Leandro Couri
A água límpida que corria pelo bosque escureceu com a poluição por esgoto, lixo e detritos de construção. Moradores do Vale do Sereno, em Nova Lima, na Grande BH, denunciam o que consideram descaso das autoridades e da prefeitura na fiscalização do Córrego Estrangulados, um dos afluentes do Rio das Velhas, manancial responsável por abastecer 70% da capital mineira. Enquanto a comunidade denuncia a contaminação, Copasa e município divergem sobre de quem seria a responsabilidade pelo problema.
Na manhã de ontem, o curso d'água, que tem aparência cristalina, amanheceu vermelho, sugerindo mais um despejo de materiais de construção de empreendimentos vizinhos. Moradores da região como a empresária Luciana Braga afirmam que as agressões ao córrego são frequentes. Ela mesma diz já ter denunciado as descargas de poluentes no leito. “Passo por aqui todos os dias, há cinco anos, e de uns tempos para cá está sendo difícil ver este córrego limpo”, disse.
O Córrego Estrangulados deságua diretamente no Córrego dos Cristais que, por sua vez, é afluente do Córrego dos Macacos, grande tributário do Rio das Velhas na sua porção alta. A Prefeitura de Nova Lima informou que seu Setor de Fiscalização Ambiental faz vistorias recorrentes no local, e confirma já ter emitido autos de infração e solicitado providências para a Copasa, “a fim de cessar o dano ambiental”. “Atualmente, os processos se encontram em avaliação da Comissão Técnica de Análise de Processos Administrativos”, acrescentou.
Já a Copasa sustenta que a poluição no córrego Estrangulados não é de responsabilidade da empresa. “A companhia esclarece que, após técnicos da empresa percorrerem a região, foi detectado que o problema no local é oriundo da galeria pluvial (de águas de chuva).”