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Estado de Minas

Motociclistas que fazem trilhas são acusados de depredar a natureza na Grande BH

Eles pilotam nas montanhas da região e chegam a praticar infrações e até crimes de trânsito quando andam pelas ruas, aproveitando-se da falta de placas em suas motos


postado em 05/05/2014 06:00 / atualizado em 05/05/2014 07:25

Tráfego de motos sem identificação é intenso em locais como o distrito de Macacos, em Nova Lima, assim como as denúncias de abusos de pilotos(foto: Rodrigo Clemente/EM/DA Press)
Tráfego de motos sem identificação é intenso em locais como o distrito de Macacos, em Nova Lima, assim como as denúncias de abusos de pilotos (foto: Rodrigo Clemente/EM/DA Press)


De um lado, motores roncando, sensação de liberdade, contato com a natureza... De outro, motos invadindo áreas particulares, rasgando trilhas em locais de natureza preservada, abusando da velocidade e das manobras perigosas em zona urbana... O hobby de motociclistas que fazem trilha na porção sul da Grande BH – especialmente em municípios como Nova Lima, Rio Acima e Moeda – e o cotidiano de moradores dessa mesma região vêm se cruzando em um território de conflito e queixas, que já motivou inclusive a intervenção do Ministério Público. Contra praticantes do esporte pesam acusações de perturbação, danos ambientais, crime de trânsito e até omissão de socorro em casos de acidentes.


Grande parte das queixas vem de um santuário que sofre exatamente por causa de suas atrações naturais: moradores, comerciantes e turistas do distrito de São Sebastião das Águas Claras, conhecido como Macacos, em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, estão apavorados com o abuso de pilotos no perímetro urbano. A principal rua do lugarejo é usada como pista de corrida, onde motoqueiros chegam a percorrer 200 metros com o veículo apoiado apenas na roda traseira, pondo em risco a segurança dos pedestres.

O secretário municipal de Meio Ambiente de Nova Lima, Roberto Messias Franco, reclama que praticantes do esporte depredam a natureza ao pilotar em áreas preservadas, e ameaçam moradores e visitantes do distrito quando trocam as trilhas pelas ruas de Macacos. “As motos causam danos à vegetação, e muitas vezes a gente encontra bichos mortos. Há muitos micos, gambás e seriemas que não conseguem escapar das motos em alta velocidade”, disse o secretário, lembrando que há projeto na prefeitura para transformar o acesso a São Sebastião das Águas Claras, a partir da BR-040, em estrada-parque. “Todo mundo iria trafegar em baixa velocidade, apreciando a natureza de um lado e de outro, com mirantes para que as pessoas parem e vejam as belezas do lugar” , disse. Em uma segunda etapa, o projeto visa continuar com a estrada-parque até a sede do município, Nova Lima.

Roberto Messias afirma que há uma ação civil pública movida pelo Ministério Público diante dos danos ocasionados ao meio ambiente pelas motos. “Estão investigando os danos não somente em Macacos, mas na região da Serra da Moeda e na Serra da Calçada, onde eles também fazem trilhas”, disse. Segundo ele, estacionamentos foram construídos em São Sebastião das Águas Claras para desafogar as ruas para os pedestres. “Todo mundo que vem a Macacos fica encantado. O que não pode é as pessoas se desencantarem por causa de um ou de outro que representa uma ameaça à vida de todos”, disse.

Macacos fica a 20 quilômetros da capital, tem cerca de 1,2 mil moradores, mas o público quase dobra nos fins de semana com o turismo. Os visitantes são atraídos pelas belas montanhas, bons restaurantes e pela tranquilidade, que ainda é a marca registrada do lugar, além das festas religiosas celebradas na pequena Igreja de São Sebastião, construída em 1718.

Quando há muita gente no distrito, segundo ele, pessoas e veículos disputam espaço nas ruas, que são estreitas e têm passeios pequenos. “Qualquer um tem o direito de circular nas ruas, mas há regras de trânsito, de velocidade e de prudência em relação às crianças que estão indo e voltando da escola, pessoas idosas”, reclama o secretário. “Todos os moradores exigem que as motos passem numa velocidade adequada, devagar, mas a correria aqui é um risco para todo mundo”, disse Roberto Messias.

Sem Punição

São comuns também relatos de infrações e até crimes de trânsito envolvendo motociclistas. Muitos praticantes de trilhas se envolvem em acidentes e fogem sem ser identificados, pois seus veículos não têm placas. De acordo com o Código de Trânsito Brasileiro, motocicletas destinadas única e exclusivamente à prática de trilhas não necessitam de registro nem de licenciamento, porém não podem transitar em vias públicas. O transporte das motocicletas utilizadas em trilhas até os terrenos onde o esporte é praticado deve ser realizado em veículos adequados, como reboques e caminhonetes.

O estudante Lucas Machado, de 24 anos, que mora em Belo Horizonte e faz trilhas na região, reconhece que muitos praticantes do esporte abusam da velocidade em ruas como as de Macacos. “Trata-se de uma minoria que não tem bom senso. Eles podem atropelar e machucar alguém”, disse o motociclista, que presencia abusos também no município vizinho de Rio Acima. Nas trilhas de Macacos, segundo ele, também é comum ciclistas serem atropelados por motos. “Tem motoqueiro que simplesmente não presta socorro e vai embora”, disse. “Moto de trilha não tem permissão para circular no trânsito das cidades, mas em Macacos há um acordo, por ser passagem de uma trilha para outra. Se inibirem isso, vamos ficar prejudicados por causa de uma minoria”, disse o estudante.


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