonês e a borda da mata do slackpark (local onde há prática do slackline, esporte de equilíbrio sobre uma fita esticada entre dois pontos). Nesses locais, entre 10 analisados, já havia sido detectada presença de carrapatos. Um novo teste está previsto para os próximos dias, inclusive com ampliação dos pontos analisados.


Por causa da notícia da morte provocada por febre maculosa, a visitação no parque ecológico despencou no último fim de semana: das habituais 8 mil pessoas que passam pelo local aos sábados e domingos, apenas 865 visitas foram registradas, o que representa cerca de 10% do total dos dois dias. A criança vítima da doença esteve na área no dia 20 de agosto, apresentou os primeiros sintomas seis dias depois, foi internada em 2 de setembro e morreu dois dias depois.

Nos últimos 10 anos, esse é o quarto caso confirmado de febre maculosa em residentes de Belo Horizonte. Em dois casos, os pacientes não resistiram. O episódio mais recente ocorreu em 2013, quando a vítima faleceu depois de ter sido contaminada em área próxima ao marco zero da orla da Lagoa da Pampulha. Desde 2014, a SMSA realiza o trabalho de vigilância acarológica para verificação da presença de carrapato-estrela. A análise é feita três vezes ao ano, seguindo o ciclo de reprodução do parasita (abril, agosto/setembro e novembro/dezembro). Em abril, dos 10 pontos analisados, quatro tinham carrapato-estrela, sendo que dois ficam dentro da área de preservação ambiental do parque, onde a visitação é vetada.

Em meio ao clima de alerta, ontem foi aplicado carrapaticida em toda a área de visitação do parque, onde as capivaras não têm acesso, ficando restritas ao entorno. Os animais, assim como cavalos, cães, gatos, pássaros, bovinos e outros são hospedeiros do parasita. Ontem, a equipe do Estado de Minas esteve no local e confirmou o início da adoção das providências. De acordo com o coordenador da Gerência de Controle de Zoonoses da Secretaria Municipal de Saúde (SMSa), Eduardo Viana, a incidência de raios solares sobre focos de carrapatos contribui para reduzir essa população, bem como a presença de umidade no ambiente, o que justifica as ações de capina e irrigação.

VIGILÂNCIA O próximo exame para a identificação de carrapatos no parque já estava marcado para o início deste mês, mas, com a confirmação da morte causada pela febre maculosa, a Gerência de Zoonoses da prefeitura tenta identificar os locais do parque explorados pela criança – que fazia parte de um grupo de escoteiros. “Vamos aproveitar a rotina da vigilância e as informações do chefe dos escoteiros para aprimorar o trabalho. Também vamos ampliar o número de locais analisados, que atualmente são 10”, afirmou Eduardo Viana. Além da orla da Pampulha, o teste, chamado de vigilância acarológica, é feito também três vezes por ano em uma área próxima à Cidade Administrativa, no Bairro Serra Verde, onde também houve identificação de focos do parasita.

Outras áreas verdes da capital, como os parques Municipal e das Mangabeiras, recebem atenção, segundo a secretaria, mas não são consideradas alvo, por não haver registro do carrapato. “Por enquanto, não há indícios de preocupação em outros parques, porque o risco é baixíssimo, embora possa existir. Mas, fazemos ações educativas em toda a cidade e também recebemos demandas espontâneas”, disse Eduardo Viana.

(foto: Arte EM)
(foto: Arte EM)
Outra frente de trabalho será montada no sentido de conscientizar a população sobre cuidados para evitar a doença. “Uma das maiores preocupações no momento é alertar a população sobre os cuidados ao realizar passeios em áreas verdes, tanto em BH quanto em outras regiões do estado”, afirmou a gerente de Vigilância em Saúde da secretaria, Maria Tereza da Costa Oliveira. Ela ressalta que um informativo com dicas e cuidados para evitar a contaminação está sendo distribuído. As recomendações valem também para a identificação de sintomas, que exigem atendimento médico imediato, já que a doença evolui muito rápido e o diagnóstico e tratamento precoces aumentam a chance de cura.

Por meio de sua assessoria de imprensa, o Ministério Público de Minas Gerais informou que 15ª Promotoria de Justiça de Defesa do Meio Ambiente, Patrimônio Histórico e Cultural acompanha a situação das capivaras na orla da Lagoa da Pampulha desde a morte registrada pela doença em 2013, e que está avaliando este último caso para definir que providências devem ser adotadas.

Palavra de especialista

Carlos Starling,
vice-presidente da Sociedade Mineira de Infectologia

Fechar não
é solução

No caso do parque ecológico da Pampulha, a solução não está no fechamento da unidade. Carrapatos existem em outros lugares e estão presentes em outros hospedeiros, não só nas capivaras. Estão disseminados por toda a Região Sudeste do país . Por isso, é preciso fazer o controle dessa população. Um trabalho que não pode ser intensificado apenas quando alguém morre, mas precisa ser contínuo. É claro que é um problema de complexidade ecológica enorme, difícil de ser resolvido. Não adianta remover capivaras da orla, porque outros hospedeiros circulam por lá. É preciso que sejam feitos estudos, pesquisas, mapeamento de animais, além de um amplo trabalho de conscientização da população.


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