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Estado de Minas

Missa de 7º dia de Fernando Brant é marcada por homenagens e declarações emocionantes

Em um dos vários momentos marcantes da celebração, um fã do compositor pegou o microfone e contou sua história. Ex-morador de rua e ex-aluno da Febem, ele disse ter se apaixonado pela música de Milton Nascimento e 'do anjo poeta' Fernando Brant durante o período de internação


postado em 18/06/2015 23:21 / atualizado em 19/06/2015 11:26

Sobrinha e cantora Mariana Brant interpretou canções em homenagem ao tio(foto: Larissa Kümpel/Esp.EM)
Sobrinha e cantora Mariana Brant interpretou canções em homenagem ao tio (foto: Larissa Kümpel/Esp.EM)

A celebração da missa de sétimo dia em memória de Fernando Brant, nesta quinta-feira, foi marcada pela emoção característica das letras do poeta e compositor, morto aos 68 anos, após complicações decorrentes de uma cirurgia para transplante de fígado. Sentimentos ao mesmo tempo tristes e alegres, lembranças singelas e profundas de um amigo, um companheiro de viagem.



A cerimônia, na Capela Nossa Senhora da Conceição, no Colégio Arnaldo, no Bairro Funcionários, Região Centro-Sul de Belo Horizonte, reuniu centenas de pessoas. Estiveram presentes familiares, amigos, fãs, colegas de trabalho e parceiros de música e de estrada, como Márcio Borges, Toninho Horta e Murilo Antunes. Assim como descreveu Milton Nascimento, em uma mensagem divulgada após a morte do amigo, a sobrinha de Fernando, a cantora Mariana Brant contou emocionada como o sentimento do tio permanecerá. "A mensagem que fica é o que está nas músicas dele. É uma mensagem de amizade, de alegria e de amor." Mariana participou das canções em homenagem a Fernando cantadas durante a celebração.

"O Fernando deu grandeza à poesia. Eu sou um mero aprendiz das belezas que ele plantou para nós", disse o cantor e compositor Murilo Antunes. Um dos amigos que inspirou a música Vevecos, Panelas e Canelas, canção de Brant e Milton Nascimento, Tavinho Bretas descreveu a amizade que marcou as relações de Fernado. "Com palavras tão simples, ele colocava as coisas tão humanas. Ele tinha o dom de com palavras muito simples, traduzir tanta profundidade do ser humano" disse. Bretas (ou Panelas) lembrou ainda o fim da música, "Queria fazer agora uma canção alegre, brincando com palavras simples, boas de cantar."

'Me apaixonei pela música de Milton Nascimento e do anjo poeta Fernando Brant. Que a poesia dele continue alimentando toda a família', declarou, emocionado, um fã(foto: Larissa Kümpel/Esp.EM)
'Me apaixonei pela música de Milton Nascimento e do anjo poeta Fernando Brant. Que a poesia dele continue alimentando toda a família', declarou, emocionado, um fã (foto: Larissa Kümpel/Esp.EM)

"Fernando foi uma síntese da mineiridade", dizia o padre responsável pela celebração. Momento marcante da missa, um fã chegou ao microfone para fazer uma declaração ao compositor. O fã disse ter sido menino de rua e ex-aluno da instituição socioeducativa Fundação Estadual do Bem Estar do Menor (Febem) e revelou que a verdadeira companhia dos internos era a literatura e a música. "Me apaixonei pela música de Milton Nascimento e do anjo poeta Fernando Brant. Que a poesia dele continue alimentando toda a família", disse com os olhos marejados. O fã, que levou um disco autografado por Brant, ainda ganhou da família do compositor uma camisa com a foto e um verso do poeta. "Eu invento coisas e não paro de sonhar" estampava a peça.

O diretor executivo do Colégio Arnaldo, professor Geraldo Junio, contou uma história da época de estudante de Fernando e brincou como o compositor costumava dizer, "ex-aluno sim, ex-Arnaldo nunca."

Ao fim da celebração, todos se fizeram presentes num só coro com a bênção final. O músico Toninho Horta assumiu o violão para entoar a canção Durango Kid, que fez em parceria com o amigo. Os versos foram cantados em uníssono do início ao fim da letra, com repetidas vezes "esse jornal é meu revólver, esse jornal é meu sorriso". Um dos amigos mais próximos, o letrista e parceiro de várias canções Márcio Borges, se mostrou consternado com a perda. "No momento está difícil achar alguma coleção, algum canteiro de alegria aqui no coração", relatou. Márcio descreveu Fernando como seu irmão de fé e parceiro de criação, disse que compartilhou sonhos com o amigo e até se inspirou na grandeza do companheiro para algumas letras. "Foi um pedaço de mim que foi arrancado, de 50 anos da minha vida", completou.

Para o irmão, Paulo Brant, o sentimento que fica é uma mistura de tristeza e alegria. "A poesia dele estava na vida dele, eram inseparáveis. Tinha muita fé, muita esperança. Na defesa dos sonhos e projetos, ele entrava com muita firmeza em bolas divididas, mas também se posicionava com muita ternura, com muita doçura".

As canções e letras de Fernando Brant povoaram toda a celebração e, de acordo com os amigos do poeta, a semente do compositor permanece na voz de quem canta suas músicas.

Assista a homenagem final ao compositor, interpretada pelo parceiro em Durango Kid, Toninho Horta:


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