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Estado de Minas

Igreja que será reformada em Ouro Preto tem problemas de estrutura e cupins

Igreja de Nossa Senhora da Conceição, elevada a santuário pelo papa Bento XVI, é interditada por tempo indeterminado. Celebrações da semana santa são transferidas para outros templos


postado em 15/02/2013 06:00 / atualizado em 15/02/2013 07:08

Para proteger o rico acervo, tapume já separa o altar da nave do templo (abaixo), que deve ter recuperadas inclusive colunas deterioradas do portal de entrada (acima)(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press )
Para proteger o rico acervo, tapume já separa o altar da nave do templo (abaixo), que deve ter recuperadas inclusive colunas deterioradas do portal de entrada (acima) (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press )

 

A Matriz de Nossa Senhora da Conceição, elevada a santuário pelo papa Bento XVI, um dos bens mais valiosos do conjunto arquitetônico de Ouro Preto, está interditada desde segunda-feira, sem prazo para reabertura. A medida foi tomada após vistoria, contratada pela paróquia, ter apontado risco de desabamento de toda a estrutura do forro e do telhado.As celebrações da semana santa serão transferidas a outras paróquias.

A decisão, tomada à revelia do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), foi motivada também pela demora em iniciar o restauro. “Não queremos continuar fazendo apenas intervenções pontuais”, diz o pároco, Luiz Carneiro. O Museu de Aleijadinho, que funciona em anexo da igreja, ficará aberto ao público.

Vistoria, feita em 30 de janeiro, constatou que a estabilidade do telhado está comprometida pela perda de encaixes fundamentais da estrutura. Algumas peças estão deterioradas por fungos e insetos, como cupins. “As cambotas que sustentam o forro em estuque da capela-mor estão apodrecidas”, informa o laudo técnico. As deformações no telhado e no forro provocam “a movimentação de elementos construtivos e artísticos integrados”, como dois anjos na capela mor e os altares laterais.

(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press )
(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press )
O laudo, assinado pela arquiteta Paola de Macedo e pelo engenheiro civil Ney Nolasco Ribeiro, conclui que o estado de conservação da igreja, erguida em 1727 e onde foi sepultado Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, é “muito ruim” e que “qualquer outro deslocamento de peças” pode causar o desmoronamento do forro e do telhado. Além de recomendar a interdição “em caráter de urgência”, o relatório indica a necessidade de execução de “obras emergenciais de escoramento” das estruturas avariadas. O pároco atendeu a primeira recomendação, mas não planeja fazer reparos nas partes danificadas. “Poderíamos corrigir esses problemas, mas, se continuarmos fazendo intervenções pontuais, vamos retardar o restauro completo”, explica.

O padre pediu ao Iphan uma vistoria, mas ordenou o fechamento antes de o laudo ser concluído. A inspeção foi no dia 2 e o parecer deve ser divulgado segunda-feira, segundo o chefe do escritório técnico do Iphan em Ouro Preto, João Carlos Cruz de Oliveira. O órgão aprovou em 2012 um projeto de restauro para a igreja, cuja execução está orçada em R$ 6 milhões, mas não há previsão para as obras. “O Iphan está buscando formas de obter a verba. Ainda não há nada garantido. Temos recursos do governo federal que podemos aplicar em restauros”, diz.

Oliveira chegou a recomendar que o pároco mantivesse o templo aberto. “Falei: 'Padre, segura um pouco para gente tentar fazer isso no governo federal'. Mas ele se precipitou. Não precisava fechar a igreja, sem esperar o parecer do Iphan. Isso dá a sensação de que o Iphan não está fazendo nada. Tudo isso tem que ser feito com paciência”, diz João Carlos.

O religioso, porém, não aguardou. “A igreja precisa passar por uma reforma há mais de 50 anos. A cada dia, ela vai ficando mais danificada”, diz o padre Luiz Carneiro. E acrescenta: “Essa medida ajuda a sensibilizar as pessoas de boa vontade, possíveis patrocinadores e as próprias autoridades”.

Saiba mais

ACERVO PROTEGIDO


Tombada pelo Iphan em 1939, a matriz recebeu título de santuário em 2005 do papa Bento XVI. O templo tem origem em 1699, pelas mãos do bandeirante Antônio Dias, que decidiu construir uma capela. O crescimento da população do arraial de Antônio Dias, que em 1711 passou a fazer parte da recém-criada Vila Rica, exigiu a construção de um novo templo, e assim, em 1727, foi iniciada a edificação da atual matriz de Antônio Dias, cujo projeto é atribuído a Manoel Francisco Lisboa, pai de Aleijadinho. Para especialistas, não é possível fazer uma cronologia do templo, uma vez que foi perdida a maior parte dos seus documentos, inclusive os livros da irmandade.


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