(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Rodoviários em greve fecham estações de ônibus de Belo Horizonte

Nenhum ônibus sai das estações Venda Nova, Vilarinho, Pampulha, São Gabriel, Diamante e Barreiro desde o início da manhã. Conforme sindicato, cerca de 1 mil ônibus não devem circular a partir de hoje, o que corresponde a 36% da frota de 2,8 mil veículos


postado em 10/06/2015 07:24 / atualizado em 10/06/2015 09:53

Ver galeria . 22 Fotos Fila de ônibus na Estação PampulhaJair Amaral/EM/D.A Press
Fila de ônibus na Estação Pampulha (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press )

Os passageiros do transporte público de Belo Horizonte enfrentam dificuldades na manhã desta quarta-feira. Segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários (STTR), todas as seis estações BHBus da capital estão fechadas. O protesto já havia sido anunciado ontem, quando a categoria decidiu pela greve por tempo indeterminado.

De acordo com Carlos Henrique Marques, diretor de comunicação do STTR, as estações Venda Nova, Vilarinho, Pampulha, São Gabriel, Diamante e Barreiro começaram a ser fechadas por volta das 6h. Há sindicalistas em todos os locais e até o momento não houve registro de tumultos. Ainda segundo Marques, não há nenhuma rodada de negociações programada para hoje. 

De acordo com a BHTrans, na Estação Pampulha, manifestantes estão impedindo a circulação das linhas troncais, enquanto as linhas alimentadoras operam parcialmente. Neste caso, os veículos seguem até a Região Central da capital.

(foto: Jair Amaral/EM/DA Press)
(foto: Jair Amaral/EM/DA Press)


Ainda na Pampulha, a população se revoltou. Houve buzinaço e gritaria. Os passageiros chegaram a jogar moedas contra os manifestantes. Um estudante chegou a ser abordado por policiais militares ao entrar em confronto com motoristas e cobradores. Ele foi liberado logo em seguida.

Conforme a empresa que gerencia o trânsito na capital, os terminais do Barreiro e Diamante estão parados, sendo que a linhas administradas pelo Departamento de Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER-MG) rodam na parte externa das estações.

Na Estação Venda, os motoristas das linhas alimentadoras, aquelas que saem dos bairros, são orientados a seguir até a Estação Vilarinho, onde os passageiros podem usar o metrô. Já na Estação São Gabriel, os ônibus não estão circulando.

Na Estação Diamante, na Região do Barreiro, ônibus parados e ruas lotadas de passageiros(foto: Victor Hugo Nicácio/Divulgação)
Na Estação Diamante, na Região do Barreiro, ônibus parados e ruas lotadas de passageiros (foto: Victor Hugo Nicácio/Divulgação)


O estudante de marketing Victor Hugo Nicácio, de 23 anos, não conseguiu chegar ao trabalho pela segunda vez nesta semana. Morador do Bairro Olaria, na Região do Barreiro, ele foi à pé para a Estação Diamante – próxima ao bairro, mas a linha 3052, que o leva até o Bairro Estoril, não circulou. “Consegui ir trabalhar só ontem, na segunda eu não consegui”, explica. Após encontrar o entorno da estação lotado e algum tempo de espera, Nicácio acabou voltando para casa novamente.

O trânsito é lento nos grandes corredores de Belo Horizonte. Na Avenida Presidente Antônio Carlos a retenção é nos dois sentidos, principalmente no entorno do Viaduto São Francisco, na Região da Pampulha. Na Avenida Cristiano Machado, a lentidão no sentido bairro/Centro vai da MG-010 até a José Cândido da Silveira. Um acidente com morte no cruzamento com a Waldomiro Lobo piora o congestionamentos. A situação é caótica na Avenida Pedro I, entre a Estação Pampulha e barragem da lagoa no sentido bairro/Centro.

Os rodoviários protestam contra o não pagamento da PLR que deveria ter ocorrido em junho. Segundo Batista, na última convenção coletiva assinada em março, ficou acordado repasse de R$ 173 para quem ganha até R$ 1.188 e de R$ 347 para quem recebe acima desse valor.  A BHTrans informou que enviou petição ao Tribunal Regional do Trabalho para que pressione trabalhadores e patrões a encontrarem solução urgente para o fim da greve.

Segundo o presidente do STTR, Ronaldo Batista, cerca de 1 mil ônibus não devem circular a partir de hoje, o que corresponde a 36% da frota de 2,8 mil veículos. “Não estamos compreendendo. Se as empresas estavam com dificuldade financeira, não deveriam ter fechado a convenção em março. Pensamos que estava tudo tranquilo. Agora, fomos pegos de surpresa”, disse Ricardo.

Nessa terça, 522 veículos deixaram de circular na capital, fazendo com que muitas pessoas tivessem dificuldade para ir ao trabalho, à escola e a outras compromissos. As paralisações de ontem atingiram funcionários de três garagens próximas a Sabará, na região metropolitana, e uma na Região de Venda Nova, em BH.

