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Estado de Minas VIDA REVIRADA DEPOIS DE EMPRESTAR DOCUMENTOS

Homem empresta documentos ao cunhado e acaba vítima de estelionato

Acusado de estelionato, foi preso por policiais federais, passou cinco dias na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, mas tudo é um engano


postado em 22/10/2013 06:00 / atualizado em 22/10/2013 07:06

 

"Estou com medo. Estou dormindo mal, comendo mal e ansioso demais. Não sei o que me espera" - Eduardo Afonso da Silva, ajudante de serviços gerais (foto: Beto Magalhães/EM/D.A Press)
Eduardo Afonso da Silva, de 51 anos, é ajudante de um escritório de advocacia em Santa Luzia, na Grande BH. Divide o tempo entre o trabalho, em que faz serviços gerais, e os cuidados com um irmão deficiente auditivo. Nos últimos dias viu sua vida revirada. Acusado de estelionato, foi preso por policiais federais, passou cinco dias na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, e não consegue ter sono tranquilo. “Eu chorei demais”, lembra Eduardo, sobre o momento em que foi detido. Ele diz que chorou tanto que os policiais federais ficaram com dó e não o algemaram. O agente penitenciário não teve coragem de raspar a cabeça dele, como é praxe no presídio. “Cortou bem baixinho, mas não raspou”, detalha.


O caso que resultou no drama de Eduardo teve início há quase 20 anos, quando ele emprestou documentos para um cunhado, que não está mais casado com a irmã dele. Enquanto levava uma vida tranquila, em Santa Luzia, os documentos dele foram usados para abertura da empresa G. M. C. Comércio Beneficiamento Ltda., que venceu uma licitação na Paraíba para fornecer merenda escolar por meio da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Sem colocar a mão em um centavo da empresa e até sem saber que ela existia, Eduardo teve o nome envolvido em uma denúncia de estelionato. A empresa e ele foram acusados de terem fornecido à Conab 187 toneladas de flocos de milho précozido impróprios ao consumo humano. “Os agentes da PF chegaram aqui no escritório procurando-o e levamos um susto”, lembra o advogado Hugo Werneck, do escritório Mário Werneck Associados, que se solidarizou com a causa do funcionário. Os advogados dividiram as despesas, enviaram um representante a João Pessoa, capital da Paraíba, e conseguiram o relaxamento da prisão, mas foi inevitável que Eduardo passasse cinco dias detido.

Ingênuo

Werneck destaca que os outros acusados no mesmo processo conseguiram desmembrar o nome de Eduardo para ser julgado separadamente. Todos foram absolvidos e Eduardo teve a prisão decretada, pois tinha o endereço desconhecido pela Justiça Federal da Paraíba. “Ele foi ingênuo de fornecer os documentos, mas teve muita sorte de estar aqui no escritório no momento da prisão”, destaca o advogado, que conseguiu com sua equipe que Eduardo fosse solto e está fazendo a defesa dele.

“Quando fiquei sabendo fiquei muito preocupada. Ele é um rapaz muito bom, conheço-o desde menino. É ingênuo. Ele nunca faria uma coisa dessas”, afirma a vizinha de Eduardo, Marlene Moreira dos Santos. A boa índole dele foi descoberta, inclusive, pelos cinco presos que dividiram a cela com ele, alguns acusados de homicídio. “Eles só me chamavam de coroinha”, lembra Eduardo, que diz ter sido muito bem tratado pelos colegas de cela. Enquanto o processo não é encerrado, ele desabafa: “Estou com medo. Estou dormindo mal, comendo mal e ansioso demais. Não sei o que me espera”, lamenta Eduardo.


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