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Estado de Minas

Vítima da tragédia de Mariana usou galho de árvore para sobreviver

Priscila Monteiro Isabel, de 28 anos, disse que contou com a ajuda do irmão para se salvar, mas perdeu a sobrinha Emanuelle Vitória, de 5 anos


postado em 14/11/2015 10:32 / atualizado em 14/11/2015 12:04

A dona de casa Priscila Monteiro Isabel, de 28 anos é tia da garota Emanuelle Vitória , de 5 anos, que morreu na avalanche, e deixou o hospital nessa sexta-feira(foto: Rodrigo Clemente EM/D.A Press)
A dona de casa Priscila Monteiro Isabel, de 28 anos é tia da garota Emanuelle Vitória , de 5 anos, que morreu na avalanche, e deixou o hospital nessa sexta-feira (foto: Rodrigo Clemente EM/D.A Press)

O sofrimento vivido no momento da passagem da lama de rejeitos das barragens que se romperam em Mariana, na Região Central de Minas Gerais, ainda está no olhar de Priscila Monteiro Isabel, de 28 anos. Ainda com ferimentos no rosto por causa da tragédia, a dona de casa, que é tia da garota Emanuelle Vitória Fernandes, de 5 anos, que morreu na avalanche, deixou o hospital nesta sexta-feira. Para ela, que perdeu um filho de três meses na tentativa de fuga, a ferida vai demorar a cicatrizar. "Ano que vem vou fazer 29 anos e vou lembrar que perdi a minha sobrinha. É muito triste. Vai ser difícil para mim. Vou lembrar que no meu aniversario não vou poder nem comemorar. Bens materiais tudo bem, porque a gente conquista, a gente consegue, mas a vida dela quem vai devolver para gente? Ninguém", desabafou.

Como muitos moradores de Bento Rodrigues, o mais atingido pela tragédia, Priscila foi surpreendida com a passagem da lama. "Meu irmão foi me auxiliando. Ele disse: Você vai descer. Toma cuidado que lá embaixo está mais forte. Senão você vai de uma vez. Aproveita aquela árvore ali e segura nela. E pula desse negócio aí e pula na árvore", comentou.

A dona de casa seguiu as ordens e tentou se salvar. "Quando eu pulei, a árvore não suportou nem meu peso e nem do barro. Aí, começou a tombar e segurei em outra. Neste momento o Arnaldo me jogou uma galha. Eu segurei, fui apalpando e de joelhos consegui sair dali. Quando segurei no galho já estava perdendo as forças, estava fraca, já estava me sentindo estranha e ele foi e me puxou. E colocaram na caminhonete e me levaram lá para cima", afirmou. Enquanto fugia da lama, Priscila conta que estava com Emanuelly embaixo de um braço e o filho no outro.

Todos foram para uma casa em um ponto mais alto do distrito, mas não conseguiram fugir da lama. "Subimos no sofá e falei: O ti, fica em pé em cima do sofá. Depois falei para a Manu: vem cá na titia. Puxei ela, mas não deu para segurar. Na hora, eu perdi os dois. Para mim, eu tinha perdido meus dois filhos, minha sobrinha, meu irmão. Achei que todo mundo tinha morrido. Na hora eu só falava com Deus. Senhor, se eu merecer me salva, se não, salva pelo menos meus filhos, porque eles são muito novos para morrer".

 

Depois da tragédia, Priscila foi levada para o hospital e recebeu alta nessa sexta-feira. A dona de casa contou que estava grávida de três meses e sofreu um aborto ao tentar fugir da lama. Ela não conseguiu nem saber qual era o sexo da criança. "Tinha consulta para o primeiro pré-natal no dia 6 (dia seguinte ao rompimento da barragem)", revelou.

A dona de casa está hoje ao lado dos filhos em um hotel de Mariana.


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