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Estado de Minas

BHTrans pode reduzir preço das passagens de ônibus fora do horário de pico

Depois de aumentar valor das passagens duas vezes em 2015, BHTrans estuda implantar tarifa menor fora dos horários de pico. Meta é estimular motoristas a deixar carro em casa


postado em 20/04/2016 06:00 / atualizado em 20/04/2016 07:54

Ponto de ônibus no Barro Preto: além de diminuir tarifa fora do horário de rush, BHTrans estuda aumentar linhas nos fins de semana e à noite(foto: Alexandre Guzanshe/EM/DA Press)
Ponto de ônibus no Barro Preto: além de diminuir tarifa fora do horário de rush, BHTrans estuda aumentar linhas nos fins de semana e à noite (foto: Alexandre Guzanshe/EM/DA Press)
Quase três anos depois do início dos protestos contrários aos aumentos das passagens de ônibus em todo o país, nas manifestações que ficaram conhecidas pelo slogan “não é só pelos R$ 0,20”, a BHTrans estudará a possibilidade de reduzir as tarifas dos coletivos nos horários fora de pico. A empresa também vai analisar a viabilidade da criação de linhas que operem apenas no horário noturno e nos finais de semana.


O objetivo das duas propostas é atender demandas específicas, como jovens que se divertem à noite e famílias que passeiam nos sábados e domingos, mas, sobretudo, estimular a população a deixar o veículo em casa e migrar para o transporte coletivo. A ideia é melhorar o fluxo do trânsito na cidade. Como mostrou o Estado de Minas no domingo, em 10 anos, a frota quase dobrou. Passou de 860.440 veículos, em janeiro de 2006, para 1.711.139 unidades em igual mês de 2016.

O aumento de 98% na quantidade de motores em BH obrigou a prefeitura, em parceria com a sociedade, a discutir metas para melhorar a segurança e o trânsito na cidade. A possibilidade da redução da tarifa fora do horário de pico e a criação de linhas que operem nos horários noturnos e finais de semana fazem parte da pauta do Observatório da Mobilidade Urbana de BH.

Até o fim do ano, um documento com metas deverá ser divulgado pela empresa pública. O texto trará propostas a serem implantadas em três horizontes: curto prazo (até 2020), médio (até 2025) e longo (até 2030). Cada horizonte levará em conta diversos itens, como previsão orçamentária e indicadores econômicos.

“A tarifa fora do pico traz grande benefício, porque posso migrar passageiros que hoje embarcam no horário de pico para fora dele, melhorando o conforto e atraindo novos usuários para o sistema do transporte coletivo”, avaliou Célio Freitas, diretor de Planejamento da BHTrans. O horário de pico oscila na capital, mas, em grande, vai das 6h às 9h e das 17h30 às 19h30.

Freitas não estimou, no caso de a proposta ser aprovada, qual será a redução. Atualmente, quatro tarifas vigoram nos coletivos gerenciados pela prefeitura: R$ 3,70 para as linhas troncais (Move) e diametrais (bairro a bairro), R$ 2,65 para as circulares e alimentadoras e R$ 0,85 para as que rodam em vilas e favelas. Nas executivas, dependendo do trajeto, os preços são de R$ 6,90 e R$ 5,55. Vale lembrar que as passagens foram reajustadas duas vezes em 2015: em outubro e em dezembro.

Custo alto A eventual redução nas tarifas melhorará o chamado índice de acessibilidade econômica, indicador da BHTrans que mede o custo de 50 viagens em relação ao salário mínimo (R$ 880). Em 2013, ao rever o seu plano estratégico, a empresa pública estimou que o indicador em 2016 seria 16,73%. A meta não foi atingida: o índice hoje é de 21%. Atualmente, o passageiro paga R$ 185 em 50 viagens nos coletivos de R$ 3,70.

Freitas justificou que a meta não foi atingida, em grande parte, pela crise econômica, o que impediu o governo federal de fazer repasses que haviam sido acertados com a prefeitura.

“Contávamos com recursos do PAC da Copa do Mundo e do Pacto das Cidades. No caso de Belo Horizonte, conseguimos ‘enquadrar’ 375 milhões. Veio a crise e o contingenciamento. Faríamos a estação São José, mais 100 km de ciclovias, o BRT na Avenida Amazonas. Se fizéssemos isso, teríamos melhor condições de atingir os objetivos estratégicos”.

Já a proposta de criar linhas exclusivas para o horário noturno e fins de semana está atrelada a uma futura pesquisa sobre origem e destino. A atual, apelidada de OD, leva em conta a saída e a chegada dos passageiros nos dias úteis e no horário diurno.

“A OD foi feita em dia útil. A rede durante a semana é construída para trabalho, escola, médico... Não sabemos qual o desejo da população para o fim de semana e para a rede noturna”, disse Freitas.

O Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (Setra-BH) informou que só irá se manifestar sobre as duas propostas depois da conclusão dos estudos.

Para Kátia Silvestre, passagem deveria ficar mais barata para todos(foto: Alexandre Guzanshe/EM/DA Press)
Para Kátia Silvestre, passagem deveria ficar mais barata para todos (foto: Alexandre Guzanshe/EM/DA Press)
Passageiros pedem redução geral

Passageiros de ônibus de Belo Horizonte são favoráveis à redução da tarifa fora dos horários de pico, como propõe a BHTrans, mas cobram também passagens mais baratas nos demais períodos. “Quem deve pagar menos é o trabalhador, ainda mais com essa crise econômica. Ninguém está tendo dinheiro”, defende o estudante Mateus Souza Carvalho, de 20 anos.“A BHTrans também deveria investir mais na educação dos motoristas. Hoje (ontem), por exemplo, um motorista da linha 1509 (Califórnia/Tupi) não esperou um cego entrar direito e arrancou. O homem quase caiu”, reclamou.

A assistente administrativa Daniela Castro, de 36, usa o coletivo para trabalhar e considera a tarifa cara. “A passagem deveria ser menor também no horário de pico, pois trabalhadores e estudantes usam ônibus”, disse. Já a auxiliar de serviços gerais Kátia Lidiane Silvestre, de 35, defende uma passagem mais barata para todos, independentemente do horário. Ela sugere também mais linhas nos fins de semana. “Se houvesse novas linhas nos fins de semana e à noite seria muito bom. Costumo usar o ônibus para passear e visitar parentes no fim de semana. É muito difícil”, afirmou. (Pedro Ferreira)


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