
“A falta da sirene para dar o alerta foi só o item mais óbvio. No quesito segurança, o despreparo da empresa foi total. Pelo que todo mundo viu, nenhum dos moradores dos povoados jamais recebeu treinamento para escapar de tragédias”, criticou uma fonte do Núcleo de Resolução de Conflitos Ambientais (Nucam) do MP, que pediu para não ser identificado.
Pela Lei Nacional de Segurança de Barragens, a fiscalização das medidas, bem como da sua aplicação, caberia ao Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) e à Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam). A falta de treinamento adequado para a população pode explicar, por exemplo, por que a pessoa que atendeu ao telefonema no Bar da Sandra, informando sobre o iminente rompimento da Barragem do Fundão, achou que era um trote, segundo moradores de Bento Rodrigues. Em outros povoados, à medida que a lama se aproximava, helicópteros dos bombeiros foram deslocados para ajudar a dar o alarme à população, usando megafones.
Por determinação da Lei Nacional de Segurança de Barragens, barragens com alto potencial de danos, caso das duas localizadas em Mariana, devem ter obrigatoriamente um Plano de Ação Emergencial (Pae) e estar em dia com as exigências contidas no documento. Além disso, a legislação prevê que a cada obra de ampliação da capacidade de uma barragem, por exemplo por meio de alteamentos (como o que estava ocorrendo no Fundão), esse plano deverá ser atualizado proporcionalmente. Nem mesmo a totalidade dos municípios atingidos até agora pela onda de lama estava listada pelas mineradoras responsáveis pelas barragens. “A impressão que dá é que o plano foi esquecido dentro da gaveta. Além de estar muito desatualizado, não estavam previstas medidas a serem tomadas nem a lista das pessoas a ser em avisadas ou o papel definido para cada uma”, explica a fonte do MP.
Em nota, a Samarco informou que possui um Plano de Contingências, aprovado pelos órgãos competentes. “O plano foi cumprido pela Samarco, que prontamente mobilizou Defesa Civil, Bombeiros e Prefeitura de Mariana, que, em conjunto, estão realizando as ações de resgate e auxílio às vítimas do acidente”, diz o texto.
