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Estado de Minas

Universitária detalha ao EM assédio por motorista do Uber, em BH

Motorista tentou iniciar conversas de natureza sexual e tentou beijar a jovem em uma rua deserta da Região da Pampulha, na noite de sexta. Ele foi desligado do aplicativo nesta segunda


postado em 12/07/2016 12:15 / atualizado em 12/07/2016 12:41

Caso foi publicado no Facebook e teve centenas de curtidas e compartilhamentos (foto: Facebook/Reprodução)
Caso foi publicado no Facebook e teve centenas de curtidas e compartilhamentos (foto: Facebook/Reprodução)
O assédio cometido por um motorista do Uber contra a estudante de psicologia E. M. M., de 20 anos, surge como nova denúncia relacionada ao aplicativo nas redes sociais e coloca em alerta várias mulheres que utilizam o serviço e outros tipos de transporte. Ouvida pela reportagem do Estado de Minas, a jovem conta que o caso aconteceu depois que ela e as amigas acionaram o serviço pelo celular ao saírem de uma casa noturna e combinarem que o motorista deixaria uma por uma em casa.  

Na primeira parada, as amigas finalizaram a corrida e resolveram acionar o aplicativo novamente para que outra corrida fosse iniciada, mas a plataforma não funcionou. O motorista sugeriu então que o restante do serviço fosse feito de forma particular. Uma das jovens foi deixada um bairro da Região Noroeste e E.M ficou por último no carro. Nesse momento, o motorista a pediu que ela sentasse na frente, para ajudá-lo a identificar o caminho pelo GPS. "Achei um pouco estranho e como ele tinha dito que não era brasileiro achei que ele poderia ter dificuldades e passei pra frente", lembra ela.

A estudante conta que até então o motorista agia de forma natural, mas que no trajeto até sua casa começou a tocá-la enquanto conversavam. "Pouco depois que  arrancou o carro, ele encostou a mão na minha perna, foi quando eu comecei a me arrepender de ter passado para a frente. Cheguei a achar que era o jeito dele, conversar encostando, mas quando aconteceu pela segunda vez estranhei muito", conta.

O motorista que se identificou como egípcio ainda iniciou conversas de natureza sexual, que constrangeram a universitária. O homem que dirigia a 45 quilômetros por hora, mesmo no Anel Rodoviário, ainda fazia perguntas íntimas e chegou a pedir que a jovem o beijasse.  "Ele ficava me perguntando como funcionavam as coisas por aqui, depois fez perguntas mais íntimas e eu tentei desviar o assunto o tempo todo", conta.

A situação ficou ainda mais crítica quando entraram em uma rua deserta e o motorista parou o carro alegando que "queria um beijo de toda forma". "Ele chegou a puxar meu pescoço e eu repetia que não", lembra. Ao deixá-la em casa o homem insistiu mais uma vez e reagiu com deboche à negativa da estudante.

O trajeto até a casa de E.M durou 25 minutos, cronometrados no relógio desde que saiu da casa da amiga. "Nós, mulheres, sentimos medo a todo momento", lamenta. "Fiquei pensando o que eu ia falar. Fiquei com medo de ser agressiva e ele reagir. E fiquei com medo dele não respeitar meu não", diz. Assim que chegou em casa, a universitária mandou mensagem para as amigas relatando o ocorrido.  

Uma das garotas, que tinha acionado o motorista via aplicativo, chegou a denunciá-lo e ele foi desligado do Uber ainda nesta segunda-feira, segundo a assessoria de impresa. "Meus amigos e familiares me deram muito apoio. Recebi várias mensagens de pessoas querendo saber como eu estava e várias pessoas me contando que já passaram por situações parecidas", conta a jovem.

Passado o assédio, segundo a jovem, o sentimento é de raiva. "Estou com raiva, raiva do motorista e das pessoas que julgam sem conhecimento dos fatos", afirma. De acordo com ela, alguns comentários feitos em redes sociais chegaram a sugerir que a jovem teria inventado a história para aparecer. "Isso é reflexo de uma sociedade machista. Gostaria de falar para que as mulheres se unam, ao invés de ficarem julgando umas às outras", ponderou.

E o medo, para ela,  vai além de andar sozinha à noite, já que o assédio acontece não só dentro desse contexto, mas também em escolas, boates e nas ruas. "Isso acontece de dia, na frente de muita gente. Os homens se sentem livres para fazer o que bem entendem com mulheres e acham que o não pode virar um sim se eles insistirem", comenta a jovem que lembra que antes da punição é preciso educar a sociedade para o respeito às mulheres. "É mais fácil acreditar que a vítima inventou uma história, do que acreditar que homens assediam", garante.

Em nota, a Uber afirmou que “não tolera qualquer tipo de assédio”. “Entramos em contato com a vítima, para verificar a sua segurança. Enquanto isso, o motorista parceiro foi desligado da plataforma”, informou. A companhia acrescentou que, ao chamar um Uber, o usuário tem acesso a foto, nome do condutor, modelo e placa do carro. A empresa garantiu ainda que, para se cadastrar como parceiro, o candidato passa por checagem de antecedentes criminais nas esferas federal e estadual.
 


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