
Apesar da urgência da situação, a BHTrans – que por ironia tem sede no bairro – não programa providências antes dos próximos três anos. Elas viriam por meio de duas obras de grande porte: a implantação da Avenida Henrique Badaró Portugal, por onde passam os córregos Cercadinho e Ponte Queimada, até a Avenida Tereza Cristina, nos limites dos bairros Marajó e Betânia, ainda na Região Oeste; e a criação de um complexo viário na ligação com o Anel Rodoviário. Porém, essa última intervenção está atrelada à reforma completa da rodovia, que se arrasta há anos e atualmente está na fase de projetos. A nova avenida também depende de estudos da Prefeitura de BH, e esbarra na remoção de famílias de áreas invadidas às margens dos córregos. Enquanto isso não ocorre, especialistas e moradores alertam para o novo canteiro de obras em franca expansão, no Buritis 2, delimitado pelo Anel e pelo Bairro Palmeiras, onde novos espigões começam a brotar.
“Se nada de grande impacto for feito nos próximos três anos, a situação vai ficar inviável. Com a demanda criada pelo Buritis 2, tudo vai travar”, prevê o diretor de Comunicação da Associação de Moradores do Bairro Buritis, Paulo Gomide. A oferta dos novos condomínios no Buritis 2 contribui para manter a área em destaque no ranking dos apartamentos oferecidos em BH. De janeiro a maio, o Buritis monopolizou o primeiro lugar na lista, posto que só perdeu em junho, depois do lançamento de empreendimentos no Bairro Antônio de Abreu (Nordeste), na saída para Sabará, Grande BH. Mesmo assim, de acordo com o Instituto de Pesquisas Econômicas Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead/UFMG), 17% dos quase 2 mil apartamentos na planta, em construção ou prontos para morar estão no gigante da Região Oeste (347). Ainda segundo Paulo Gomide, a previsão é de que 5 mil pessoas ocupem a área da segunda etapa do bairro, o que o levaria a disputar a liderança entre os mais populosos da capital.
Antes mesmo que isso ocorra, os efeitos do adensamento são evidentes nas ruas: a Avenida Professor Mário Werneck, principal acesso ao bairro, é a mais estrangulada. O reflexo se espalha por vias secundárias como a Professora Bartira Mourão, Doutor Lucídio Avelar, Marco Aurélio de Miranda, Paulo Diniz Carneiro e Heitor Menin.