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Estado de Minas

Moradores de BH reclamam de buracos até em regiões campeãs de obras

Ruas destruídas e sem solução desesperam comunidades. Áreas mais povoadas são menos assistidas.


postado em 13/08/2012 06:57 / atualizado em 13/08/2012 07:31

Aqui passam veículos pesados, caminhões. O tráfego é intenso. Essas falhas trazem risco aos moradores - José Maria de Souza, presidente da Associação Comunitária do Bairro Garças, reclamando das más condições da Avenida Francisco Negrão de Lima(foto: Cristina Horta/EM/D.A Press)
Aqui passam veículos pesados, caminhões. O tráfego é intenso. Essas falhas trazem risco aos moradores - José Maria de Souza, presidente da Associação Comunitária do Bairro Garças, reclamando das más condições da Avenida Francisco Negrão de Lima (foto: Cristina Horta/EM/D.A Press)


Em 2012, a prefeitura de Belo Horizonte deve investir R$ 70 milhões em obras de recapeamento, segundo a Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap). A quantia corresponde a 78% do que foi gasto nos últimos quatro anos: R$ 90 milhões. A oferta de asfalto aumentou bastante, mas muitos moradores reclamam que enquanto ruas próximas são recauchutadas, as deles continuam deterioradas. Associações de bairro consideram que regiões da capital têm sido privilegiadas em detrimento de outras.

Neste ano, até agora, foram recapeadas 206 vias, em toda sua extensão ou parcialmente, o que equivale a 126.101 metros, segundo números da Sudecap. O ranking de regiões é liderado pela Centro-Sul, com 43,4 mil metros, 34,41% do total, e cinco dos dez bairros mais beneficiados. As três regiões mais densamente povoadas, Venda Nova (9.261 habitantes por quilômetro quadrado), Noroeste (8.967) e Oeste (8.849), têm 23,31% do total restaurado. A última colocada é o Barreiro, com 5,9 mil metros (4,63%), apesar de ser a quarta mais populosa da capital, com 282,5 mil moradores, de acordo com o Censo 2010 do IBGE.

Na líder Centro-Sul, muitos moradores se sentem preteridos. Um deles é o empresário Leonardo Gomes, de 42 anos. A Rua Cristina, onde ele mora, no Bairro Sion, não foi recapeada, mas é vizinha de duas ruas beneficiadas, Caratinga (485 metros restaurados) e Dom Vital (410 metros). “Não entendo por que estamos excluídos”, diz. Em trechos asfaltados da Cristina — algumas partes da via são revestidas com calçamento de pedra poliédrico —, o piso está despedaçado e esburacado.

“A (rua) Cristina está muito irregular, há placas soltas de asfalto. A prefeitura faz emendas, mas, depois de um tempo, fica ruim de novo”, queixa-se Leonardo. Além de aumentar o risco de acidentes, o estado da via é “desconfortável”, considera. “Eu gostaria que minha rua fosse mais apresentável, não só para mim, mas também para pessoas que vêm me visitar. Parece uma estrada de terra. A gente paga imposto e quer que nossa rua seja bem cuidada”, afirma.

A Secretaria da Regional Centro-Sul disse, por meio de sua assessoria de imprensa, que não solicitou à Sudecap o recapeamento da Rua Cristina porque a maior parte dela é revestida com pedra. Por meio de nota oficial, a Sudecap informa que as obras de recapeamento “obedecem a lista de prioridades determinada em comum acordo com as regionais e BHTrans”. A esses dois órgãos cabe fazer vistorias preliminares, “indicando as ruas em pior estado ou de grande fluxo de circulação de veículos”, continua a nota. Depois, a Sudecap faz outra vistoria técnica, analisando as condições do pavimento, o tipo de calçamento, o sistema de drenagem e a classificação da via, que pode ser arterial, coletora ou local.

Ajuda de político

Para pedir o recapeamento, o morador deve entrar em contato com a administração de sua regional ou cadastrar a solicitação no serviço de atendimento ao cidadão oferecido no portal de informações e serviços do site da prefeitura da capital (www.portaldeservicos.pbh.gov.br). Na tentativa de convencer a regional, há quem recorra à ajuda de políticos. Foi o caso da Associação dos Moradores do Bairro Belvedere, Região Centro-Sul de BH, que, para conseguir o recapeamento da Avenida Celso Porfírio Machado (1.227 metros recuperados em 2012) e da Rua Paulo Camilo Pena (800 metros), contou com o “empurrão” de um vereador. É o que relata o presidente da associação, Ricardo Jeha: “Geralmente, a gente pede ajuda a ele. Ele entende de política, eu não sou político”.

