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Estado de Minas

Patrimônio de Pitangui vai do abandono à redenção

Depois de passar por incomum processo de doação, casarão do século 18 que estava prestes a cair em Pitangui é cedido à iniciativa privada e ganha vida nova sob a forma de pousada


postado em 13/02/2013 00:12 / atualizado em 13/02/2013 07:02

Sétima Vila do Ouro de Minas, Pitangui, na Região Centro-Oeste de Minas, já está de olho nas comemorações dos seus 300 anos de história, em 2015. Com o núcleo colonial tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha), a cidade assiste à recuperação de vários prédios que demonstram a beleza e potencial turístico. Um dos exemplos é o Sobrado do Monsenhor, de volta à cena urbana totalmente restaurado, deixando no passado o medo da ruína e do desaparecimento. Depois de quase dois anos de obras e gastos de cerca de R$ 2 milhões, o casarão se transforma em pousada e promete movimentar as artes locais, com exposições, shows e outras atividades. Mas a recuperação só foi possível graças à doação do imóvel do século 18 à iniciativa privada, pela Mitra Diocesana de Divinópolis, antiga proprietária. “Valeu muito a pena termos agido assim, pois, do contrário, o sobrado já teria caído”, reconhece o procurador da mitra, padre Vicente Ferreira de Lima.


Em 2 de agosto de 2007, o Estado de Minas publicou a matéria “Doa-se um casarão”, apresentando a oferta da diocese e, na época, a falta de interessados em ficar com o sobrado para reintegrá-lo à paisagem colonial. “Na época, não tínhamos dinheiro para arcar com a obra de restauro. Felizmente houve acordo no Ministério Público entre as partes, incluindo os mais de 40 herdeiros, e todos acharam melhor fazer a doação. A prefeitura também não fez objeção. Essa iniciativa salvou o patrimônio”, diz o padre Vicente. A partir da divulgação pelo jornal, uma construtora de Belo Horizonte especializada em recuperação de imóveis históricos aceitou a proposta, mas não levou adiante o projeto. Foi então que o direito foi transferido ao empresário José Haroldo de Vasconcelos, natural de Pitangui.

“Em abril de 2011, o presidente do Conselho Municipal do Patrimônio Cultural, Ronan Ivaldo Silva Souza, que faleceu recentemente, me falou sobre a desistência da construtora. O serviço que vi não estava bem feito, mesmo assim paguei à empresa, desfiz algumas partes e contratei novo projeto à Ecop Engenharia ”, conta o proprietário da Pousada Monsenhor Vicente, que manteve o nome do empreendimento em homenagem ao último dono, que morreu em 1962. Ele diz que, no fim das contas, o orçamento ficou quatro vezes maior do que o estipulado inicialmente. “Achei que não seria bom negócio, mas meu marido estava tão entusiasmado, que decidi apoiá-lo”, observa a mulher de José Haroldo, a veterinária Cynthia Tizzo Martins, que divide com o marido a gerência do empreendimento.

Ao lado do casarão, há uma construção, do tipo chalé, que também se encontrava em estado de penúria e foi recuperada. No local, agora funciona uma casa de massas e pizzaria. “Gosto muito de antiguidades. Por isso, procurei ser o mais fiel possível à arquitetura do prédio, comprando os elementos da decoração em cidades como São João del-Rei”, diz José Haroldo. Cyntia adianta que o sobrado tem um varandão ideal para atividades culturais.


MEMÓRIA: Glória e descaso

Desde a morte do monsenhor Vicente, a construção foi escola, comércio, moradia, até ficar praticamente vazia e entrar em decadência. Durante muito tempo, na intenção de vendê-lo, a diocese afixou uma placa sobre o reboco que se desprendia e mostrava o pau a pique. Ao lado, a determinação: “Não viole – Ordem judicial”. Em agosto de 2007, como constatou o EM a situação era crítica e quem passava pela Praça Getúlio Vargas, no Centro de Pitangui, não deixava de notar a construção, que guarda marcas de estilo e requinte da arquitetura colonial. Em sinal claro de abandono, havia infiltrações, intervenções sem cuidado, desabamentos e outros fatores de alto risco. Localizado ao lado da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Pilar, o prédio então pintado de verde e branco ocupava um quarteirão. Temendo o pior – o que incluia não só a ruína de uma das mais importantes edificações da Sétima Vila do Ouro, título conferido a Pitangui em 1715, como também a segurança da população diante de eventual desmoronamento –, o Ministério Público, por intermédio da promotora Adriana Júlia de Souza, firmou termo de ajustamento de conduta com a prefeitura para assegurar obras emergenciais. Mais tarde, o prédio foi doado e agora está recuperado.
 


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