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Estado de Minas

Arquivo Público digitaliza publicações ilustradas editadas em BH entre 1910 e 1970

Revistas chegaram ao acervo de diversas formas, ficando sob custódia do APCBH


postado em 05/10/2013 06:00 / atualizado em 05/10/2013 07:13

Yuri Mello Mesquista, diretor APCBH, resssalta a importância dos veículos, que tratavam de arte, literatura, política, religião, cinema, humor e sociedade(foto: Maria Tereza Correia/EM/D.A Press)
Yuri Mello Mesquista, diretor APCBH, resssalta a importância dos veículos, que tratavam de arte, literatura, política, religião, cinema, humor e sociedade (foto: Maria Tereza Correia/EM/D.A Press)

De olho arregalado, com seu manjado bigodinho, Adolf Hitler (1889–1945) treme de medo logo ao acordar. Bem diante do seu nariz está uma bomba, com um laço verde e amarelo, prestes a explodir. Compõe a cena uma coruja mal-encarada, a suástica e outros pequenos símbolos nazistas bordados no lençol. Esta é a capa – uma ilustração bem colorida – da revista Belo Horizonte, edição de janeiro de 1944, ano em que o Brasil entrou na Segunda Guerra Mundial e enviou  pracinhas à Europa para lutar contra as forças do Eixo (Alemanha, Itália e Japão). Virada essa página da história, é totalmente possível voltar no tempo e encontrar o estadista mineiro João Pinheiro (1860–1908) homenageado no primeiro número da revista Novo Horizonte, que circulou em 7 de setembro de 1910. Os dois exemplares, ao lado de mais de uma centena de outros publicados na capital entre 1910 e 1970, estão disponíveis para consulta on-line, depois de minucioso trabalho de pesquisa e digitalização do Arquivo Público da Cidade de Belo Horizonte (APCBH), vinculado à Fundação Municipal de Cultura, da Prefeitura de BH.

Na sede da instituição, no Bairro Floresta, na Região Centro-Sul, o diretor do APCBH, o historiador Yuri Mello Mesquista, mostra os dois tempos dessa história iniciada em 2010. De um lado, estão as coleções da Belo Horizonte, que começou a circular em 1933, quando belo ainda se escrevia com dois eles (bello), Alterosa, nas mãos dos leitores de 1939 a 1964, Vita, impressa em papel cuchê e vendidas por 500 réis em 1913 e muitos títulos, alguns de nomes curiosos, como Flor da terra e pé de moleque (1980). "Na nossa sala de pesquisa, as revistas estão entre os campeões de leitura. Então decidimos fazer um projeto piloto, com o processo de digitalização seguindo as normas do Conselho Nacional de Arquivos (Conarq), que estabelece parâmetros também para armazenamento e conservação de documentos digitais, e do Arquivo Nacional dos Estados Unidos (Nara)", diz Yuri, certo de que, em qualidade, o trabalho é pioneiro no país. Com as páginas digitais, as publicações originais em papel ficam preservadas, estando livres do manuseio constante, o que pode ocasionar manchas, rasgos etc. Diante da tela do computador, Yuri explica há que há três coleções disponíveis no site www.pbh.gov.br/cultura/arquivo: 50 edições da Bello Horizonte, 68 da Alterosa e de revistas diversas, compreendendo 24 títulos e disponíveis desde 2 de setembro. "O nosso próximo passo será a digitalização de 208 exemplares da Alterosa, doados há dois anos ao Arquivo por um morador de BH".

Revista Belo Horizonte, janeiro de 1944
Revista Belo Horizonte, janeiro de 1944
ORIGEM As revistas chegaram ao acervo do APCBH de diversas formas, ficando sob custódia do APCBH. As coleções da Belo Horizonte foram recolhidas em 1994, na Secretaria Municipal de Cultura (SMC), hoje Fundação Municipal de Cultura; a Alterosa, de fontes diversas, como a SMC e doações, o mesmo ocorrendo com o restante do acervo on-line. "Trata-se um material muito importante e variado, pois mostra a trajetória das artes gráficas e visuais na capital e da evolução do jornalismo. As revistas tratavam de arte, literatura, política, religião, cinema, humor, sociedade e notícias do mundo, como mostrou edição com Hitler na capa", diz o diretor.

Nos anos 1940, o conteúdo das revistas se ampliou, com destaque para a Segunda Guerra (1939 a 1945) e o Estado Novo, período ditatorial em que Getúlio Vargas (1882–1954) governou o Brasil (1937 a 1945). Já a partir da década seguinte, as publicações começaram a dar ênfase aos fatos locais, a exemplo de enchentes, favelização, verticalização, situação que assustava a população, e administração pública. Nos anos 1960, a Alterosa deu uma guinada na linha editorial e se modernizou ao ser comprada pelo grupo do então governador de Minas Magalhães Pinto. O melhor mesmo é apreciar cada detalhe dos exemplares. A publicidade é um capítulo à parte e os profissionais do ramo têm material de sobra a respeito de comportamento, saúde, higiene e da vida em família nas primeiras décadas do século passado. Há anúncios comerciais, como o da chegada dos absorventes íntimos, que aposentaram as "toalhinhas", e os oficiais. Na época da inauguração do Conjunto Arquitetônico da Pampulha, projetado por Oscar Niemeyer (1907–2012), há 70 anos, houve uma edição da revista  dedicada ao fato. As mulheres tinham espaço garantido nas edições, com espaço para moda, culinária, principalmente receitas, e puericultura (crianças).

SAIBA MAIS: DIFUSÃO DE REGISTROS Quem quiser conhecer a história da capital deve fazer uma visita ao Arquivo Público da Cidade de Belo Horizonte (APCBH), que fica na Rua Itambé, 227, no Bairro Floresta, na Região Centro-Sul. A instituição, criada em 1991, desenvolve diferentes trabalhos voltados para a preservação do patrimônio documental da cidade, modernização da gestão de documentos na administração pública municipal, programas de educação patrimonial de diferentes setores e gerações da população, além de difusão do conhecimento científico sobre o município. Para dimensionar o arquivo, basta imaginar uma pilha de papel com a extensão de 1,1 quilômetro e conteúdo bem diversificado. Nesse material, além das revistas, estão documentos da administração municipal, fotografias da época da construção de BH, registros históricos de campanhas de saúde, cartazes de programas de educação e meio ambiente, folhetos, plantas de prédios do início do fim do século 19 e início do 20 e outros pequenos tesouros gráficos. Para arquitetos, urbanistas e outros profissionais, há 600 mil pranchas de projetos de construções da cidade.

LINHA DO TEMPO
1910 – Em setembro, circula o número 1 da revista Novo Horizonte, a primeira editada na capital
1913 – Em julho, entra em circulação a Vita, impressa em papel cuchê
1933 – Revista Belo Horizonte entra em circulação e é editada até fim da década de 1940
1939 – Revista Alterosa começa a circular e vai até 1964
1980 – Entra em circulação a revista Flor da terra e pé de moleque, especializada em artes, cultura popular e teatro
2010 – Começa a digitalização das revistas a cargo do Arquivo Público da Cidade de Belo Horizonte
2011 – Morador de BH doa ao Arquivo Público da Cidade de BH um coleção com 208 exemplares da revista Alterosa
2013 – Em 2 de setembro, Arquivo Público da Cidade de BH torna disponível, na internet, a coleção de revistas diversas do acervo da instituição


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