Na Paralimpíada 2016, que começa em 7 de setembro, no Rio de Janeiro, e vai até o dia 18, entram em campo mais do que o sonho de ultrapassar recordes mundiais ou a necessidade de superar limitações de ordem física. Só o fato de ter nascido ou se tornado deficiente físico, condição que afeta 1,3% da população brasileira, como os entrevistados desta reportagem do Estado de Minas, exige ter disposição para encarar uma maratona diária pela sobrevivência, ultrapassando obstáculos às vezes imperceptíveis para o restante das pessoas, como degraus nos passeios, barreiras no mercado de trabalho e, principalmente, o olhar de superioridade do outro.
Sem precisar de pausa para respirar, Moisés Jorge, de 15 anos, explica como é a sensação de ser visto como alguém incompleto, por não ter o perfeito jogo das pernas. “Detesto essa cara de dó, essa mesma com que todos me olham, como se eu fosse um lixo humano”, diz. Quando se revela por inteiro, o garoto ganha um atestado de capacidade. “À medida que vou conversando, descobrem que jogo basquete em cadeira de rodas, estudo no segundo ano (do ensino médio) e sou um cara inteligente, conversado”, emenda Moisés Jorge. Ele ganha status de tranquilão, de apelido Moi (redução do nome dele) e planos de cursar educação física.
Portador de paralisia cerebral, Moi sempre gostou de praticar esportes, com ou sem o objetivo de reabilitação dos movimentos. Além de acompanhar os jogos pela TV, arriscava-se com o irmão nas peladas de rua, em Justinópolis. “Entrava nas partidas, mesmo tendo pouco equilíbrio. Não estava nem me importando com o resultado. Queria estar feliz jogando”, diz ele que, em outubro, fará a terceira cirurgia nos dois joelhos.
Mesmo não sendo cadeirante, Moisés Jorge treina basquete em cadeira de rodas com a turma do Sesc do Bairro da Gameleira, aos sábados. Segue de ônibus para o treino, levado pela mãe, a dona de casa Maria Aparecida da Silva Leite. “Tive sorte, pois meus dois filhos gostam de estudar. O mais velho vai para o lado da computação e o Moisés prefere esporte”, afirma.
Na modalidade, a exigência do uso da cadeira de rodas ajuda a igualar os níveis de limitação corporal, porque alguns alunos podem ter força no torso ou apenas nos braços e pescoço. Por meio de uma faixa, os atletas são fixados à estrutura, de rodas largas e adaptada a cada tipo de corpo. Na frente, uma barra de ferro protege as pernas do impacto dos choques. “Experimente jogar sentado. É muito mais difícil, pois exige força nos braços. No início, achava a bola superpesada”, diz o jovem, sorrindo.
Para Márcio Cançado, treinador da Associação Mineira de Reabilitação (AMR), que vai promover olimpíada interna no segundo semestre, a vantagem de ensinar basquete, handebol ou bocha na entidade é tirar o aluno do papel de coadjuvante e elevar a autoestima dele, a ponto de ocupar a função de protagonista. Ao conhecer as próprias habilidades motoras, o cadeirante poderá propor brincadeiras de bola e em equipe, em vez de ser isolado da roda de colegas da escola ou do bairro.
Ao contrário, o esporterapeuta defende que os para-atletas devem ter respeito maior do público, em dobro: “A luta deles começa ao sair de casa para treinar, trombando em passeios sofríveis, encarando ônibus com espaço adaptado a um cadeirante por vez. Para eles, tudo é mais moroso e cheio de barreiras”. Merecem aplausos, com direito a bis, por serem “meninos que queriam alcançar o sol” e “meninas que queriam ser livres como as sereias”, conforme ensinam os grafites de Rogério Fernandes, lindamente impressos nas paredes da AMR.
Sem precisar de pausa para respirar, Moisés Jorge, de 15 anos, explica como é a sensação de ser visto como alguém incompleto, por não ter o perfeito jogo das pernas. “Detesto essa cara de dó, essa mesma com que todos me olham, como se eu fosse um lixo humano”, diz. Quando se revela por inteiro, o garoto ganha um atestado de capacidade. “À medida que vou conversando, descobrem que jogo basquete em cadeira de rodas, estudo no segundo ano (do ensino médio) e sou um cara inteligente, conversado”, emenda Moisés Jorge. Ele ganha status de tranquilão, de apelido Moi (redução do nome dele) e planos de cursar educação física.
Portador de paralisia cerebral, Moi sempre gostou de praticar esportes, com ou sem o objetivo de reabilitação dos movimentos. Além de acompanhar os jogos pela TV, arriscava-se com o irmão nas peladas de rua, em Justinópolis. “Entrava nas partidas, mesmo tendo pouco equilíbrio. Não estava nem me importando com o resultado. Queria estar feliz jogando”, diz ele que, em outubro, fará a terceira cirurgia nos dois joelhos.
Mesmo não sendo cadeirante, Moisés Jorge treina basquete em cadeira de rodas com a turma do Sesc do Bairro da Gameleira, aos sábados. Segue de ônibus para o treino, levado pela mãe, a dona de casa Maria Aparecida da Silva Leite. “Tive sorte, pois meus dois filhos gostam de estudar. O mais velho vai para o lado da computação e o Moisés prefere esporte”, afirma.
Na modalidade, a exigência do uso da cadeira de rodas ajuda a igualar os níveis de limitação corporal, porque alguns alunos podem ter força no torso ou apenas nos braços e pescoço. Por meio de uma faixa, os atletas são fixados à estrutura, de rodas largas e adaptada a cada tipo de corpo. Na frente, uma barra de ferro protege as pernas do impacto dos choques. “Experimente jogar sentado. É muito mais difícil, pois exige força nos braços. No início, achava a bola superpesada”, diz o jovem, sorrindo.
Para Márcio Cançado, treinador da Associação Mineira de Reabilitação (AMR), que vai promover olimpíada interna no segundo semestre, a vantagem de ensinar basquete, handebol ou bocha na entidade é tirar o aluno do papel de coadjuvante e elevar a autoestima dele, a ponto de ocupar a função de protagonista. Ao conhecer as próprias habilidades motoras, o cadeirante poderá propor brincadeiras de bola e em equipe, em vez de ser isolado da roda de colegas da escola ou do bairro.
Ao contrário, o esporterapeuta defende que os para-atletas devem ter respeito maior do público, em dobro: “A luta deles começa ao sair de casa para treinar, trombando em passeios sofríveis, encarando ônibus com espaço adaptado a um cadeirante por vez. Para eles, tudo é mais moroso e cheio de barreiras”. Merecem aplausos, com direito a bis, por serem “meninos que queriam alcançar o sol” e “meninas que queriam ser livres como as sereias”, conforme ensinam os grafites de Rogério Fernandes, lindamente impressos nas paredes da AMR.