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Estado de Minas

Em nota, UFMG repudia trote preconceituoso com alunos de Direito

Universidade informou que os fatos serão apurados e os responsáveis sofreram punições caso fique comprovado os excessos


postado em 18/03/2013 18:07 / atualizado em 18/03/2013 18:12

Caloura pintada e identificada como 'Chica da Silva' é
Caloura pintada e identificada como 'Chica da Silva' é "exibida" por veterano (foto: Reprodução/Facebook)


A reitoria da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) emitiu uma nota de repúdio, no fim da tarde desta segunda-feira, ao trote realizado por alunos da Faculdade de Direito na última semana. Imagens do evento foram divulgadas nesta segunda-feira e já causaram polêmica nas redes sociais. Internautas ficaram revoltados com algumas fotos que mostram atos racistas durante a ação.

No documento, assinado pelo reitor Clélio Campolina Diniz, e pela vice-reitora Rocksane de Carvalho Norton, a UFMG afirma que os fatos e as penalidades já estão sendo apurados e que a “instituição se manifesta veementemente contrária ao ocorrido na Faculdade de Direito no último dia 15”. A Universidade também afirmou que “repudia quaisquer atos de violência, opressão, constrangimento ou equivalentes, praticados contra membros da comunidade universitária, em particular aqueles relacionados aos chamados “trotes” aplicados aos novos estudantes”.

O trote realizado na última sexta-feira na Faculdade de Direito depois que fotos preconceituosas foram divulgadas nas redes sociais. Em uma das imagens, uma jovem aparece acorrentada e pintada com tinta preta. Em seu pescoço foi pendurada uma placa com o nome de "Chica da Silva", fazendo alusão a escrava que viveu em Diamantina, na Região Central de Minas Gerais, e que ganhou a alforria depois de se envolver amorosamente com um contador famoso no século 18. Uma segunda fotografia, mostra um calouro amarrado a uma pilastra e outros estudantes fazendo saudações nazistas. Entre os veteranos, um jovem ainda utiliza bigode semelhante ao do ditador Adolf Hitler (1889 -1945).

Logo que surgiram as imagens nas redes sociais, os estudantes foram duramente criticados pelos internautas. "Estes aí serão nossos futuros juízes, magistrados, advogados e políticos do país?", argumentou Heric Maicon. "Todo trote ofensivo ou humilhante deve ser proibido. O argumento de que 'participa quem quer' é ridículo, pois pressupõe uma falaciosa liberdade total de escolha do calouro. Mesmo dentro da FDUFMG ainda há quem ache graça em oprimir, submeter e achincalhar o colega. Debater o tema é urgente. Propor gincanas lúdicas e trotes solidários é o melhor caminho", sugeriu Eduardo Araújo.

Estudantes imitam saudação nazista(foto: Reprodução/Facebook)
Estudantes imitam saudação nazista (foto: Reprodução/Facebook)
Outros internautas defenderam o trote. "Ridículo o circo armado em volta disso. Fotos avulsas divulgadas sem o contexto e espalhadas pela internet por pessoas sem conhecimento algum do caso. Conheço todos os envolvidos pessoalmente e sei que são pessoas honestas e decentes, que não compartilham de pensamentos racistas de qualquer tipo. Acho que tudo poderia ter sido tratado internamente, sem a necessidade desse escarcéu que está se desenhando", afirmou Henrique Drummond. "#racismo #bricandeira com contexto. 'Tá' cheio de politicamente correto que fica julgando sem saber o que estava acontecendo na hora. Tempestade em copo d'água é o que estão fazendo... Irei na palestra só pra ver o nível da hipocrisia de quem julga isso aÍ algum tipo de racismo", defendeu Gabriel Soares Mello.

Por meio do Facebook, o Diretor de Relações Públicas do CAAP, Daniel Antônio da Cunha , informou que os o trotes não são organizados e nem financiados pelo Centro Acadêmico, “sendo de inteira responsabilidade dos veteranos”. Mesmo assim, os fatos serão apurados pela entidade dos estudantes, que convocou uma reunião para apurar os fatos.

Tolerância zero

Os trotes já são problemas recorrentes na UFMG. Em março do ano passado, a direção da Universidade já havia informado que iriam punir os veteranos que insistiam em fazer as brincadeiras. A política de tolerância zero surgiu depois que estudantes de turismo relataram que duas calouras foram amarradas a um poste. Os veteranos se vestiram de policiais militares e colocaram camisinhas na ponta de cassetetes, obrigando os novos universitários a chupar o objeto.

A vice-reitora da Universidade Federal de Minas Gerais, Rocksane de Carvalho Norton, informou que os alunos responsáveis pelos atos podem até serem expulsos na universidade. “O trote na UFMG é proibido e a realização é passível de punição conforme regimento da universidade. Hoje fomos surpreendidos por este fato, que surgiu nas redes sociais. A diretoria já vai iniciar os processos de apuração dos fatos e a estipular a punição para os envolvidos”, disse.

Todos os anos, a UFMG realiza eventos para receber os alunos novatos durante uma semana. “Realizamos um evento em parceria com o Diretório Central dos Estudantes (DCE) com shows e palestras explicando a universidade. Então, nada explica os trotes. Eles são proibidos e os alunos sabem disso”, explica a vice-reitora.


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