A guerra entre taxistas de Belo Horizonte e motoristas do aplicativo Uber está declarada. Os ânimos estão acirrados desde a última quinta-feira e há trocas de ameaças danos materiais e até denúncias de agressões físicas de ambas as partes. Na manhã dessa segunda-feira, uma reunião dos taxistas na sede do Ministério Público terminou em confusão quando um permissionário usou o aplicativo da empresa norte-americana para chamar um carro do Uber ao local. O veículo foi cercado pelos taxistas e condutor precisou ser escoltado pela PM para não ser agredido. No sábado, taxistas cercaram um carro de usuário do aplicativo na Praça da Bandeira, no Bairro Mangabeiras, Região Centro-Sul, mas foram embora com a aproximação de uma viatura da PM. Na sexta-feira, um motorista do transporte executivo foi impedido por taxistas de pegar uma passageira em um hotel no Belvedere, na mesma região. No mesmo dia, outro motorista do Uber foi impedido de atender um passageiro no estacionamento do Ponteio Lar Shopping. Na quinta-feira, a PM conseguiu impedir outra briga. Somente no sábado, três carros cadastrados no programa de transporte foram danificados.
Por outro lado, o taxista Celso Ricardo Silva, de 48, também está preocupado com a sua segurança, pois muitos colegas reclamam de perseguição. “Já tivemos taxistas perseguidos por três motoristas do Uber. O taxista precisou entrar na favela Morro das Pedras para conseguir escapar”, disse Celso, que desaprova a atitude de colegas que armaram uma “tocaia” para o concorrente na saída da reunião com o MP. “Isso pode virar uma guerra. Quem tem que decidir alguma coisa é a Justiça. Se o pessoal do Uber é ilegal, cabe à Justiça acabar com o aplicativo”, disse Celso.
O taxista Carlos José Alves, de 50, conta que o “clima está mais pesado” para quem trabalha à noite. “Estão partindo para a agressão física. Já teve até carro do Uber depredado”, conta o taxista, que tem medo de represália. “Se eu trabalhasse à noite, certamente eu ficaria com medo”, comentou. “Meus colegas estão revoltados, completamente alterados. Se continuar desse jeito, pode acontecer alguma coisa pior. Eu temo até pela segurança do passageiro”, alerta.
O taxista Rogério Faria, de 32, disse que o clima é de guerra. “Quebraram um carro do Uber na Raja Gabaglia”, disse Rogério. “O clima está muito tenso. Essa briga pode tomar proporções fora do controle. A praça já está muito ruim para o taxista, faturamento muito baixo, e ainda vem essa concorrência ilegal do Uber”, reagiu o taxista Rui Gomes dos Santos, de 62.
Em 25 de junho, a Câmara Municipal discutiu em audiência a situação dos taxistas com a chegada do aplicativo. Na ocasião, o taxista Marcos Santana apresentou um vídeo em que seria ameaçado de morte. Ele se juntou a vários colegas para flagrar os concorrentes durante a madrugada e disse ter recebido um vídeo com ameaças pelo celular. Nas imagens mostradas, um homem não identificado segura um revólver e fala que os dias de Marcos estão contados.