A falta de experiência de motoristas e o sistema de orientação falho montado para o Expresso da Copa, que sai da Savassi e segue para o Mineirão, causaram risco e transtornos para passageiros ontem. Os motoristas foram abordados rapidamente por agentes da BHTrans que entravam pela porta da frente e perguntavam: “Conhece o esquema (de viagem)?”. A reportagem do EM embarcou com um motorista que disse não saber do esquema e que foi orientado em cerca de 15 segundos, apenas com as rotas que deveria seguir. Não foi a primeira vez que o problema ocorreu. No sábado, quando Argentina e Irã jogaram no Mineirão, o motorista do ônibus no qual a reportagem embarcou errou várias vezes o caminho.
Os ônibus partiam assim que atingiam a lotação de 39 pessoas sentadas. No início, o motorista seguiu o desvio recomendado, entrando pelas ruas dos Inconfidentes, Professor Moraes e Santa Rita Durão até a Praça da Liberdade. A duração da viagem foi de um hora e 20 minutos a mais do que a de sábado.
De repente, o condutor ficou indeciso ao chegar à Praça da Liberdade. Sem saber como entrar na Avenida Bias Fortes, ele seguiu pela Rua Gonçalves Dias, que seria o caminho direto, mas converge à esquerda na Rua da Bahia, sentido Praça da Liberdade. Os passageiros alertaram o motorista, e ele virou à direita no último instante na Bias Fortes.
“É a minha primeira vez. Não conheço o caminho porque sou motorista do amarelinho de vilas e favelas. Minha linha só roda na Serra”, justificou. Um passageiro de BH, com camisa vermelha da Inglaterra, tentou ajudar: “Por qual caminho você vai, motorista? Pela Catalão?” A resposta deixou todos apreensivos: “Não sei. Vou ver se no caminho tem orientação”, disse o motorista. No trajeto, já fazendo o contorno da Praça Raul Soares, ele pediu orientação a um caminhoneiro sobre como sair para o Elevado Helena Greco.
Já na Avenida Dom Pedro II, quando o ônibus se preparava para entrar na Carlos Luz, um agente sinalizou para o Expresso Copa seguir direto. O motorista, entretanto, cometeu o erro mais grave. Em vez de seguir pela Pedro II, entrou no trevo de acesso ao Anel Rodoviário e parou quando os passageiros o alertaram. Ele tentou dar ré, mas uma grande fila já havia se formado atrás do ônibus. Dois passageiros desceram do veículo para controlar o trânsito. “Deveria ter um agente da BHTrans aqui para impedir a gente de virar no lugar errado ou pelo menos uma faixa”, tentou se justificar o motorista outra vez.
Organização
Muitos passageiros ficaram preocupados e reprovaram a falta de experiência do condutor, como o engenheiro Bernardo Marinho, de 27 anos, que estava com a namorada e a mãe dela. “É um problema de organização. Desde o começo o motorista não sabia por onde ir. Faltou também o acompanhamento da BHTrans em campo. Além de gerar atraso, poderia ter havido um acidente, pois ele parou num trevo do Anel e de ré”, reclamou
O Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (Setra-BH), informou que o Expresso da Copa tem 400 motoristas para 400 ônibus de empresas concessionárias da capital e que todos receberam treinamento. Sobre o itinerário, a entidade diz que não existe um percurso definido, havendo apenas os pontos de saída e chegada. Sendo assim, os motoristas podem, por conveniência, optar por caminhos em que o trânsito esteja fluindo com maior rapidez. (Colaborou Alfredo Durães)
Trânsito lento
A mobilidade para o jogo Inglaterra x Costa Rica deixou impacientes passageiros que embarcaram nos ônibus do Expresso da Copa na Savassi e seguiram para o Mineirão por causa da lentidão do trânsito. Um grupo de amigos chegou a pedir para descer, ainda no Centro, com receio de não chegar a tempo. Eles pensavam em pegar táxi, mas foram dissuadidos por outros passageiros. Todos reclamaram muito de congestionamentos e de lentidão em vários trechos do trajeto.