
Para alguns casais que sonharam durante anos com um filho, a felicidade chegou em dose dupla. É o caso da professora de geografia Aline Machado Maksud, de 33 anos, e do marido, o professor Hissa Maksud, de 42. Há seis meses, com ajuda do laboratório, eles ganharam as gêmeas Júlia e Laura. O casal descobriu em 2010 que teria dificuldade para engravidar e procurou ajuda no sistema público de saúde, entrando na fila de espera. Em janeiro de 2015, chegou a notícia da gravidez. “A espera na fila foi de dois anos e o meio para o tratamento. Na primeira tentativa vieram as gêmeas, nosso maior sonho. Fiquei duplamente feliz”, conta Aline.
Grávida de nove meses, a servidora pública Rebeca de Carvalho, de 35, conta os dias para o nascimento do filho Lucas. “É um processo tão longo que a gente passa até chegar aqui que, quando chega o momento, aquele resultado positivo, dá vontade de soltar foguete. Cada dia é uma alegria. Não dá para você explicar. Só entende quem passa pelo problema da gente”, disse ela, emocionada.
A servidora pública conta que a sua luta começou há quatro anos. “Fizemos algumas fertilizações in vitro particulares e não deram certo. Depois de três anos e meio na fila, fui chamada pelo Hospital das Clínicas. Os remédios, a tecnologia e a qualidade são os mesmos dos laboratórios particulares e deu certo. Nesse meio tempo, abrimos nosso coração e estamos na fila de adoção também. Mesmo com o Lucas, vamos adotar outra criança. Estamos aguardando o Rafael ou a Manuela chegar”, disse Rebeca.
A atendente de telemarketing Amanda Lúcia Bernardino de Souza, de 35, conta que esperou 12 anos por Gabrielle, de 1 ano e um mês, que chegou na terceira tentativa no HC. “Se não fosse no Hospital das Clínicas, eu não teria como fazer o tratamento em outro lugar. Ser mãe foi uma vitória na minha vida. Não tem preço”, disse Amanda. “Cheguei ao ponto de quase desistir, mas o meu marido não me deixou fraquejar. Minha filha é a prova viva da minha felicidade”, disse Amanda.
Os interessados no tratamento que realizou o sonho dessas mães devem procurar um Centro de Saúde da capital para avaliação e exames básicos. As pacientes com indicação são encaminhadas ao Posto de Atendimento Médico do Bairro Sagrada Família. Depois, vão para o Hospital das Clínicas. “O tratamento é gratuito. Infelizmente, o SUS não financia o hospital para esse tipo de intervenção, que é financiada com recursos próprios”, conta o subcoordenador do laboratório, o médico Francisco de Assis Nunes.
O casal paga apenas pelos medicamentos. “A gente emite a receita e eles vão a uma farmácia. A medicação custa entre R$ 3 mil e R$ 5 mil por tentativa, o que dificulta o acesso de muitos casais”, lamenta o médico. “Infelizmente, só conseguimos atender 20 candidatos por mês e a fila é de mais de 2 mil casais. O tempo de espera é de três a quatro anos”, completou o médico.
Nesses 28 anos de laboratório, Francisco disse ter perdido a conta de quantas crianças ajudou a colocar no mundo. “Se tivesse sido apenas um bebê, eu faria 11 mil vezes para conseguir. É muito bom o sorriso dessas crianças e a alegria das mães”, disse o médico. Pai de dois filhos, ele disse se sentir também pai de cada menino e menina que ajudou a nascer. “Deus está lá em cima. Ele é quem manda. Se Ele mandar, vai acontecer. A gente ajuda no que está ao nosso alcance”, disse Francisco, emocionado.
