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Estado de Minas

Saiba quando foi o dia em que a bola rolou pela primeira vez no Mineirão

Inauguração do velho Mineirão ocorreu em setembro de 1965, com vitória da Seleção Mineira sobre o River Plate. Cambistas já agiam, cobrando o dobro pelas entradas


postado em 02/02/2013 06:00 / atualizado em 02/02/2013 06:14

A pelota para o começo da partida, cujo único gol foi marcado pelo atleticano Buglê chegou de helicóptero: solenidades tiveram participação do capitão da Seleção de 1962, Bellini(foto: ARQUIVO O CRUZEIRO/EM/D.A PRESS - 5/9/65)
A pelota para o começo da partida, cujo único gol foi marcado pelo atleticano Buglê chegou de helicóptero: solenidades tiveram participação do capitão da Seleção de 1962, Bellini (foto: ARQUIVO O CRUZEIRO/EM/D.A PRESS - 5/9/65)

 

A importância do Mineirão para a ascensão do futebol mineiro na década de 1960 é inquestionável. Os clubes do estado cresceram nacional e mundialmente, conquistando títulos importantes e revelando craques a partir da inauguração do estádio em 5 de setembro de 1965. Amanhã, depois de quase três anos fechado para ampla reforma visando à Copa das Confederações, em junho, e a Copa do Mundo, no ano que vem, o Gigante da Pampulha estará de novo de portões abertos para a torcida mineira.

Diferentemente dessa reinauguração, dividida em duas – em 21 de dezembro, a obra foi oficialmente entregue pela empresa responsável pela remodelação –, em 1965 a festa de inauguração se concentrou num único dia, com extensa programação, incluindo solenidades e o jogo inaugural. Os eventos começaram às 9h, com salva de tiros de sete canhões, em frente ao hall – 15 minutos antes, os últimos operários ainda deixavam o local.

Os portões do estádio, ainda conhecido como “Minas Gerais”, foram abertos às 10h. Segundo o extinto Diário de Minas, o primeiro torcedor a entrar foi Antônio Gomes da Silva, morador da Cidade Industrial. Ele chegou às 6h. Dezoito alunos da Escola de Educação Física e 22 funcionários da Ademg se encarregavam de orientar as pessoas na entrada.

Às 11h, teve início a série de apresentações para entreter o público: evoluções de balizas cariocas e mineiras, exibição de cães amestrados e da banda da Polícia Militar. Às 13h45, houve o descerramento das placas alusivas à inauguração e a bênção, dada pelo arcebispo auxiliar dom João Resende Costa. Em seu discurso, o governador Magalhães Pinto destacou a importância da obra para a cultura do povo mineiro e finalizou com a frase: “Mais uma vez, repito: o estádio é do povo”. Em seguida, houve queima de fogos e show da Esquadrilha da Fumaça. Também estiveram presentes João Havelange, presidente da Confederação Brasileira de Desportos, antecessora da CBF, e Vicente Feola, técnico da Seleção Brasileira.

As equipes entraram em campo ao mesmo tempo: a Seleção Mineira pelo túnel à direita das cabines, e o River Plate pelo da esquerda. Com os jogadores perfilados ao lado do trio de arbitragem, foram executados os hinos nacionais pela banda marcial da Polícia Militar. O zagueiro Bellini, capitão da Seleção Brasileira campeã mundial em 1958, deu uma volta olímpica e acendeu a pira olímpica.

A bola do jogo foi atirada de um helicóptero da Força Aérea Brasileira, num voo rasante, com as duas equipes em campo – os paraquedistas, que trariam a bola e a bandeira da Federação Mineira de Futebol (FMF), não tiveram autorização do Ministério da Aeronáutica. O jogo teve início às 15h30, pouco depois que o governador autorizou a abertura dos portões para a entrada de torcedores sem ingresso.

Houve um minuto de silêncio em homenagem ao pai de Osvaldo Nascimento, funcionário da FMF. A saída foi dada por Tostão, que rolou a bola para Dirceu Lopes. Os capitães foram Bueno, pela Seleção Mineira, e Ramos Delgado, pelo time argentino. Ainda no primeiro tempo, ocorreram as duas primeiras expulsões: o ponta Tião e o armador do River, Sarnari, por causa de uma dividida violenta.

Além de ter sido expulso, o argentino havia desperdiçado a chance de entrar para a história como autor do primeiro gol: ele cobrou para fora um pênalti cometido pelo lateral Canindé, que havia feito um toque de mão dentro da área. A glória ficou com o volante Buglê, do Atlético, que marcou aos 2min do segundo tempo o gol da vitória da Seleção Mineira por 1 a 0 sobre o River Plate.

