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Estado de Minas

Corregedoria da Polícia Civil pede demissão de delegado acusado de matar adolescente

Pedido se baseou em fraudes no registro e licenciamento de veículos cometidas entre 2005 e 2007, quando Geraldo Toledo era titular da Delegacia do Detran em Betim


postado em 14/10/2013 19:42 / atualizado em 14/10/2013 19:50

Antes de ser preso, delegado era titular da Delegacia Especializada de Atendimento à Pessoa Deficiente e Idoso(foto: Reprodução/Facebook)
Antes de ser preso, delegado era titular da Delegacia Especializada de Atendimento à Pessoa Deficiente e Idoso (foto: Reprodução/Facebook)
O corregedor geral da Polícia Civil, degelado Renato Patrício Teixeira, recomendou ao governador Antonio Anastasia a demissão do delegado Geraldo do Amaral Toledo Neto, acusado de matar a ex-namorada adolescente Amanda Linhares Santos. O pedido, publicado na edição do último sábado do Diário Oficial do estado, ainda não foi analisado. Embora Geraldo tenha sido denunciado pelo Ministério Público por homicídio qualificado e fraude processual, a decisão da corregedoria se baseou em transgressão disciplinar cometida entre 2005 e 2007.

O inquérito que culminou na decisão da corregedoria em pedir a demissão de Geraldo Toledo foi instaurado em 2011 para apurar fraudes praticadas quando ele era delegado titular da circunscrição do Detran em Betim. Ele foi preso naquele ano, em São Joaquim de Bicas, acusado de receptação, formação de quadrilha e falsidade ideológica. Todavia, desde 2002 ele já respondia a processo por suspeita de irregularidade no licenciamento de veículos. A comissão confirmou, somente agora, que ele providenciou o registro e licenciamento de duas motocicletas com motores e chassis de procedência irregulares. Um dos veículos tinha chassi com registro de roubo em outro estado.

Quando Amanda foi baleada, em 14 de abril deste ano, Geraldo Toledo já respondia a nove sindicâncias, dez inquéritos e dois processos administrativos na Corregedoria. Ele já havia sido, inclusive, indiciado por lesão corporal contra a adolescente com quem mantinha um relacionamento amoroso. Natural de Pouso Alegre, o delegado atuou, além do Detran, na Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente e, até ser preso pela crime contra Amanda, estava na Delegacia de Atendimento à Pessoa Deficiente e ao Idoso. Ele continuou na ativa, mesmo investigado pela prática de crimes diversos, porque a Lei Orgânica da Polícia Civil garante a ele o direito de trabalhar e receber os vencimentos enquanto não for concluído qualquer processo judicial em tramitação e na Corregedoria da instituição.

De acordo com a assessoria do Governo de Minas, não há prazo para o governador deliberar sobre a recomendação da Corregedoria. Geraldo Toledo segue preso na Casa de Custódia do Policial Civil.

Preso para preservar a ordem pública

Geraldo teve a prisão temporária decretada em 15 de abril, um dia após Amanda ser baleada na cabeça na estrada que liga Ouro Preto a Lavras Novas. Em 15 de maio o mandado foi renovado por mais 30 dias e em 10 de junho a Justiça determinou sua prisão preventiva, por tempo indeterminado. Em agosto ele teve negado pedido de habeas corpus pela 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG).

Conforme o TJMG, ao decretar a prisão preventiva, a juíza Lúcia de Fátima Magalhães Albuquerque considerou que haviam indícios de que o delegado vinha ameaçando familiares da adolescente e testemunhas do caso, além de ter ocultado e eliminado provas do crime como forma de dificultar as investigações. A conversão da prisão temporária em preventiva ocorreu após Amanda morrer. Ela lutou para se manter viva durante 51 dias, mas não resistiu ao ferimento e faleceu no Hospital de Pronto-Socorro João XXIII, onde ficou internada.

Geraldo foi denunciado pelo Ministério Público por homicídio qualificado – motivo torpe e dissimulação -, e por fraude processual. Além dele, três amigos, a advogada e uma ex-namorada foram denunciados por fraude processual, sendo as duas últimas por falso testemunho. O delegado nega que houve crime e diz que a adolescente tentou se matar.

Assassinato de Amanda


Amanda foi baleada na cabeça e faleceu depois de 51 dias internadas no HPS da capital(foto: Reprodução/Facebook)
Amanda foi baleada na cabeça e faleceu depois de 51 dias internadas no HPS da capital (foto: Reprodução/Facebook)
Em 14 de abril, Amanda estava em companhia do delegado quando, depois de um atrito com ele, foi baleada. Testemunhas disseram que o casal estava no carro do policial, na estrada entre Ouro Preto e o distrito de Lavras Novas, na Região Central de Minas. O delegado nega que tenha atirado na adolescente, com quem mantinha um relacionamento marcado por desavenças, que geraram ocorrências policiais. A Justiça chegou a determinar que o policial não poderia se aproximar de Amanda. Porém, a advogada dele informou que seu cliente não chegou a ser notificado da decisão.

Pela versão do Toedo, Amanda Linhares tentou se matar. O delegado buscou a jovem em Conselheiro Lafaiete e depois seguiram para Ouro Preto. Depois de uma ligação à Polícia Militar avisando que o casal foi visto brigando na estrada, veio a informação de que Amanda havia sido deixada em unidade de pronto atendimento (UPA) da cidade com um tiro na cabeça. Funcionários da unidade de saúde informaram aos militares que o homem que a deixou no local disse que ela tentou o suicídio.

O carro do policial, um Peugeot preto, foi apreendido e periciado. Apesar da afirmação de que a adolescente tentou se matar, exames residuográficos nas mãos dela não acharam vestígios de pólvora. Amanda foi transferida para o Hospital João XIII, onde morreu em 3 de junho, após 51 dias internada.


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