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Estado de Minas

Dezesseis médicos começam a fazer curso em BH para atender população

Aulas servirão para aprimorar língua portuguesa, conhecer o funcionamento do Sistema Único de Saúde e as doenças comuns no país


postado em 27/08/2013 06:00 / atualizado em 27/08/2013 07:35

"Vamos ensinar a entender o relato de um paciente e registrar tudo em português", Rodrigo Chávez, coordenador pedagógico do curso de acolhimento e avaliação em BH (foto: paulo filgueiras/EM/D.A.Press)
O curso preparatório para bolsistas com registro profissional estrangeiro inscritos no programa Mais Médicos, do governo federal, começou ontem em Brasília e outras sete capitais. Em Belo Horizonte, as aulas estão sendo ministradas num auditório no 16º andar do prédio-sede do Ministério da Saúde, na Rua Espírito Santo, no Centro. Além das lições teóricas, os 16 participantes, todos designados para municípios mineiros, devem visitar unidades básicas de saúde na região metropolitana.


 Com carga horária de 120 horas, o curso de acolhimento e avaliação é dividido em duas grandes áreas, segundo o coordenador pedagógico em BH, Rodrigo Chávez Penha. Uma das áreas busca ampliar o conhecimento em língua portuguesa. “Vamos ensinar a entender o relato de um paciente e registrar tudo em português. Eles já sabem fazer isso no idioma deles”, explica Penha, que é professor do curso de medicina da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ).

A outra grande área aborda medicina e rede pública de saúde. O programa inclui legislação, funcionamento e atribuições do Sistema Único de Saúde (SUS) – especialmente em atenção básica –, doenças mais comuns no país e aspectos éticos e legais da prática médica. Devem ser aplicadas avaliações para testar conhecimentos linguísticos e de comunicação.

Os participantes com desempenho considerado insatisfatório no curso serão desligados do programa e voltarão para seus países, segundo o Ministério da Saúde. O curso prossegue até o dia 13, de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h, com quatro aulas por dia, cada uma com duração de duas horas, mesmo tempo do intervalo para o almoço. “A princípio, não programamos nada para os fins de semana, mas pode ser que haja alguma atividade”, prevê o coordenador pedagógico.

Os alunos visitarão ao menos seis unidades básicas de saúde, todas na Grande BH, mas Penha evita informar os nomes e os municípios onde funcionam. “Por enquanto, fechamos com essas seis, mas podemos visitar mais. Vamos ver unidades disponíveis mais próximas à realidade que eles vão viver”, diz Penha. Segundo ele, não há material didático exclusivo e os textos usados foram selecionados de bibliografias de programas de pós-graduação em medicina.

O curso tem 10 professores confirmados e outros convidados ainda devem responder se participarão. “Foram selecionados pela coordenação pedagógica. Todos são de universidades e outras instituições mineiras. São profissionais com excelência em suas áreas de atuação”, ressalta Penha, que não quis revelar os nomes dos integrantes do corpo docente.

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, disse ontem que o curso faz “reciclagem” de conhecimento: “Nessas três semanas, eles vão passar por um processo rigoroso de avaliação da qualidade, sobre as experiências que têm, além de uma reciclagem, novas informações sobre doenças”.

Dos 16 médicos com registro profissional estrangeiro escolhidos para Minas, 10 são brasileiros. Os outros seis são de Portugal, Colômbia, México, Bolívia, Argentina e Venezuela, segundo o ministério.

Um pouco de espanhol


"Estamos qualificados para atender bem a população e esperamos ter a colaboração do conselho de medicina", Darío Martinez, de 35 anos, médico mexicano (foto: paulo filgueiras/EM/D.A.Press)
“Posso falar em espanhol um pouco?”, perguntou Darío Martinez, de 35 anos, na tarde de ontem, no início da entrevista com o Estado de Minas. Martinez, que tinha dificuldade para entender algumas das perguntas em português, formou-se em 2006 na Escola Latino-Americana de Medicina (Elam), em Cuba. Nasceu na Cidade do México, onde trabalhava ao se inscrever no Mais Médicos. Ele foi escolhido para Passos, no Sul de Minas.

“Conhecemos mais sobre o SUS, suas necessidades e o que se espera de nós”, disse o mexicano, ao explicar o que havia visto nas primeiras aulas do curso. Os R$ 10 mil oferecidos aos bolsistas foi um dos fatores que atraíram Martinez. “A remuneração é boa, mas não vim por isso. Tenho interesse em ajudar a população do Brasil, a melhorar a saúde dos mais necessitados”, afirmou, misturando palavras em português e espanhol.

Martinez disse não temer eventuais problemas. “Já sabia que o SUS atender uma população enorme, carente de médico e infraestrutura”, disse. Ele não se mostrou receoso com o fato de o Conselho Regional de Medicina de Minas (CRM-MG) ter anunciado que não emitirá registro provisório a médicos que não revalidarem o diploma estrangeiro. “Não estou preocupado com isso. Quando o CRM vir nosso trabalho, espero que reconsidere. Estamos qualificados para atender bem a população e esperamos ter a colaboração do conselho”.

Exclusividade para o SUS

A carteira profissional do médico diplomado no exterior inscrito no Mais Médicos deverá conter “mensagem expressa” proibindo o exercício da medicina foras das atividades do programa, segundo o Decreto 8.081, publicado ontem no Diário Oficial da União. O texto estabelece também que a declaração de participação no programa é necessária para expedição do registro profissional provisório e da carteira profissional. O registro deverá ser pedido por meio de requerimento elaborado e enviado pela coordenação do programa ao presidente do CRM do estado onde atuará o bolsista. O conselho, então, terá prazo de 15 dias para emitir o documento.

 

 

 CAPACITAÇÃO

O que os médicos aprendem no curso


Língua portuguesa

Legislação médica brasileira

Funcionamento e atribuições do Sistema Único de Saúde (SUS)

Doenças mais comuns no Brasil

Aspectos éticos e legais da práticas médicas

 


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