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Estado de Minas

Apuração de morte no Peru a passos lentos


postado em 06/05/2012 08:21 / atualizado em 06/05/2012 08:22

No Peru, as investigações andam em ritmo lento. Depois de três prorrogações, um prazo extra de oito meses foi concedido para conclusão do inquérito. Por telefone, a promotora provincial de Cumba, Mariela Gurreonero, justificou a demora pela complexidade do caso e pelo local onde ocorreu o incidente.

Citou também algumas “limitações”. Segundo ela, o Ministério Público local aguarda até hoje a tradução do português para o espanhol de laudos feitos pelo Instituto Médico-Legal de Belo Horizonte. O documento foi divulgado em setembro do ano passado e confirmou que Mário Bittencourt não morreu de causas naturais.

Contudo, segundo Fátima Bittencourt, viúva de Mário Augusto Bittencourt, o laudo foi enviado ao Peru em outubro com a tradução juramentada (oficial) do português para o espanhol para que a embaixada do Brasil no Peru o encaminhasse ao Ministério Público. Em seis de março, a viúva mandou um e-mail à embaixada solicitando o envio do documento para a Fiscalía.

“Respeito a ansiedade e a dor das famílias, mas não posso concordar com a afirmação de que nada está sendo feito para apurar o crime”, afirma Marise Nogueira, chefe do setor consular da embaixada do Brasil em Lima. Ela defende que, se não fosse por intervenção da embaixada brasileira, o caso já teria sido arquivado.

SEM SUSPEITOS Embora no ano passado Gurreonero tenha indiciado como suspeitos do homicídio os peruanos Juan Zorrilla Bravo e Jesús Sánchez, a promotora diz agora não dispor de elementos que indiquem que os dois brasileiros morreram em ação praticada por terceiros. “A investigação indica possível morte súbita.” Juan Bravo é um líder comunitário que já participou de manifestações contra hidrelétricas na região.

Em uma delas, funcionários da empresa que faz estudos sobre hidrelétrica foram expulsos de uma cidade próxima à zona na qual os brasileiros morreram. Sánchez, amigo de Zorrilla e dono de uma cabana no início da estrada, ofereceu água ao grupo no começo da caminhada. Pelo menos Mário Bittencourt, apontam os depoimentos, tomou imediatamente sua água.


Entenda o caso
>> 25 de julho: O trabalho de campo em Jaen (foto) começou cedo. A dupla brasileira, um engenheiro e um geólogo peruanos caminharam por uma estrada por cerca de duas horas e meia. Segundo o depoimento dos peruanos, Bittencourt sentiu dor no joelho e se sentou à beira da estrada. Guedes e os colegas seguiram por um trecho e quando voltaram, meia hora depois, o engenheiro mineiro já não estava mais lá. Guedes, então, decidiu esperar no local pelos peruanos, que tentaram acesso por outra trilha para chegar ao Rio Marañon. Os peruanos contaram à polícia que retornaram uma hora depois e Guedes também não estava no local. Eles pensaram que os dois brasileiros haviam retornado para o carro, onde o motorista os aguardava. De acordo com o inquérito peruano, os funcionários da SZ Engenharia só perceberam o desaparecimento quando um outro colega levou água aos pesquisadores e comentou que não havia cruzado com os brasileiros na estrada.

>> 27 de julho: Os dois corpos foram encontrados pela polícia peruana a 100 metros da estrada principal. A distância entre os dois era de 200 metros. Nada foi roubado e não havia marcas de violência, segundo a polícia. Dois camponeses são investigados pela morte de Bittencourt e Guedes. Um deles, Juan Zorrilla Bravo, é líder comunitário e participou de manifestações contra usinas hidrelétricas. Ele teria atrapalhado as equipes de busca, conforme depoimento dos peruanos. O outro, Jésus Sanchéz, teria oferecido água aos brasileiros no início da caminhada. A pedido das famílias, amostras foram trazidas para ser analisadas no Brasil. Autoridades peruanas fizeram a reconstituição do crime com a participação de Zorrilla. Os acusados negam envolvimento nas mortes.

>>31 de agosto: O Instituto Médico-Legal (IML) de Brasília divulgou que as análises histopatológicas e do exame toxicológico não detectaram nenhum tipo de veneno para os padrões e dosagens pesquisados. Os testes foram feitos com pelo menos 10 tipos de veneno mais frequentes em casos de assassinato.

>>1º de setembro: O Instituto Médico-Legal (IML) de Belo Horizonte confirmou que o engenheiro mineiro não morreu de causas naturais. Exames minuciosos não são conclusivos para análises toxicológicas. Peritos analisaram 816 substâncias e não encontraram elementos comuns em envenenamentos, como medicamentos, estricnina, cianureto ou arsênico. Venenos de ervas, répteis e anfíbios não puderam ser detectados porque se desintegraram com o corpo. Nenhuma mordida de cobra foi identificada. Segundo o IML, duas hipóteses não puderam ser descartadas: a de envenenamento por substâncias orgânicas e de sufocamento.
l 16 de setembro: Os testes laboratoriais feitos em Lima tiveram resultado inconclusivo. Os exames de sangue tiveram resultados negativos para as substâncias investigadas, assim como as amostras de tecidos estudados porque as células já estavam em decomposição. Um advogado contratado pela Leme Engenharia enviou as roupas das vítimas para perícia particular que apontou sangue e vômito, indícios de envenenamento.

>>4 de dezembro: Inquérito deveria ser concluído nesta data, mas ´e prorrogado para 12 de janeiro

>>12 de janeiro: Conclusão do inquérito é prorrogada mais uma vez, para 18 de fevereiro.

>>2 de fevereiro: Familiares pedem a quebra do sigilo telefônico dos pesquisadores peruanos José Antonio Suazo Bellaci e Fausto Liñan Turriata, que acompanharam os brasileiros na caminhada. Os dois trabalham na SZ, empresa peruana contratada pela Leme Engenharia para dar suporte a Guedes e Bittencourt. Para familiares dos brasileiros, os telefonemas feitos com o celular corporativo depois da morte dos brasileiros reforçam a suspeita sobre os peruanos.


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