Apesar  de ter sido o segundo dia nesta terça-feira, a paralisação pegou muita gente de surpresa, inclusive, quem chegou atrasado ao trabalho depois de buscar alternativa para se deslocar. Os amigos Matheus Guilherme Gonçalves, de 20 anos, e Ewerton Álves de Oliveira, de 19, depois de mais de duas horas esperando ônibus, tiveram que pegar uma linha intermunicipal para chegar ao trabalho no Barro Preto, na Região Centro-Sul. Cada um desembolsou R$ 0,60 a mais, e eles ainda pegaram uma linha que passa no bairro, mas não os deixa tão perto do local de trabalho. “Eu tinha que estar no trabalho às 8h. Já são 10h15 e ainda não passou nenhum ônibus. Já avisei no meu emprego. O jeito será pegar um intermunicipal”, disse.

A administradora de imóveis Elaine Diniz, de 50, ficou no ponto de ônibus na Avenida José Cândido da Silveira, no Bairro Santa Inês, por mais de duas horas. Ela tinha uma audiência marcada para às 10h no Fórum Lafayette, no Barro Preto. “Não estava sabendo da greve. Como os ônibus rodaram ontem, achei que hoje não teria problema”, afirmou.

A auxiliar de serviços gerais Amélia Aparecida Ernesto, de 45, precisou de paciência para ir para casa depois de ter visitado o filho em hospital na região hospitalar. “De manhã, foi tranquilo. Peguei o ônibus sem problema. Agora, no meio da manhã, os ônibus deram uma sumida”, reclamou.

Cerca de 50 linhas de ônibus ficaram paralisadas durante a madrugada de ontem. Ao longo do dia, o movimento perdeu força e, às 16h, as estações Diamante, Barreiro, Venda Nova, Vilarinho e José Cândido já funcionavam normalmente. Apenas a Estação São Gabriel ainda era afetada pela greve, com as linhas 806 e 811 operando parcialmente.

Veja detalhes do custo do transporte coletivo em BH, segundo o sindicato das empresas(foto: Arte EM)
Veja detalhes do custo do transporte coletivo em BH, segundo o sindicato das empresas (foto: Arte EM)
Sindicato alega déficit

O Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (Setra-BH) afirma que o pagamento da PLR foi adiado, e não cancelado, e que aguarda a definição da BHTrans sobre um relatório enviado na semana passada, no qual demonstra, por meio de notas fiscais dos custos de operação do sistema, que as empresas estão operando no vermelho.

A entidade alega que acumula prejuízo de 268,7 milhões nos últimos cinco anos, em razão de déficit operacional. Entre as razões para o que a entidade patronal chama de achatamento da tarifa, estão a redução de 24,1% da receita em 2015 (5,5% apenas no sistema BRT/Move), aumento do custo operacional (salário de motoristas, óleo diesel, dentre outros insumos) e de gratuidades na tarifa – de 11,90%, em 2008, para 24,10% em 2015 –, esta gerada principalmente pelas novas integrações do transporte rápido por ônibus. Diante do cenário negativo, o Setra-BH contratou novo estudo do sistema, após o levantamento feito pela auditoria Ernst & Youg. Com base nos novos dados, solicitou a revisão do contrato, sob análise da BHTrans.

“Desde 2011 o sistema vem apresentando situação deficitária, agravada ano a ano. As projeções para 2015 também apontam prejuízo significativo. Precisamos racionalizar o sistema para retomar o equilíbrio econômico financeiro”, sustenta o presidente do Setra-BH, Joel Jorge Paschoalin.

A falta de dinheiro afeta o pagamento da PLR. Pashoalin afirma que além de o tempo de viagem do Move maior que o previsto, novos custos operacionais que surgiram pós a implantação do BRT agravam a situação. O projeto do Move estabelecia a redução de 270 ônibus convencionais na frota do transporte coletivo de Belo Horizonte. Após um ano da implantação, os quatro consórcios operadores do sistema só conseguiram reduzir 80 veículos. O Setra-BH se mostra disposto a custear novas tecnologias, em análise técnica da Central de Controle de Operação, para agilizar o tempo de viagem e acabar com o gargalo no Move.

A BHTrans se pronunciou sobre a questão da PLR por meio de nota. Leia na íntegra:

“A BHTRANS informa que, em reunião realizada na manhã de hoje (9.6) na sede da Empresa, solicitou ao Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários o fim da greve que atinge parte do sistema de transporte coletivo em Belo Horizonte. A BHTrans alega que uma questão interna – o não pagamento aos rodoviários da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) de 2014 -, prevista no Acordo Coletivo de Trabalho vigente entre os trabalhadores e as concessionárias, não pode prejudicar os usuários do sistema de transporte urbano, bem como o funcionamento normal das atividades urbanas.

Por outro lado, a BHTrans confirma que recebeu da entidade patronal, o SETRA BH – Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte – estudo técnico que busca demonstrar a necessidade imediata de revisão contratual. Considerando a complexidade dos estudos apresentados, a exigir avaliação aprofundada por parte do órgão regulador, não se justifica condicionar o pagamento da PLR às conclusões da referida avaliação.”


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)