O governador Magalhães Pinto e o prefeito de Belo Horizonte, Osvaldo Pierucetti, no entanto, não viram o lance: eles haviam saído no intervalo. Também entre a primeira e a segunda etapa foi inaugurada a pista de atletismo, com uma prova de 1.500m, vencida pelo atleta Ronaldo, do Atlético.

Problemas

O transporte coletivo, com 130 ônibus, não foi suficiente para levar os torcedores de volta para casa. Milhares de pessoas voltaram a pé para o Centro da cidade, “formando verdadeira procissão na Avenida Antônio Carlos”, segundo o Estado de Minas. Cambistas também já eram um problema naquela época. O ingresso de arquibancada, que custava Cr$ 1 mil, era vendido a Cr$ 2 mil na região central e a Cr$ 1,5mil nas imediações do Mineirão.

A renda divulgada naquele domingo (Cr$ 82.792.625,00, com 73.201 pagantes) ficou registrada como a oficial, mas, segundo o EM do dia 7, faltava computar a venda nos postos da Loteria do Estado no interior, referente a 3 mil arquibancadas e 50 cadeiras (a Cr$ 4 mil).

Nos dias seguintes, foram disputados outros jogos festivos. Na terça-feira, dia 7, o Palmeiras, representando a Seleção Brasileira, derrotou o Uruguai por 3 a 0. Na preliminar, o América estreou com goleada por 5 a 2 sobre o Uberaba. No dia 12, a atração foi o Botafogo, de Garrincha, que bateu a Seleção Mineira por 3 a 2. Antes, o Atlético venceu o Siderúrgica por 2 a 1. Na quarta-feira seguinte, foram disputadas as primeiras partidas noturnas: a Seleção Mineira ganhou do Santos por 2 a 1, depois de Cruzeiro e Villa Nova estrearem, com vitória celeste por 3 a 1.


Enquanto isso, guerra e épicos
Outros assuntos ganharam destaque no Estado de Minas nos dias próximos à inauguração do Mineirão. Na política, as manchetes eram sobre a impugnação pelo Tribunal Superior Eleitoral à candidatura de Sebastião Paes de Almeida (PSD) ao governo de Minas Gerais, por abuso de poder econômico, e do marechal Teixeira Lott ao governo da Guanabara, por falta de domicílio eleitoral.

Também foi anunciado, em tempos de Guerra Fria, um acordo entre os exércitos do Brasil e da Argentina para combater conjuntamente o comunismo, que ameaçava tomar o poder no Uruguai. Ainda no noticiário internacional, outro destaque era a declaração de guerra do Paquistão à Índia, por causa do território da Caxemira, conflito que ficou conhecido como Segunda Guerra da Caxemira.

Na área cultural, houve, no dia 4, a abertura do Museu Regional Dona Beja, em Araxá. Os cinemas da capital exibiam, entre outros, A Noviça Rebelde, com Julie Andrews; O Príncipe e a Parisiense, com Brigitte Bardot; o épico A Conquista do Oeste; e ainda o festival Tom e Jerry, nas matinês do domingo no Cine Jacques.
Nas páginas de Esportes, além da inauguração do Mineirão, notícias sobre a apresentação, no dia 6, de Mário Celso de Abreu, que treinava a Seleção Mineira, como novo técnico do Atlético. E a conquista da Taça Guanabara pelo Vasco, com vitória por 2 a 0 sobre o Botafogo.



Linha do tempo...

Julho/1959
Início das obras, com os serviços de terraplanagem do terreno.

12/8/1959
Aprovado projeto de lei do deputado Jorge Carone Filho, que viabilizava a construção do estádio com verbas da Loteria do Estado.

5/9/1965
Inauguração do estádio, com solenidades e o jogo Seleção Mineira 1 x 0 River Plate.

24/10/1965
Disputado o primeiro clássico no Mineirão. O Cruzeiro venceu por 1 a 0 e houve briga dos jogadores do Atlético com a arbitragem e a polícia.

11/1/1966
Aprovada lei que deu nome oficial ao estádio de Governador Magalhães Pinto.

6/6/2010
Último jogo antes do fechamento para a reforma: Atlético 0 x 1 Ceará, pelo Campeonato Brasileiro

21/12/2012
Solenidade de entrega do estádio, totalmente reformado para a Copa das Confederações e Copa do Mundo

3/2/2013
Inauguração oficial, com o clássico Cruzeiro x Atlético, pelo Campeonato Mineiro.

 


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