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Estado de Minas

Lavras Novas tem agito para turistas e tédio para jovens

Visitantes aproveitam shows em bares enquanto jovens reclamam da falta de opção


postado em 26/10/2015 11:00

No final da tarde de sábado, uma dupla de cantores faz um medley de Daft Punk (Get Lucky) com Zeca Baleiro (Telegrama). Depois cantam Palco, de Gilberto Gil. As garçonetes do Restaurante Delírio estão animadas – batem palmas e ensaiam uma dancinha, do lado de dentro, longe da vista dos fregueses espalhados em dezenas de mesas no gramado. No fim de semana, dependendo do local onde o turista está sentado ele pode escutar dois cantores diferentes simultaneamente, dada a popularidade do estilo voz e violão nos bares localizados no gramado próximo ao cruzeiro de Lavras Novas.

O músico Tales Andrade, de 26 anos, veio de Conselheiro Lafaiete há um ano e tem trabalho garantido de quinta a domingo. “Já teve final de semana em que fiz sete shows”, recorda. No domingo antes do feriado de 12 de outubro foram três apresentações: uma das 12h às 18h, outra das 19h às 23h e a última das 23h30 à 1h da segunda-feira. “É puxado, mas é o que eu amo fazer”, afirma. Dependendo do local, o cachê arrecadado pode chegar a R$ 600 por apresentação.

Ao pé de um dos cruzeiros, na Rua do Campo, o consultor técnico Ricardo Oliveira, a mulher dele, a economista Samantha Oliveira, e o bebê do casal, Esther Guerra, de 10 meses, faziam um churrasco no fim da tarde de sábado e fugiam do agito no gramado “O bom daqui é a tranquilidade, o clima ameno e as pessoas”, entende Ricardo. O casal, que é de Congonhas, mas vive em Belo Horizonte, frequenta Lavras Novas desde os tempos de namorados, quando viajavam em turma. Desta vez, a viagem mais intimista se justificou por ser a estreia da filha no distrito.

Se sobra atração para os turistas, alguns jovens reclamam da falta de opção. “Aqui é muito sossegado. Podia ter mais programação para o pessoal, mais festas”, pondera Gustavo Azevedo Ribeiro, de 16 anos. Um dos netos de dona Lídia, ele está no primeiro ano do segundo grau e precisa ir todos os dias para Ouro Preto, pois a escola do distrito oferece aula apenas até o nono ano. Gustavo tem a vida mais tranquila que a avó, que na idade dele caminhava por horas até a plantação de chá. A prefeitura oferece ônibus gratuito, porém ele precisa acordar cedo, já que o coletivo parte às 5h45. Gustavo, entretanto, não reclama da falta de trabalho. Consegue pegar “bicos” constantes. No final de semana do feriado trabalhou como garçom em um bar.


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