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Estado de Minas

Zoo de BH é o único em Minas obrigado à conservação das espécies

Defensores dos direitos animais criticam as condições de confinamento dos bichos


postado em 10/08/2014 00:12 / atualizado em 10/08/2014 07:12

Excursão escolar visita recinto dos elefantes: projeto pedagógico para desenvolver consciência ecológica(foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
Excursão escolar visita recinto dos elefantes: projeto pedagógico para desenvolver consciência ecológica (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
Em Minas, apenas o Zoológico de Belo Horizonte tem a obrigação legal de desenvolver programas de pesquisa para a conservação de espécies, segundo a superintendência mineira do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama/MG). Maior dos 12 zoos existentes no estado, é o único classificado na categoria A, que apresenta as exigências mais rigorosas no país. “A instituição é um modelo a ser seguido no Brasil e no mundo”, avalia o presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV-MG), Nivaldo da Silva. Por outro lado, ativistas pelos direitos animais criticam o local por ter recintos pequenos e não garantir sossego aos bichos. Um projeto de lei em tramitação na Câmara Municipal estabelece restrições à visitação pública.

Segundo o Ibama/MG, 10 zoológicos no estado são da categoria C, que apresenta menos exigências. Um particular em Ipatinga é da classe B e, como obrigações extras, deve “possuir programas de estágio supervisionado nas diversas áreas de atuação” e “literatura especializada disponível para o público”, define a Instrução Normativa 169 do Ibama, de 2008. Independentemente do tipo, as instituições têm de desenvolver programas de educação ambiental. O Zoo de BH, entre outros preceitos, precisa “promover intercâmbios técnicos nacionais e internacionais”, como todos da classe A. “Temos parcerias com várias universidades, como a UFMG e a PUC Minas”, afirma o diretor, Gladstone Corrêa, que ressalta convênio com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) para concessão e pagamento de bolsas de iniciação científica.

A instituição belo-horizontina abriga 3,7 mil animais de cerca de 270 espécies, segundo Gladstone. “Dessas, 24 são brasileiras ameaçadas de extinção, das quais 15 se reproduziram nos últimos 10 anos no zoológico, como o cachorro-do-mato-vinagre e o tamanduá-bandeira. Uma delas, a ararinha-azul, foi extinta na natureza e hoje só existe em zoológicos, que são aliados da conservação”, afirma. A maior parte dos animais que chegam a essas instituições foi apreendida de traficantes pela polícia ou resgatados, ressalta a bióloga Vivian Teixeira Fraiha, da seção de mamíferos. “Também há bichos excedentes de outros zoológicos. Nunca são simplesmente capturados da natureza”, diz. Alguns nascidos em cativeiro chegam a ser introduzidos em hábitat.

EXCURSÕES O zoológico da capital recebe diariamente excursões de escolas públicas e particulares. Na quarta-feira, por exemplo, o local foi visitado por um grupo de 20 alunos de 4 e 5 anos do Instituto Cecília Meireles, que funciona no Bairro Santo Agostinho, Região Centro-Sul da cidade. “Todos os anos, turmas de 2 a 6 anos vêm para cá. A visita é o trabalho de campo de um projeto pedagógico que envolve todas as disciplinas. É importante para que desenvolvam o zelo pelos animais”, explica a coordenadora da educação infantil, Maize Borges.

A professora aposentada da Faculdade de Letras da UFMG Maria Antonieta Pereira, coordenadora do programa Adote um Amigo, que, em convênio com a PBH realiza a castração de animais e incentiva a adoção deles, acredita que a visita a zoológicos é deseducativa. “As pessoas devem observar os bichos em seu habitat natural, não presos. A própria visitação é um fator de estresse para eles”, defende. “Os zoológicos promovem a espetacularização dos animais, que ainda sofrem com desrespeitos do público, que faz barulho, joga lixo”, critica uma representante do Movimento Mineiro pelos Direitos Animais, Adriana Cristina Araújo. Ela cita o fato de um elefante africano ter morrido na instituição de BH em 1995 após ingerir garrafas plásticas jogadas por visitantes. Em junho, uma girafa morreu ao se enforcar acidentalmente com a corda usada para prender o seu alimento.

O Projeto de Lei 87, de 2013, aprovado em primeiro turno na Câmara Municipal, define que o zoológico da capital tenha entre suas tarefas recuperar animais silvestres para posterior reinserção na natureza, incluindo a possibilidade de animais apreendidos pela polícia, hoje encaminhados ao Ibama, sejam entregues à instituição. “O nascimento de um gorila é um exemplo espetacular do bom trabalho feito pela instituição, mas hoje sua função prioritária é mostrar animais para as pessoas. Ela precisa mudar seu foco. A função de recuperar animais apreendido se tornaria a principal. A visitação ficaria restrita a fins acadêmicos”, diz o autor do projeto, vereador Leonardo Mattos (PV).


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