A publicação na edição de ontem do Diário Oficial do Município (DOM) da Lei 10.610, que trata do combate às pragas e insetos, não estava inserida no Código de Posturas da capital, reeditado há três anos. De acordo com a Secretaria Municipal de Regulação Urbana, essa prática não estava expressa no texto. Dessa forma, houve um acréscimo – artigo 29-B – ao capítulo II do título II da Lei 8.616/03, de 14 de julho de 2003. Por ela, “no caso de árvores que estejam em risco de queda devido à ação de pragas e insetos, o Executivo obriga-se a proceder ao seu isolamento, para evitar danos materiais e a resguardar a segurança dos munícipes”. As determinações são originárias do Projeto de Lei 1.631/11, do então vereador Alberto Rodrigues (PV)
Atitude
Com olhos, determinação e atitude de defensor da natureza, o zelador Edilson Dias retirou os pedaços de cimento em volta do tronco da árvore em frente ao prédio no qual trabalha, deixando as raízes expostas. “Vou manter este lugar como sempre esteve, com terra e um pouco de grama”, afirmou. Segundo Edilson, há mais de um mês uma equipe, que ele acredita ser da prefeitura, esteve no local e explicou que o espaço em torno da árvore teria que ser coberto, a fim de evitar água empoçada e proliferação do mosquito da dengue. Pouco tempo depois, no entanto, uma nova equipe passou pela rua e avisou que o cimento teria que ser retirado, por estar prejudicando o meio ambiente. “Ficamos sem entender nada, pois não fomos nós, do prédio, que cobrimos as raízes com o material. Desse jeito, o melhor é tirar isso logo”, disse o zelador. A foto da árvore sufocada foi publicada na edição de ontem do EM, e causou revolta nas redes sociais.
Na Rua Inconfidentes, a advogada Izabela Guimarães apoiou a decisão do zelador, e Cláudia Ruela, moradora de um prédio, considerou “absurdo” cimentar as raízes. A Regional Centro-Sul informou que a prefeitura não foi responsável por esse serviço e que a ordem é manter “o quadrado ecológico” no entorno da base do tronco. A questão será avaliada por técnicos da Gerência de Fiscalização Integrada, que visitarão o local para tomar as medidas cabíveis.
Em outras regiões da cidade impera também o desrespeito. Na esquina das ruas Ouro Preto e Aimorés, no Bairro Barro Preto, na Centro-Sul, há uma árvore na mesma situação. Além disso, a base do tronco dela é usada como banheiro. “É horrível passar aqui e ver sujeira e o cimento cobrindo as raízes”, disse a auxiliar jurídica de uma construtora Renata Alves. Perto dali, uma árvores convive com entulho e lixo.
Cimentar a base de uma árvore é uma atitude criminosa, segundo o professor de Departamento de Botânica da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) João Renato Stehmann. “É preciso deixar uma área permeável ao redor do tronco, para não impedir que a água da chuva entre no solo. O recomendável é deixar um pequeno quadrado, seguindo as técnicas de plantio. Não agir assim é deplorável”, afirmou o professor.
Repercussão leitores comentam no em.com.br
Em vez de só falar, vamos agir como podemos. Entrem no site da PBH, na aba "Fale Conosco" e depois SACWEB. Pode-se fazer denúncia anônima ou não sobre as mais diversas situações. Já usei várias vezes e deu certo em quase 100% dos casos. Vamos todos fiscalizar o nosso patrimônio público.
Luiz Neves
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Na Rua Gonçalves Dias, no Bairro de Lourdes, do lado do Super Nosso, os moradores conseguiram tirar o cimento de uma árvore que
estava agonizando.
Luiza Lu
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É simplesmente vergonhoso! É comum andarmos pelas ruas assistindo a todo tipo de agressão ao meio em que vivemos (pessoas jogando lixo pelas janelas dos automóveis etc. e tal). Penso que essa geração vai melhorar somente se for reinventada. As escolas têm que agir urgentemente na educação das próximas.
Wagner Damasceno
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Não é à toa que tantas árvores caem durante as chuvas em BH. Isso é uma falta de respeito.
Dayane Machado
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BH agoniza com a barreira de prédios do Belvedere e com o sumiço de árvores de suas ruas.
Matheus Cherem
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É por isso que as árvores apodrecem e caem. Elas não conseguem absorver água porque suas raízes ficam impermeabilizadas por asfalto e concreto.
Alexandre Lopes