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Estado de Minas

PMs acusados de estuprar jovem grávida são condenados sem direito a recorrer em liberdade

Em busca de drogas para consumo próprio, cabo e soldado lotados em um batalhão de Contagem cometeram uma série de crimes contra a jovem, o namorado dela e dois amigos


postado em 13/12/2012 19:23 / atualizado em 13/12/2012 21:38

A Justiça Militar condenou dois policiais militares acusados de estuprar uma jovem grávida e agredir o namorado dela e dois amigos numa madrugada de maio deste ano em Contagem, na Grande BH. O cabo Alex Sandro Bonuti, de 41 anos, foi condenado a 6 anos, 11 meses e 7 dias de reclusão, enquanto o soldado Wagner Gonçalves dos Santos Júnior, de 26 anos, teve a pena estabelecida em 4 anos, 3 meses e 18 dias. A sentença foi dada pelo juiz titular da 1ª Auditoria Marcelo Adriano Menacho dos Anjos, que negou recurso da defesa dos militares para que eles recorressem da decisão em liberdade.

Os dois policiais militares são lotados no 39º Batalhão da Polícia Militar, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte . Durante a fase processual eles foram presos preventivamente por duas vezes, mas conseguiram reverter a situação e aguardar o julgamento em liberdade. No entanto, ao analisar o pedido da defesa dos dois acusados, o juiz negou a eles o direito de recorrer da sentença em liberdade.

Para o magistrado, a liberdade dos dois policiais deixa as vítimas do crime em risco. “É correto afirmar que, se ao longo da instrução do feito havia risco ou propriamente um perigo fundado à segurança das vítimas e testemunhas, este risco ou perigo aumenta consideravelmente com a condenação”, argumentou o magistrado ao negar a liberdade dos militares enquanto lhes é permitido recorrer da sentença.

O julgamento do caso ocorreu nessa quarta-feira e a sentença será proferida pelo juiz nesta sexta-feira, em audiência de leitura marcada para as 14h30. O cabo Alex Sandro Bonuti foi condenado por ter estuprado uma jovem de 18 anos, que estava com dois meses de gestação, e o soldado Wagner Gonçalves dos Santos Júnior por ter acobertado o crime praticado pelo companheiro de trabalho. Além disso, ambos terão de cumpri pena por constrangimento ilegal e por terem ameaçado as vítimas, caso os denunciasse. O promotor de Justiça Carlos Alberto Silveira Isoldi Filho, que ofereceu a denúncia contra os dois acusados, disse que irá recorrer da decisão, pois esperava uma condenação maior.

Relembre o caso

O crime ocorreu entre a noite de 22 de maio deste ano e a madrugada de 23. Conforme denúncia do Ministério Público, o cabo e o soldado estavam em serviço, devidamente fardados, e invadiram uma casa no Bairro Santa Cruz Industrial em busca de drogas para uso pessoal. Para conseguir os entorpecentes, eles cometeram uma série de crimes contra os ocupantes do imóvel.

A vítima de maior agressão foi uma jovem de 18 anos, grávida de dois meses, que estava acompanhada pelo namorado e amigos. O casal foi levado pelos policiais para um quarto da casa, onde foram obrigados a tirar as roupas para serem revistados. Depois de ser autorizada a se vestir novamente, a jovem foi para outro quarto e foi seguida pelo cabo Alex Sandro. Na presença do namorado da jovem, o cabo a estuprou mediante uma sessão de tortura que contou com choque elétrico e pauladas.

O namorado tentou impedir o estupro, mas acabou sendo espancado pelo soldado Wagner Gonçalves, que o atacou no pescoço, lhe aplicou choques elétricos e lhe deu várias pancadas com um pedaço de madeira. Os dois amigos do casal que estavam no imóvel também foram agredidos fisicamente, algemados, colocados dentro da viatura policial e ameaçados de morte. Em seguida, cada um dos dois foi abandonado pela dupla de policiais em locais distintos de Contagem.

Embora sob ameaça e severamente abalada por causa da sessão de tortura, a jovem não hesitou em denunciar os seus algozes. Ela procurou a Polícia Militar para denunciar o caso. Após identificar contradições nos depoimentos dos dois militares e constatar que eles, de fato, haviam comparecido no endereço da vítima naquela noite, a corporação garantiu que investigaria o caso com transparência.

No início das investigações, o soldado Wagner chegou a ser autuado por porte de drogas e posse de munição ilegal. Durante cumprimento de mandado de busca e apreensão na casa do militar foram apreendidas sete cápsulas calibre 40, de uso restrito das Forças Armadas, e outras três calibre 32, além de uma porção de maconha e uma pedra de crack. O policial admitiu ser usuário de drogas.

Mais PMs envolvidos em estupros


Pelo menos outros dois policiais militares são investigados por crime sexual em Belo Horizonte e Região. Preso desde março em uma cela individual no 18º Batalhão de Contagem, o sargento Alexander Lourenço da Silva foi denunciado pelo Ministério Público, com base em investigação da Corregedoria da PM, por ter estuprado pelo menos sete mulheres. O policial era integrante da orquestra da PM e entre suas vítimas estão familiares de colegas de trabalho.

Já em setembro, outro policial lotado no 39º Batalhão foi preso suspeita de estuprar uma jovem de 22 anos. O cabo Antônio Mendes Moura foi preso em flagrante depois que a vítima apresentou queixa contra ele na corregedoria da PM. Ela afirmou que ele a extorquia e abusa sexualmente.


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