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Estado de Minas

Equipes da SLU encontram concreto, gordura e plástico nos bueiros

Equipes passam o dia removendo o lixo que a irresponsabilidade de muitos jogou na rede. Em algumas vias, detritos obstruem mais de 34% das bocas de lobo


postado em 02/12/2012 00:12 / atualizado em 02/12/2012 07:25

Garis removem o lixo na Rua dos Otoni, enquanto operários de uma construtora despejam lama e concreto na galeria(foto: Jair Amaral/EM/D.A Pres)
Garis removem o lixo na Rua dos Otoni, enquanto operários de uma construtora despejam lama e concreto na galeria (foto: Jair Amaral/EM/D.A Pres)

Bastaram 10 minutos de chuva intensa para a Rua dos Otoni, em Santa Efigênia, Região Leste de BH, ser alagada por um rio de barro vermelho de um metro e meio de altura. Por causa da água, as ambulâncias de um hospital não puderam deixar a garagem. O transtorno, no dia 15, se repete a toda tempestade. “A gente fica sem poder prestar socorro, porque as bocas de lobo vivem entupidas e não dão vazão à água. Não é só lixo que entope. Pior são as construtoras, que despejam concreto nas grelhas”, reclama o motorista de ambulância Djalma de Melo Franco Júnior, de 37 anos. Em dois dias acompanhando a equipe de desobstrução de drenagem da Superintendência de Limpeza Urbana (SLU), a reportagem do EM constatou que bocas de lobo da cidade são sistematicamente bloqueadas por ações premeditadas de donos de construtoras, restaurantes e lanchonetes. Sem se importar com a ameaça de inundações, os infratores atiram os restos que produzem nos canais feitos para receber a água das chuvas. Fazem isso alheios à fiscalização da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), cuja ação é aquém do ideal.

A água das chuvas empossada na obra de um edifício na Rua dos Otoni formava um lago de lama e atrapalhava a operação das máquinas pesadas. A solução encontrada pelos trabalhadores para drenar o obstáculo mostra como é pequena a preocupação do setor com o que ocorre fora dos tapumes. Simplesmente instalaram um cano por baixo do passeio e o direcionaram para a canaleta que leva à boca de lobo da rua. Pela tubulação e pelo passeio a lama espessa começou a escoar diretamente para a drenagem, se depositando ao fundo do reservatório subterrâneo. “Isso ocorre direto. As construtoras despejam concreto, lama, areia, cimento, pedras. Assim, entopem as bocas de lobo e às vezes até a drenagem mais profunda. Tem vez que a gente precisa de martelo e de formão para quebrar as crostas”, conta o líder do grupo de garis da SLU Josias de Almeida Nogueira, de 33 anos.

No Centro da cidade o que entope as galerias são sacos de lixo com litros de gordura, óleo usado e restos de alimentos. À noite, os donos e funcionários de bares, lanchonetes e restaurantes arrombam as grelhas de metal ou de concreto e amontoam as embalagens no fundo. Na esquina da Avenida Santos Dumont com a Rua São Paulo, os garis removeram dezenas de sacolas da drenagem que estava entupida. “Não tem 10 dias que limpamos essa boca de lobo. Os sacos acumulados não deixam a água passar. Quando vazam, se misturam com a terra, areia e pó de asfalto e viram uma massa que obstrui a drenagem”, conta Josias.

ESCOAMENTO PREJUDICADO  É certo que desde os temporais de 2008 e 2009, quando cinco pessoas morreram na capital mineira, apenas 15 das 40 obras de drenagem necessárias para evitar inundações foram concluídas, como mostrou o EM, no dia 21. Mas situações fora dessas áreas poderiam ser evitadas se menos lixo e detritos fossem lançados na rede de drenagem. Na quinta-feira a reportagem percorreu as avenidas Cristiano Machado, Bernardo Vasconcelos, Silviano Brandão e Francisco Sá, quatro das vias onde ocorrem alagamentos frequentes, e constatou que boa parte das bocas de lobo não operaria a plena capacidade em caso de chuvas fortes por causa de lixo e detritos descartados em seu interior. Das 273 bocas de lobo vistoriadas ao longo de 3,2 quilômetros de trechos críticos, 79 (29%) não estavam em condições totais de receber o escoamento da água das chuvas. Dessas, 52 (66%) estavam parcialmente preenchidas, 15 (19%) entupidas, sete (8,7%)  cheias e cinco (6,3%) tinham as grelhas bloqueadas por papelões, pedras, barro, borrachas e outros materiais que impedem o escoamento da água.

A via mais prejudicada segundo o levantamento foi a Bernardo Vasconcelos, onde 34,3% das bocas de lobo não estavam em plenas condições de drenagem. A avenida é a segunda com mais pontos de entulho que podem ser levados para dentro das galerias pelas chuvas. Foram encontrados seis pontos ao longo de um quilômetro, numa razão de um monte de detritos, lixo, poda, roupas, peças e embalagens a cada 167 metros. A campeã de bota-foras clandestinos foi a Silviano Brandão, com quatro em 600 metros, ou um a cada 150 metros. 


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