Na disputa pelo asfalto, o Belvedere foi o quarto bairro mais beneficiado. Mesmo assim, Ricardo diz que recebe reclamações de muitos moradores insatisfeitos. “Tem rua que foi asfaltada há mais de 30 anos e nunca foi restaurada. Estão em péssimo estado, cheias de buraco, o asfalto todo irregular, erodido, soltando um monte de brita”, aponta, mencionado algumas das vias necessitadas, como a Cândido Gonzalez, a José Negrão de Lima e a Fábio Maldonado.

A Região da Pampulha, que teve 7.574 metros de rua restaurados, foi “desprivilegiada” pela prefeitura, na avaliação do empresário José Maria de Souza, presidente da Associação Comunitária do Bairro Garças, onde mora. Na Avenida Francisco Negrão de Lima, ele se agacha em uma margem da pista e apanha com a mão pedaços do asfalto danificado, na altura do número 1.547. Também aponta os vários buracos. “Aqui passam veículos pesados, caminhões. O tráfego é intenso. Essas falhas trazem risco aos moradores”, constata. Segundo José Maria, a associação pede o recapeamento da avenida desde 2001. “Toda semana a gente reclama na regional”, diz. Ele cita outros exemplos de ruas deterioradas, como a Tito Lívio de Oliveira Duque e a Jornalista João Augusto.

Segundo o secretário da Regional Pampulha, Humberto Pereira, a recuperação da Avenida Francisco Negrão de Lima deve começar em 2013. O projeto de urbanização está sendo elaborado pela Sudecap e deve consumir quase R$ 6 milhões, informa. “Temos que fazer obras de drenagem fluvial, iluminação, canteiro central, etc. Não adianta fazer apenas o recapeamento”, explica. A Pampulha deve ter mais dez ruas recapeadas até o final do ano. “Dentro das demandas que encaminhamos, estamos sendo atendidos. Privilegiamos corredores de ônibus”, ressalta o secretário. Ele não acredita que a Pampulha venha sendo preterida. “A Centro-Sul é a área nobre da cidade. O tráfego de veículos é maior e o pavimento, mais antigo”, alega.

No Bairro Sion, a Rua Cristina tem muitos problemas enquanto as vias vizinhas Dom Vital e Caratinga estão novas em folha(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
No Bairro Sion, a Rua Cristina tem muitos problemas enquanto as vias vizinhas Dom Vital e Caratinga estão novas em folha (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)


Tapa-buracos

A Prefeitura de Belo Horizonte oferece o serviço de tapa-buracos, executado pelas administrações regionais. Para solicitá-lo, o cidadão deve ligar para o número 156 ou entrar em contrato com a secretaria da regional onde se localiza a rua. Após a identificação do local, a prefeitura tem prazo de cinco dias para iniciar os serviços. Na operação, o buraco a ser tapado é limpo, o asfalto é depositado dentro dele e, por fim, uma máquina compressora passa sobre a área para fixar o material.

>> Ranking DO RECAPEAMENTO

Obras realizadas este anoaté 10 de agosto

Regiões

1)Centro-Sul: 43.397 metros
2) Leste: 14.268 metros
3) Nordeste: 13.411 metros
4) Noroeste: 13.065 metros
5) Norte: 12.211 metros
6) Venda Nova: 9.159 metros
7) Pampulha: 7.574 metros
8) Oeste: 7.177 metros
9) Barreiro: 5.839 metros

Bairros CAMPEÕES


1) Sagrada Família: 7.875 metros
(Leste)
2) Centro: 6.776 metros
(Centro-Sul)
3) Jaqueline: 5.431 metros
(Norte)
4) Belvedere: 5.100 metros
(Centro-Sul)
5) Lourdes : 4.284 metros
(Centro-Sul)
6) Santa Efigênia: 4.130 metros
(Centro-Sul)
7) Santo Agostinho: 3.690 metros
(Centro-Sul)
8) Santa Mônica : 2.970 metros
(Venda Nova)
9) Aparecida: 2.750 metros
(Noroeste)
10) Santa Terezinha: 2.433 metros (Pampulha)


23,31%
é o percentual de restauração das três regiões mais habitadas da capital


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