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Estado de Minas

Motoristas cobram do Uber perdas com redução da tarifa

Motoristas que usam aplicativo cruzam os braços para pedir revisão no preço das tarifas. Reclamação é de que serviço não tem mais rentabilidade de antes


postado em 29/03/2016 06:00 / atualizado em 29/03/2016 07:17

Emerson Tavares afirma que a concorrência aumentou e a rentabilidade e qualidade do serviço diminuíram(foto: Juarez Rodrigues/EM/DA Press)
Emerson Tavares afirma que a concorrência aumentou e a rentabilidade e qualidade do serviço diminuíram (foto: Juarez Rodrigues/EM/DA Press)
Parte dos motoristas que prestam o serviço de transporte para a multinacional Uber cruzou os braços e desligou o aplicativo por 24 horas cobrando uma posição da companhia norte-americana com relação ao preço das tarifas. Com redução média de 15% no valor global em novembro do ano passado – tanto para o serviço black, que usa carros executivos, quanto para a versão X, com veículos populares –, além da alta de combustíveis e custos de manutenção, condutores reclamam que a atividade não está tendo mais uma rentabilidade que proporcione a qualidade divulgada pela empresa no momento da entrada no mercado brasileiro. No protesto que ocorreu ontem nas cidades onde já existe a oferta do serviço, organizadores estimam que houve adesão de cerca de 80% da categoria, o que equivale a 8 mil motoristas levando em consideração os 10 mil parceiros informados pela Uber. A intenção deles é pressionar a companhia para aumentar a tarifa, garantindo um melhor rendimento para os condutores, que, atualmente, trabalham em Belo Horizonte, São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Porto Alegre, Campinas, Goiânia, Recife e Curitiba.

Em BH, vários motoristas aderiram ao protesto. Um deles é Emerson Tavares, de 43 anos, que está filiado ao aplicativo desde setembro do ano passado e enfrenta dificuldades para manter o padrão de quando começou a atender passageiros na capital mineira. “Trabalhava seis dias por semana, de oito a 10 horas por dia, e tirava cerca de R$ 1,2 mil a R$ 1,7 mil por semana. Hoje, para fazer esse mesmo valor, preciso trabalhar de 10 a 14 horas por dia”, afirma. Tudo isso porque, segundo o motorista, a empresa reduziu a tarifa com o objetivo de aumentar a demanda, mas encheu as ruas de novos parceiros, anulando a possibilidade de incrementar o serviço dos condutores antigos. Para Tavares, essa situação impacta diretamente na qualidade do serviço, pois falta dinheiro para a manutenção correta do carro e oferta dos atrativos que chamaram a atenção do público, como água e guloseimas. “Meu carro estava com pneu careca e não tinha dinheiro para a troca. Tive que usar o cartão de crédito. Bala a gente ainda oferece, mas água já estamos parando”, detalha.

Outro motorista que também aderiu ao protesto diz que o problema é ainda maior. Segundo ele, que não quis se identificar, a Uber entrou no Brasil aproveitando a brecha deixada por deficiências no serviço de transporte prestado pelos taxistas com a oferta de um transporte executivo. Carros de luxo, ar-condicionado, água, chocolates, roupas próprias e outros mimos. “Depois que entraram, eles lançaram a versão popular, baixaram o preço da tarifa e aumentaram o número de carros. Antes, chegavam a dar até incentivos financeiros por número de corridas, o que não existe mais”, explica ele, que possui um veículo na categoria black, que ele dirige, e outro na categoria X, conduzido por outro motorista.

Para Nelson Bazolli, presidente da Associação dos Motoristas Parceiros das Regiões Urbanas do Brasil (Amparu), organizadora do protesto, a estratégia mundial da Uber em reduzir as tarifas deu um tiro no pé dos parceiros. “Está matando a galinha dos ovos de ouro por inanição”, diz. Bazolli afirma que o ideal para equilibrar a atividade e garantir um lucro que possibilite a prestação do serviço com excelência é o aumento de 35% nas tarifas, levando em conta a alta de custos e a reposição do desconto de 15% dado no fim do ano passado.
O cenário que atualmente regula a atuação dos motoristas da Uber levou José Silvério Mendes, de 44, a desistir do serviço. Há três meses ele não trabalha mais em parceria com a empresa e nem pretende voltar a dirigir dessa forma. Para José Silvério, a única vantagem que restou é a plataforma tecnológica usada. “Não tem ninguém mais preocupado com roupa, qualidade ou mimos. A plataforma ainda funciona muito bem. Tirando essa parte, não existe mais diferencial”, avalia.

DEMANDA Em nota, a Uber informa que existem 10 mil motoristas parceiros no Brasil e o protesto foi feito por uma parcela pequena do grupo. De acordo com a empresa, o tempo médio de espera por um carro, que é de cinco minutos, foi respeitado mesmo com a paralisação. A companhia explica que a redução de tarifa teve como objetivo aumentar a demanda e, com isso, possibilitar mais corridas aos parceiros, o que também significa mais rendimento. Segundo a multinacional, não há previsão de aumento de tarifa neste momento. Os motoristas parceiros recebem 80% do valor das corridas no caso da modalidade black e 75% para os parceiros do serviço.

Lei não sai do papel


Prometida para 8 de março, a regulamentação da Lei Municipal 10.900, que estipula normas para o funcionamento dos serviços de transporte via aplicativos de celular, ainda não saiu do papel. A norma criada por uma comissão formada por BHTrans, vereadores de BH e Sindicato dos Taxistas (Sincavir) proíbe que o aplicativo Uber funcione nos mesmos moldes atuais. A legislação só libera aqueles programas que intermediarem corridas usando a mão de obra de taxistas, categoria que tem a permissão do poder público para fazer o transporte individual de passageiros. Quando a lei foi sancionada, um decreto com o detalhamento das medidas seria emitido em 60 dias, o que ainda não ocorreu.


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