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Estado de Minas

Pilotos de trilha ficam vulneráveis à violência, mas motivam críticas dos moradores

Pilotos que se aventuram em montanhas da Grande BH ficam vulneráveis à ação de ladrões. Ao pilotar por áreas habitadas eles são alvos de queixas de motoristas, por acidentes e abuso


postado em 05/05/2014 06:00 / atualizado em 05/05/2014 07:28

Praticantes do esporte vêm sendo vítimas de criminosos, que aproveitam a falta de policiamento em áreas isoladas para roubar motos. Muitos são deixados amarrados no meio do mato(foto: Rodrigo Clemente/EM/DA Press)
Praticantes do esporte vêm sendo vítimas de criminosos, que aproveitam a falta de policiamento em áreas isoladas para roubar motos. Muitos são deixados amarrados no meio do mato (foto: Rodrigo Clemente/EM/DA Press)


Alvo de queixas de moradores de cidades da porção sul da Região Metropolitana de BH, pelo desrespeito nas ruas, e de autoridades, pelos danos ao meio ambiente, motociclistas que praticam trilhas na Grande BH também têm sido vítimas de ladrões. Nos últimos meses, vários deles tiveram suas motos roubadas, com os registros de ocorrência chegando a até quatro por mês. Homens armados levam o veículo da vítima, que algumas vezes é deixada amarrada. Como muitos motoqueiros cortam arames de cerca para pilotar em áreas particulares, como as de mineradoras, fica difícil para a PM socorrê-los. “Há ladrões que se infiltram entre os motoqueiros. Chegam para praticar o esporte e acabam praticando o roubo”, disse o guarda municipal Valdir Bonifácio

Ele conta que houve um acordo com o município, para que os trilheiros tivessem permissão para trafegar pelas ruas de Macacos. “Quando algum deles comete um abuso, é notificado pelo número do chassi da moto. Se for preciso, a gente apreende o veículo e leva para o pátio de apreensão da Prefeitura de Nova Lima. Para ter a moto de volta, o dono paga a taxa do reboque, a diária do depósito e a multa, se houver.”

Além de um guarda municipal, o distrito conta apenas com um policial militar para garantir a ordem pública. Nos fins de semana, eles recebem emprestado um carro do pelotão da PM do Bairro Jardim Canadá, distante vários quilômetros, mas, mesmo assim, o carro não fica no distrito o tempo todo. No sábado, o militar de plantão em Macacos não quis se manifestar sobre a situação dos motociclistas.

PREJUÍZOS Se o efetivo não é suficiente para garantir a segurança dos motociclistas, menos ainda para os que são prejudicados pelos trilheiros que desrespeitam a lei. A engenheira Lis Nunes Soraes, de 35, anos, conta que foi vítima de acidente provocado por um deles na rua principal de Macacos e reclama que ficou no prejuízo, por não ter como identificar o piloto devido à falta de placas. “Ainda fui humilhada. Eu estava descendo a rua na minha mão de direção e eles vieram daquele jeito: um, outro e mais outro, todos em alta velocidade. O primeiro bateu no meu carro e estragou o farol. Parei e os outros dois se aproximaram. Eu perguntei a um deles quem pagaria pelo conserto, como íamos registrar ocorrência. Os dois disseram que não ia adiantar nada. Disseram: ‘Não tem placa, não tem ninguém e tchau para você’. E foram embora”, conta a engenheira, que teve de desembolsar R$ 400 por outro farol.

O prejuízo do motorista Leandro Bonzi, de 44, foi maior: teve de gastar R$ 1 mil quando uma moto bateu em sua Saveiro. O acidente também foi na principal rua do distrito e outros quatro motoqueiros quiseram ajudar o colega a fugir. Leandro conta que chamou um policial e houve um acordo. “O piloto pagou o conserto do carro, mas sustou o cheque depois”, disse.

Marcos Amorin, de 54, é dono de restaurante há 37 anos na comunidade e disse ter saudade da época em que o ronco do motor das motos ficava apenas no meio do mato. “Faziam menos barulho. Hoje, faltam deixar a gente surdo quando passam pela rua. Antes, eles tinham mais respeito com o meio ambiente também”, reclama.

Também dono de restaurante, Wander Araújo, de 65, considera que Macacos virou “uma loucura” por causa das motos. “Um total desrespeito”, desabafa. “Estão acabando com a vegetação. Pessoas idosas e crianças estão evitando as ruas de Macacos, com medo de atropelamento. Os motoqueiros passam em disparada, empinando as motos”, acusa o comerciante. “Eles não deveriam fazer trilhas dentro da cidade. E o pior é que as motos nem têm placas para identificar o dono”, reclama. “A polícia não faz nada”, reclama outro comerciante, Fabrício Amorin, de 35.

O quebra-molas que virou rampa

O vice-presidente da Associação Comunitária de Macacos, Igor Agostinho Bonzi, conta que foi colocado um quebra-molas na rua principal do distrito para tentar controlar a velocidade das motos, mas isso de nada adiantou. Segundo ele, os pilotos usam o obstáculo como rampa passando em alta velocidade. “Não respeitam ninguém. A maioria deles acelera a moto só para fazer barulho. O distrito fica lotado de turistas e eles passam rasgando no meio do povo”, reclama. O morador Rivalino Conceição Souza, de 50, conta que os trilheiros andam em bandos e assustam os pedestres quando chegam em alta velocidade. O ex-procurador geral de Justiça de Minas Castellar Modesto Guimarães, de 63, afirma que buscou tranquilidade quando escolheu Macacos para morar, mas reclama de falta de sossego agora, principalmente nos fins de semana. “Os motoqueiros vão da curva da igreja à escola municipal só na roda traseira da moto, percorrem cerca de 300 metros desse jeito. A gente não tem mais como passar pela única rua do Centro. Tentamos uma operação de fiscalização com a PM, mas não obtivemos êxito”, disse o ex-procurador.


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