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Estado de Minas

Atestado médico pode detectar doenças e evitar morte súbita

Estudos mostram que 90% dos óbitos durante a atividade física ocorrem devido a problemas não acusados pelos vítimas


postado em 12/03/2015 06:00 / atualizado em 12/03/2015 07:17

Passar por avaliação médica antes da prática de atividades físicas é uma exigência apontada por especialistas como fundamental para quem deseja iniciar exercícios em academias ou simplesmente fazer uma caminhada ou bater uma bola com os amigos. A medida vale para todas as pessoas e não há exceções, nem mesmo para aquelas que não têm nenhuma doença cardíaca identificada. A maior parte dos casos de morte súbita no esporte está associada a problemas cardíacos não identificados, como explica o diretor científico da Sociedade Mineira de Medicina do Exercício e do Esporte, o cardiologista Haroldo Aleixo.

“Estudos mostram que 90% dos óbitos durante a prática de exercícios físicos são de pessoas que tinham algum tipo de doença do coração silenciosa, que não se manifestava e não foi detectada a tempo. O esforço próprio da atividade física pode contribuir para precipitar uma arritmia – quando o coração bate de forma irregular – e levar à morte.” Segundo o médico, outras causas podem resultar em morte súbita durante a prática de esportes, como quadros de hipertermia (elevação abrupta da temperatura corporal), crises de asma, acidente vascular cerebral (AVC), mas eles não são compatíveis com o quadro apresentado pelo adolescente Luiz Gustavo quando desmaiou na academia. O especialista ressalta, no entanto, que somente o laudo de necropsia poderá identificar a causa da morte do estudante.

Assim como o cardiologista, o clínico-geral Edilson Corrêa de Moura, referência técnica da Secretaria Municipal de Sáude, alerta que o caso de Luiz Gustavo deve repercutir para melhoria dos procedimentos internos em academias, no sentido de atestar a saúde e aptidão do aluno antes das atividades. Mas Edílson alerta: “A morte dele é uma exceção. A atividade física regular promove a longevidade e a qualidade de vida”. O que é necessário, segundo ele, é que os atestados médicos façam parte dos protocolos das academias, que devem realizar ainda avaliação física, com especialista competente, e preparar um plano de treinamento adequado às condições do aluno.

Estudos médicos apontam que três em cada 1 mil atletas de até 35 anos têm algum tipo de doença cardíaca grave, que pode resultar em morte. Segundo Haroldo Aleixo, os exercícios físicos, principalmente os intensos e de alta performance, podem precipitar arritmias nessas pessoas, já suscetíveis. “O que mais preocupa é que nestes casos a primeira manifestação muitas vezes é a própria morte súbita”, afirmou, lembrando que são raros os casos em que a arritmia resulta em parada cardíaca e o paciente é reanimado. Apesar de considerar baixa a incidência de 3 casos a cada grupo de mil pessoas , o médico faz um alerta: “Ao submeter-se a uma avaliação médica, disfunções podem ser identificadas e o tratamento, clínico ou cirúrgico, adotado. Além disso, o médico vai avaliar se o paciente pode ou não praticar atividades físicas, e determinar a intensidade”, explica.

Na opinião do especialista, ainda há quem entenda essa exigência como mera formalidade. “Há academias que pedem o atestado médico, especialmente as maiores e de maior destaque na cidade. Mas, atualmente, o número desse tipo de estabelecimento é muito grande e não é possível dizer se essa é uma prática global. Como muitas não são nem mesmo registradas, esse pode ser um fator para desistirem da exigência”, afirma Haroldo, apontando também a concorrência como outro fator para que o exame médico não seja cobrado. Ainda segundo o cardiologista, a desinformação pode pesar. “Acreditar que é raro alguém morrer praticando exercícios pode fazer as pessoas pensarem que isso vai não acontecer. Mas todo mundo está suscetível”, alerta.

Apesar de o caso de Gustavo não estar relacionado ao uso de substâncias para melhorar a performance o treino, o especialista faz ressalvas sobre o o uso de termogênicos – produtos à base de cafeína para melhorar a performance no treino e acelerar o metabolismo. “Alunos com o coração saudável, mas que fazem uso de termogênicos, podem desenvolver doenças cardíacas que levam à morte. Esses produtos são perigosos e não devem ser consumidos”, adverte. Sobre a prática de musculação na adolescência, assunto controverso entre especialistas, o cardiologista sustenta que o problema não está relacionado ao tipo de exercício. “A musculação nessa faixa etária, de 15 anos, pode ser feita, a depender da orientação e da intensidade. Com certeza, ele não morreu porque estava fazendo musculação, mas muito provavelmente porque já tinha alguma doença cardíaca.”

FISCALIZAÇÃO Em relação à afirmação do Conselho Regional de Educação Física (Cref6-MG), de que a maioria das academias não pede atestado médico, a Secretaria Municipal de Saúde informou que a exigência de apresentação do exame pelo frequentador é um dos itens cobrados dos estabelecimentos na fiscalização. A secretaria afirma ainda que as vistorias são feitas a partir do momento em que a academia entra no banco de dados da Vigilância Sanitária, depois de iniciado o processo de obtenção do alvará sanitário, documento que a Gym não tinha. Nesse caso, sustenta, a fiscalização só ocorreria se houvesse denúncia.

Antes de conceder o alvará sanitário, fiscais visitam o local e verificam se cumpre todos os pré-requisitos exigidos. A secretaria admite que a academia não foi vistoriada. “Trata-se de uma academia que até o presente momento não atendeu aos quesitos para o funcionamento regular, não possuindo sequer requerimento de alvará sanitário e, por isso, não estava no roteiro pré-definido de vistoria.”.


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