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Estado de Minas

Avó sofre com a longa procura pelos netos que foram adotados de forma irregular

Comerciante denuncia que crianças teriam sido levadas para abrigo e entregues ilegalmente à guarda de família. Entidade nega ter recebido menores e processo corre em sigilo na Justiça


postado em 02/11/2013 06:00 / atualizado em 02/11/2013 07:41

Comerciante Sueli Azevedo diz não ter notícias das meninas que viu no abrigo há um ano e seis meses(foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)
Comerciante Sueli Azevedo diz não ter notícias das meninas que viu no abrigo há um ano e seis meses (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)
Encontrar os netos S. J. P., de 10 anos, J. A. P., de 7, e S. D. P., de 4. Esse é o objetivo da comerciante Sueli Maria Pereira da Silva Azevedo, de 48, que garante não ter notícias dos pequenos há um ano e sete meses, quando visitou um abrigo de Contagem, na Grande BH, e viu as meninas pela última vez. Sueli denuncia que as duas garotas e um menino foram encaminhados para adoção de forma ilegal, após os pais, com histórico de uso de drogas, se desentenderem e deixarem as crianças em uma situação de vulnerabilidade. A comerciante afirma que o destino das duas meninas foi a Associação Efata, no Bairro Petrolândia, em Contagem, onde passaram também Bruninho, filho do ex-goleiro Bruno Fernandes, e M. E., de 4 , fruto de uma disputa judicial recente entre a família biológica e a adotiva. A Associação Efata garante nunca ter recebido nenhum dos três netos procurados por Sueli.


Segundo a comerciante, tudo começou no início do ano passado, quando a filha e o ex-genro, ambos usuários de drogas, tiveram uma briga, no Bairro Eldorado, que demandou a presença da Polícia Militar e do Conselho Tutelar de Contagem. “O conselho levou meus netos porque eles ficaram em risco”, diz Sueli. De lá para cá, a avó afirma que nunca mais viu o menino, hoje com 7 anos, mas conseguiu fazer duas visitas à Associação Efata, quando viu as duas meninas e uma quarta neta de dois meses, filha de outro homem. “Minha neta menor ficou com o pai, que é uma boa pessoa. Mas sobre as outras duas crianças me disseram que tinham sido adotadas por outra família”, acrescenta Sueli.

Há pouco menos de um mês, a advogada Joyce Rocha Costa assumiu o caso e começou a procurar informações sobre o processo que corre na Justiça, onde os quatro netos de sua cliente figuram como partes em sigilo. No dia 7, a mãe das crianças foi assassinada. “Inicialmente, o processo corria na Vara da Infância e Juventude de Contagem, mas o juiz declarou incompetência para julgar, dizendo que quem deve arbitrar é a comarca de Betim”, afirma. Ontem, a advogada esteve no fórum de Betim e conseguiu apenas a informação de que as crianças estariam em Goiás, onde corre outro processo.

“Tudo indica que alguma família conseguiu a guarda provisória e está morando na cidade de Formosa, em Goiás, como consta no documento. É muito estranho que isso tenha acontecido, já que a família tem preferência e a avó materna manifestou o interesse de ficar com os netos”, explica Joyce Rocha. Ainda segundo a advogada, as suspeitas de que o abrigo encaminhou as crianças de forma ilegal também foram reforçadas por um site da associação, disponível até a última quarta-feira . A página trazia as fotos dos menores para adoção, o que para juristas é uma afronta ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Outro problema verificado ocorreu na noite de quinta-feira, quando a advogada afirma ter sido ameaçada por um funcionário do abrigo, quando buscou informações sobre os netos de sua cliente. Um boletim de ocorrência foi registrado.

ABRIGAMENTO Por meio de sua advogada, Margarete Leite, a Associação Efata afirmou que recebeu em suas dependências apenas o bebê F. C., em fevereiro de 2012, na época com dois meses. Tanto o abrigamento quanto o desabrigamento foram decididos pela Vara da Infância e da Juventude de Contagem e a recém-nascida entregue aos tios paternos. “As outras três crianças nunca estiveram no Lar Efata”, diz a nota.

Sobre a ameaça, a advogada nega o ocorrido e justifica dizendo que a representante de Sueli Maria chegou ao lar em horário impróprio, em vez de se dirigir à Justiça para saber onde poderia fazer visitas.” Por fim, Margarete Rocha esclarece que a associação está à disposição para acatar o que for decidido pelo Judiciário sobre o site que trazia as fotos das crianças e era mantido por um voluntário.

A reportagem fez contato com as assessorias do Ministério Público e da Vara da Infância e Juventude de Contagem, mas a única informação confirmada foi a transferência do processo de Contagem para Betim. As informações correm em segredo de Justiça, razão pela qual não foram fornecidos detalhes. Também não houve retorno da Prefeitura de Contagem, para falar sobre a atuação do Conselho Tutelar, nem da Polícia Civil, que não informou se há alguma investigação em andamento para apurar o paradeiro dos menores.


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